A Igreja sofre perseguições em todos os tempos, mas é sempre protegida pela consolação de Deus: foi o que afirmou Bento XVI em suas catequeses sobre São João apóstolo e evangelista, cuja festa a Igreja celebrou nesta segunda-feira.
Teólogo do amor de Deus, João era o discípulo predileto de Jesus, sendo o único dentre os apóstolos a seguir o Mestre até os pés da Cruz. O Pontífice dedicou-lhe as catequeses de três audiências gerais durante o verão europeu de 2006.
A Igreja "mostrava-se indefesa, frágil", encontrava-se "sempre ameaçada, perseguida". Mas João – em suas visões em Patmos, pequena ilha do mar Egeu, na Grécia, para onde fora deportado por causa da fé – queria dar nova confiança aos cristãos, desconcertados diante de uma história que se mostrava "indecifrável, incompreensível", e pelo "silêncio de Deus diante das perseguições". Assim, no Apocalipse, conta a sua grande visão do Cordeiro que é imolado, mas permanece firme, de pé:
"Jesus, o Filho de Deus, nesta terra é um Cordeiro indefeso, ferido e morto. E, todavia, está firme, de pé, está diante do trono de Deus e é partícipe do poder divino. Ele tem em suas mãos a história do mundo. E assim o Vidente quer dizer-nos: confiem em Jesus, não tenham medo dos poderes contrastantes, da perseguição! O Cordeiro ferido e morto vence! Sigam o Cordeiro Jesus, confiem em Jesus, tomem o seu caminho! Mesmo se neste mundo não é mais que um Cordeiro que se mostra frágil, Ele é o vencedor." (Audiência Geral de 23 de agosto de 2006)
O anúncio da verdade traz consigo perseguições. João – diante do Sinédrio que o está processando junto com Pedro – não pode silenciar aquilo que viu e ouviu:
"Justamente esta franqueza ao confessar a sua fé permanece um exemplo e uma advertência para todos nós a estarmos sempre prontos a declarar com decisão a nossa inquebrantável adesão a Cristo, antepondo a fé a todo cálculo ou interesse humano." (Audiência Geral de julho de 2006)
Em João tudo parte da sua amizade com Jesus, do reclinar a cabeça no peito do Mestre, do entender que Deus é amor: e não amou com palavras, mas com os fatos porque pagou pessoalmente por nós:
"Note-se bem: não é afirmado simplesmente que "Deus ama", ou apenas que "o amor é Deus!" Em outras palavras: João não se limita a descrever o agir divino, mas vai até suas raízes... Com isso João quer dizer que o constitutivo essencial de Deus é amor e, portanto, toda a atividade de Deus nasce do amor e é caracterizada pelo amor. Tudo aquilo que Deus faz o faz por amor e com amor. Embora nem sempre possamos entender imediatamente que isso é o amor, mas é o amor verdadeiro." (Audiência Geral de 9 de agosto de 2006)
O homem é chamado a responder ao amor de Deus sem medida, como diz Jesus no mandamento novo trazido no Evangelho de São João: "Como eu vos amei, amai-vos também vós uns aos outros":
"Aquelas palavras de Jesus, "como eu vos amei", convidam-nos e, ao mesmo tempo, inquietam-nos. São uma meta cristológica que pode parecer inalcançável, mas, ao mesmo tempo, são um estímulo que não nos permite que nos acomodemos com aquilo que pudemos realizar. Não nos permite que nos contentemos com aquilo que somos, mas nos impele a permanecermos no caminho rumo a essa meta." (Audiência Geral de 9 de agosto de 2006)
"Deus é amor": essa revelação ilumina "a face obscura da história" – afirmou Bento XVI. Por isso, o sofrimento não é "a última palavra", mas é um "ponto de passagem rumo à felicidade". Por isso podemos dizer: "Vem, Senhor Jesus".
Fonte: Rádio Vaticano
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