Bento XVI escolheu o tema da liberdade religiosa como centro da mensagem do Dia Mundial da Paz 2011 "não só porque este tema está no centro da Doutrina Social da Igreja", mas também porque "a vida da liberdade religiosa é uma vocação fundamental do homem, um direito humano inalienável e uma chave para a paz".
Foi o que disse nessa quinta-feira, na apresentação damensagem no Vaticano, o presidente do Conselho Pontifício "Justiça e Paz", cardeal Peter Kodwo Appiah Turkson.
Uma liberdade que se vê ameaçada "pelo fundamentalismo religioso, a politização da religião e a imposição de religiões de Estado", disse o purpurado.
Mas também "pelo nascimento de um relativismo cultural e religioso que se está fazendo sempre mais presente e difícil em nossos dias".
A liberdade religiosa é compatível com a defesa das próprias ideias, mas contrária "ao relativismo, sincretismo e fundamentalismo: todos são visões distorcidas da liberdade religiosa", a qual "não se limita ao livre exercício do culto", disse. "Tem uma dimensão pública, que permite aos crentes dar sua contribuição na construção da ordem social", assegurou.
O cardeal destacou a insistência do Papa tanto na mensagem como na linha de seu pontificado sobre o tema do diálogo inter-religioso, que "deveria ser reconhecido como o canal mediante o qual os diversos sujeitos possam articular o próprio ponto de vista e construir o consenso ao redor da verdade que tem a ver com os valores objetivos e particulares".
"É típico da natureza das religiões, livremente praticadas, o fato de que possam autonomamente conduzir a um diálogo de pensamento e de vida, com a perspectiva de pôr sua experiência a serviço do bem comum", assegurou o purpurado.
Por sua parte, Dom Mario Toso S.D.B, secretário do Pontifício Conselho "Justiça e Paz", disse que a mensagem do Papa "quer ser um sinal inequívoco do compromisso da Igreja na defesa não só de um direito fundamental", mas especialmente "do homem enquanto tal, de sua dignidade e liberdade entendida integralmente", mais concretamente, "de todas as liberdades com os respectivos deveres e direitos, da própria democracia, da laicidade positiva, em uma palavra, da civilização".
Disse também que o Papa convida, em particular, a aprofundar na verdade do direito à liberdade religiosa, quer dizer, de suas implicações antropológicas, éticas, jurídicas, políticas, civis e religiosas.
"Para Bento XVI, uma liberdade inimiga ou indiferente a Deus nega a si mesma e não garante a convivência pacífica", porque "uma vontade que se opõe a Deus ou se crê radicalmente incapaz de buscar a Suma Verdade e o Sumo Bem não tem razões objetivas nem motivos para atuar", a não ser as razões impostas por "desejos momentâneos e contingentes".
Ele assinalou que sem Deus o homem "não tem uma identidade para custodiar e construir continuamente através de decisões verdadeiramente livres e conscientes".
Fonte: Zenit - (Carmen Elena Villa)
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