Neste quarto e último dia, o Papa havia ido para a cidade do Porto, para celebrar a Eucaristia, cuja homilia dedicou quase exclusivamente ao que João Paulo II chamou de "nova evangelização" nas sociedades secularizadas.
A celebração aconteceu na Avenida dos Aliados, em frente ao palácio municipal, e dela participaram quase 120 mil fiéis, vindos de todo o país, e também da Espanha e outros países europeus.
O Papa chegou diretamente do heliporto militar de Serra do Pilar, no papamóvel, acompanhado pelo bispo do Porto, Dom Manuel Clemente.
"O cristão é, na Igreja e com a Igreja, um missionário de Cristo enviado ao mundo. Esta é a missão inadiável de cada comunidade eclesial: receber de Deus e oferecer ao mundo Cristo ressuscitado, para que todas as situações de definhamento e morte se transformem, pelo Espírito, em ocasiões de crescimento e vida."
Com efeito, afirmou o Papa, "se não fordes vós as suas testemunhas no próprio ambiente, quem o será em vosso lugar?".
Se a Igreja parasse de anunciar o Evangelho, "seria morrer a prazo, enquanto presença de Igreja no mundo", adicionou.
Diante da tentação do desânimo, Bento XVI adicionou que "a ‘desproporção' de forças em campo, que hoje nos espanta, já há dois mil anos admirava os que viam e ouviam a Cristo".
"Era Ele apenas, das margens do Lago da Galileia às praças de Jerusalém, só ou quase só nos momentos decisivos: Ele em união com o Pai, Ele na força do Espírito. E todavia aconteceu que por fim, pelo mesmo amor que criou o mundo, a novidade do Reino surgiu como pequena semente que germina na terra..."
Ad gentes
O Papa afirmou que a humanidade tem experimentado grandes mudanças, ao que é necessário resposta: "Hoje a Igreja é chamada a enfrentar desafios novos e está pronta a dialogar com culturas e religiões diversas, procurando construir juntamente com cada pessoa de boa vontade a pacífica convivência dos povos".
Este campo da missão ad gentes (faziam os gentios, os que não creem) "apresenta-se hoje notavelmente alargado e não definível apenas segundo considerações geográficas", esclareceu.
"Realmente aguardam por nós não apenas os povos não-cristãos e as terras distantes, mas também os âmbitos sócio-culturais e sobretudo os corações que são os verdadeiros destinatários da atividade missionária do povo de Deus."
"Nada impomos, sempre propomos - explicou aos presentes - prontos sempre a responder a quem quer que seja sobre a razão da esperança que há em vós (1 Ped 3, 15). E todos afinal no-la pedem, mesmo quem pareça que não."
Embora sem o saber, afirmou o Papa, "é por Jesus que todos esperam. De fato, as expectativas mais profundas do mundo e as grandes certezas do Evangelho cruzam-se na irrecusável missão que nos compete", pois "sem Deus, o ser humano não sabe para onde ir e não consegue sequer compreender quem é".
Portanto, nós, cristãos, "somos chamados a servir a humanidade do nosso tempo, confiando unicamente em Jesus, deixando-nos iluminar pela sua Palavra".
"Quanto tempo perdido, quanto trabalho adiado, por inadvertência deste ponto! Tudo se define a partir de Cristo, quanto à origem e à eficácia da missão: a missão recebemo-la sempre de Cristo."
Encontro vocacional
Ao terminar a Missa, Bento XVI abençoou a primeira pedra do seminário Redemptoris Mater Santa Teresinha do Menino Jesus, do Porto. Neste tipo de seminário, diocesano, missionário e internacional, são formados jovens do Caminho Neocatecumenal.
Na verdade, milhares de jovens desta realidade eclesiástica foram em peregrinação estes dias a Fátima para participar do encontro com o Papa. Como foi informado à Zenit pela assessoria de imprensa do Caminho Neocatecumenal na Espanha, eles são cerca de 20 mil jovens na Europa.
Antes de voltar aos seus países de origem, os jovens tiveram um encontro vocacional com os iniciadores do Caminho, Kiko Argüello, Carmen Hernández e Mario Pezzi, no Santuário de Fátima. O encontro foi presidido pelo cardeal José Policarpo, patriarca de Lisboa.
Fonte: Zenit.
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