A Equipe de Sacerdotes para las Villas de Emergencia de Argentina (Equipe de Sacerdotes para as Favelas da Argentina) considerou hoje que a celebração do bicentenário pátrio em Buenos Aires representa uma ocasião para que se "reconheça o povo que habita a favela como interlocutor a quem se deve primeiramente escutar para que haja um diálogo fecundo".
"Um ouvir sincero e eficaz, que conduza a soluções reais, que contribua para recuperar a confiança nos vizinhos, no poder público e na justiça", destaca o documento "Bicentenário e integração urbana", divulgado após uma Missa na paróquia Cristo Rei, da Villa (favela) 31 de Retiro, realizada em memória do Pe. Carlos Mugica, assassinado em 1974.
Os sacerdotes da Equipe para as Favelas, que integram o clero da arquidiocese de Buenos Aires, consideram que tal atitude "certamente ajudaria a baixar os níveis de hostilidade e violência que vemos em nossos bairros".
Advertindo que "não é suficiente conhecer a Villa pela televisão", pois "estamos falando do desrespeito aos direitos mais elementares: a alimentação, o acesso à água, à educação básica, aos serviços de saúde, a uma vida digna", os sacerdotes lamentaram que "nas grandes cidades muitas vezes se reivindicam direitos supérfluos, enquanto na periferia são violados os direitos mais elementares".
"O Evangelho de Jesus nos ensina que cada pessoa é sagrada, cada uma tem uma dignidade infinita e deve ser respeitada. Esta Boa Nova deve ser anunciada e realizada entre os mais pobres", acrescentaram.
A Equipe insistiu que "se temos amor pelo bem, se realmente queremos saldar a dívida social nos bairros mais pobres da cidade, a celebração do Bicentenário se apresenta como uma grande oportunidade", indicando que levaria seis anos - 2010 a 2016 - "para, escutando e através do diálogo, sejam buscados consensos que permitam realizar ações concretas, que ajudem a integrar as favelas à cidade de Buenos Aires".
Entre os passos que precisam ser dados nessa direção, destacaram a importância de estabelecer inicialmente "um método para escutar os moradores das favelas (...), identificando os anseios e necessidades".
"Estamos falando de um acordo social e político que favoreça a integração das favelas à cidade. A dívida social é enorme, e vislumbramos nesta proposta um caminho para alcançar uma maior justiça social. Pedimos a Nossa Senhora de Luján, Mãe do Povo, que nos inspire os caminhos para celebrarmos um Bicentenário com justiça e inclusão social", concluíram.
Fonte: Zenit.
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