quarta-feira, 12 de maio de 2010

Com Papa, Portugal redescobre suas raízes cristãs

Hoje, Bento XVI iniciou uma visita apostólica a Lisboa, Porto e Fátima, em razão do décimo aniversário da beatificação dos três pastorinhos testemunhas dos aparecimentos de Maria.
Ontem, ZENIT entrevistou o embaixador português na Santa Sé, João da Rocha Páris, que explica a importância desta visita para seu país e governo.
--Com que sentimentos se prepara para dar as boas-vindas ao Papa em Portugal?
--Embaixador João da Rocha Páris: Para um embaixador, a visita a seu país de um chefe de Estado é sempre uma razão de grande orgulho e satisfação. Em geral, estas visitas requerem grande responsabilidade e representam o ápice de um longo e complexo processo de preparação, no qual é necessário conjugar muitos fatores e, justamente por isto, sempre constituem um momento elevado da missão que lhe é confiada.
A visita do Papa em Portugal reveste um significado especial, consideradas as relações cordiais e ótimas da Santa Sé com Portugal.
Considero que a visita do Papa é um dos momentos mais importantes em minha missão perante a Santa Sé e acredito que, ao ser desenvolvida no contexto da primeira das duas grandes peregrinações anuais a Fátima, terá um impacto muito especial nos católicos portugueses, que sempre se lembram com grande emoção e afeto o laço muito especial que João Paulo II teve com aquele lugar de peregrinação e sua devoção especial à Virgem de Fátima.
--Estará com Papa nesses dias?
--Embaixador João da Rocha Páris: Espero poder estar presente na cerimônia de boas-vindas a Bento XVI em Lisboa, além de acompanhá-lo nos diferentes momentos que constituem o programa de visita, no que compete à parte oficial ou à parte pastoral.
--Como são as raízes cristãs de Portugal?
--Embaixador João da Rocha Páris: As raízes cristãs de Portugal são muito antigas. É necessário se lembrar que o Papa Alexandre III, no Manifesti Probatum reconheceu Portugal como país independente no ano de 1179 e que, dali em diante, as relações de meu país com a Santa Sé sempre foram intensas. Relações que passaram por diferentes fases, às quais, examinando-se a história, chega-se facilmente à conclusão de que foram caracterizadas principalmente por uma integração fértil, da qual resulta o importante papel que teve a Igreja nos diferentes setores da sociedade portuguesa, por exemplo, no ensino e na assistência de caridade. Acredito que tantos pontos de referência na educação de grande parte dos portugueses se baseiam em muitos dos valores universais da religião católica.
--Como é a fé em seu país?
--Embaixador João da Rocha Páris: Portugal é hoje uma democracia pluralista e uma sociedade aberta, tanto no nível político-cultural, como no religioso. Como tal, o país tem que cumprir a obrigação que tem de respeitar integralmente os direitos humanos e, neste âmbito, dar garantias a todas as religiões, inclusive a católica, quer dizer, a plena liberdade de culto e de prática.
--E como são as relações entre a Santa Sé e Portugal?
--Embaixador João da Rocha Páris: As relações entre a Santa Sé e Portugal se caracterizam, como já dizia, por uma grande cordialidade. Há um tratado, revisado e atualizado em 2004, aplicado como um marco de respeito mútuo e diálogo. Tudo isso me permite dizer que não há qualquer dificuldade significativa. A relação entre Portugal e a Santa Sé será reforçada com a visita de Bento XVI. Tanto a Santa Sé como Portugal, aliás, compartilham posições idênticas no que concerne a muitos problemas que são hodiernamente motivos de debates no cenário internacional, como por exemplo, tudo aquilo tem a ver com direitos fundamentais do homem e dos povos.
--Poderia nos conceder sua opinião sobre o pontificado de Bento XVI neste momento delicado?
--Embaixador João da Rocha Páris: Acompanho o pontificado de Sua Santidade Bento XVI com grande admiração e respeito, vendo no Papa um pastor muito sólido, valente, determinado e, ao mesmo tempo, de grandes visões. Impressionam-me sua enorme cultura, sua transparência e a consistência de seu raciocínio, e ao mesmo tempo, sua grandíssima sensibilidade humana e artística.

Fonte: Zenit.

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