A Congregação para a Evangelização dos Povos incentivou os bispos e sacerdotes da China continental a manter seus esforços pela unidade da Igreja e valorizou os frutos já alcançados neste sentido.
E o fez por meio de um carta a eles, datada de 5 de julho e difundida hoje pela agência
Fides, assinada pelo prefeito e pelo secretário da congregação, cardeal Ivan Dias e Dom Robert Sarah, respectivamente.
"Agradeçamos ao Senhor pelos esforços já realizados ou em curso com relação à unidade no seio da Igreja, também em fiel conformidade às indicações dadas pelo Santo Padre na carta que ele vos dirigiu no dia 27 de maio de 2007, e pelos resultados obtidos até agora", afirma a mensagem.
A carta começa referindo-se às celebrações do Ano Sacerdotal que terminou recentemente e mostrando a vontade do cardeal de "enviar-nos uma cordial e fraterna saudação, dirigindo-nos uma palavra de ânimo na árdua tarefa pastoral que estais realizando como pastores do rebanho que o Senhor vos confiou nesta nobre nação".
O cardeal Dias destaca o importante papel de um bispo ou sacerdote, indicando que "esta tarefa tem uma dupla dimensão e comporta a comunhão com o Papa, a 'pedra' sobre a qual Jesus quis construir sua Igreja, e a união dos membros que fazem parte dela".
Sobre a comunhão com o Santo Padre, a Congregação para a Evangelização dos Povos afirma conhecer bem o sofrimento devido à fidelidade à Santa Sé e reconhece que "a exemplar fidelidade e admirável coragem, demonstrados pelos católicos na China com relação à Sé de Pedro, são um dom precioso do Senhor".
Quanto ao desafio da unidade entre os membros da comunidade eclesial, o cardeal Dias destaca que "seria útil entrar espiritualmente com frequência no cenáculo, onde o Senhor Jesus, após ter celebrado a Última Ceia junto aos seus apóstolos e ter-lhes ordenado sacerdotes da nova e eterna aliança, orou ao Pai: 'Que sejam um'".
"Queridíssimos irmãos - exorta -, levemos a sério este profundo chamado à unidade dos pastores, que vem do coração daquele que tanto os amou, os chamou e os enviou a trabalhar em sua vinha."
Na carta, a congregação destaca que os testemunhos e mensagens recebidos no Vaticano pelos sacerdotes e bispos que exercem seu ministério na China "nos dão muito consolo e nos estimulam a elevar ferventes orações para que o Senhor vos torne cada vez mais fortes na fé e vos sustente em vossos esforços para propagar a Boa Notícia de Jesus Cristo nesta querida nação".
Uma parte da mensagem está dedicada a mostrar alguns aspectos do sacerdócio. Recorda que "fomos chamados por Jesus para ser 'já não servos, mas amigos', não pelos nossos méritos, mas pela sua infinita misericórdia".
Afirma que "precisamente porque um sacerdote é um Alter Christus - mais ainda, Ipse Christus -, ele deve ser um homem de Deus e um homem para os demais".
"Ele deve, portanto, distinguir-se como homem de oração e de vida austera, profundamente enamorado de Jesus Cristo e, como João Batista, orgulhoso de proclamar sua presença em meio de nós, particularmente na Santa Eucaristia", recorda a missiva.
Também acrescenta que um sacerdote deve estar "inteiramente dedicado aos fiéis jovens e adultos, confiados aos seus cuidados pastorais e a todos aqueles com quem o Senhor Jesus quis identificar-se ou pelos quais mostrou benevolência: os pecadores, antes de tudo, e os pobres, doentes e marginalizados, as viúvas, as crianças, além das ovelhas que ainda não são do seu rebanho".
"Um eclesiástico procurará, portanto, resistir a todo desejo de enriquecer-se de bens materiais, de buscar favores para sua própria família ou etnia, de nutrir uma ambição ruim de fazer carreira na sociedade ou na política", destaca.
Na carta, a congregação cita a homilia que o Papa pronunciou no último dia 29 de junho, na qual afirmou que as perseguições "não constituem o perigo mais grave para a Igreja".
Nessa ocasião, recorda a carta, o Pontífice chamou a atenção "ao que contamina a fé e a vida cristã dos seus membros e de suas comunidades, manchando a integridade do Corpo Místico, enfraquecendo sua capacidade de profecia e de testemunho, ofuscando a beleza do seu rosto".
E indicou que "um dos efeitos típicos da ação do Maligno é precisamente a divisão dentro da comunidade eclesial".
"As divisões, de fato, são sintomas da força do pecado, que continua agindo nos membros da Igreja também depois da sua redenção", sublinha a carta.
E acrescenta que "a unidade da Igreja está arraigada em sua união com Cristo, e a causa da plena unidade dos cristãos - que sempre é preciso buscar e renovar, de geração em geração - está também sustentada por sua oração e por sua promessa".
O cardeal Dias assegura aos sacerdotes e bispos que exercem seu ministério na China "a proximidade espiritual de Sua Santidade o Papa Bento XVI".
E lhes garante que o Papa "vos abençoa com carinho paternal, junto àqueles que estão confiados aos vossos cuidados pastorais, e vos convida a continuar intrépidos pelo caminho da santidade, da unidade e da comunhão, como fizeram as gerações que vos precederam".
Também pede que "Maria Santíssima, Auxiliadora dos Cristãos, a quem a Igreja na China venera em Sheshan com devoção terna e filial, vos proteja e faça frutificar todos os vossos propósitos para espalhar o belo perfume do Evangelho do seu Filho Jesus em todos os cantos da vossa amada pátria".
Finalmente, nesta tarefa, deseja a assistência do "luminoso exemplo do inesquecível missionário na China, Pe. Matteo Ricci SJ, de quem recordamos, com grande carinho, os 400 anos de sua partida ao Reino do 'Senhor do Céu'".
Segundo a agência Fides, órgão informativo da própria Congregação para Evangelização dos Povos, esta carta "manifesta o afeto por esta Igreja que pode se gloriar de um testemunho heroico em meio a muitas tribulações e sofrimentos nos últimos 50 anos".
Em um comentário à missiva divulgada hoje, esta é destacada como "uma palavra de estímulo no fatigoso compromisso pastoral que os ministros levam adiante" e "um reconhecimento dos desafios sociais, materiais e espirituais que os ministros ordenados têm de enfrentar no desenvolvimento da sua missão pastoral".
Indica que nela se destaca "como modelo São João Maria Vianney, que soube identificar-se e imitar Cristo, supremo Pastor das nossas almas, na falta de estruturas, em meio às dificuldades da sua época e na pobreza da sua pessoa".
Além disso, Fides constata como a Congregação para a Evangelização dos Povos valoriza "a consolidação da unidade da Igreja na China".
"O cardeal, em sua carta, recorda àqueles que trabalharam nestes anos com delicadeza e paixão nesta causa que ela já está mostrando seus frutos", afirma.
Ao mesmo tempo, "recorda que qualquer divisão da comunidade eclesial é um pecado, e que a unidade tem necessidade do seguimento radical de Cristo, que rezou e reza conosco ao Pai para que todos sejamos uma só coisa".
Fonte: Zenit.