segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O Grito dos perseguidos

“No início de um Ano Novo, desejo fazer chegar a todos e a cada um os meus votos: votos de serenidade e prosperidade, mas sobretudo, votos de paz. Infelizmente também o ano que encerra as portas esteve marcado pela perseguição, pela discriminação, por terríveis atos de violência e de intolerância religiosa.



Penso, em particular, na amada terra do Iraque, que, no seu caminho para a desejada estabilidade e reconciliação, continua a ser cenário de violências e atentados”.



Assim começa a Mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial da Paz 2011, dedicada ao tema da liberdade religiosa, e apresentada na última quinta-feira, dia 16 de dezembro, no Vaticano. O 44ª Dia Mundial da Paz, será celebrado no próximo dia 1º de Janeiro.



A Mensagem do Papa foi lançada em um contexto de episódios recorrentes de negação do direito universal à liberdade religiosa, situações que obscurecem a verdade da pessoa humana, desprezam a dignidade das pessoas, comprometem o respeito pelos outros e ameaçam, definitivamente, a paz do mundo, destacou o Cardeal Turkson na apresentação do texto.



Há muitas áreas do mundo em que persistem formas de limitação à liberdade religiosa, seja onde as comunidades de fiéis são uma minoria, seja onde essas comunidades não o são. Nesse sentido, devemos chamar a atenção para formas mais sofisticadas de discriminação e marginalização, seja no plano cultural seja na participação da vida pública e política.



No mundo se registram diversas formas de limitação ou negação da liberdade religiosa, de discriminação e marginalização baseadas na religião. Estes fenômenos levam à “perseguição e à violência contra as minorias religiosas”. O tema da perseguição religiosa já fora evidenciado por Bento XVI no seu discurso à Assembleia-geral das Nações Unidas, em abril de 2008, quando o Papa afirmou que “os direitos humanos devem incluir o direito de liberdade religiosa, compreendido como expressão de uma dimensão que é ao mesmo tempo individual e comunitária, uma visão que manifesta a unidade da pessoa, mesmo distinguindo claramente entre a dimensão de cidadão e a de fiel”.



É inconcebível que aquele que crê tenha de suprimir uma parte de si mesmo - a sua fé - para ser um cidadão ativo. Jamais deveria ser necessário renegar Deus para poder gozar dos próprios direitos. O ser humano não pode ser fragmentado, por causa daquilo em que acredita, porque aquilo tem impacto sobre a sua vida e a sua pessoa.



Em sua mensagem para o Dia Mundial da Paz 2011, o Papa chama a atenção para a situação dos cristãos em algumas partes do mundo, bem como para as “hostilidades encobertas” nas sociedades ocidentais. E volta a reafirmar que: “a violência não se vence com a violência”. “O nosso grito de dor seja sempre acompanhado pela fé, pela esperança e pelo testemunho do amor de Deus”.



O grito daqueles que são perseguidos por causa de sua fé ressoa nas palavras do Santo Padre, e fazemos votos de que essa dor em forma de grito seja ouvida e entendida por todos os homens de boa vontade.



Fonte: Rádio Vaticano

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