Apesar da sua pouca formação, era conhecida por sua grande sabedoria espiritual. E, apesar de sua curta vida, sua fama de santidade continua cruzando fronteiras e ecoando até hoje, 133 anos após sua morte. É considerada a "pedra angular" da comunidade das Irmãs Franciscanas Imaculadas.
Trata-se de Teresa Manganiello, que foi beatificada ontem na basílica Santa Maria das Graças, em Benevento (Itália), em uma cerimônia presidida por Dom Angelo Amato, prefeito da Congregação da causa dos santos, em representação de Bento XVI.
Teresa nasceu em uma cidade pequena chamada Montefusco, na província de Avellino, ao sul da Itália. Era a penúltima de 11 filhos.
Nunca frequentou a escola e era dedicada, como muitas crianças rurais daquele tempo, aos trabalhos da casa e do campo. Aos 18 anos, manifestou o desejo de ser consagrada a Deus. Em 15 de maio de 1870, aos 21 anos, vestiu o hábito terciário franciscano e no ano seguinte fez a profissão dos votos, tomando o nome de irmã Maria Luisa. Ela recebeu direção espiritual do Pe. Ludovico Acernese, quem deixou numerosos escritos sobre as virtudes principais de Teresa.
Em conversa com ZENIT, o postulador da causa de beatificação, Dom Luigi Porsi disse que uma das características mais admiráveis de Teresa era a "inocência de vida, a grande devoção ao Senhor crucificado com propósito reparador dos pecados do mundo em espírito de penitência".
Generosidade transbordante
Com um coração nobre e abnegado e com uma capacidade para colocar-se no lugar do próximo, Teresa vivia sempre preocupada com o mais pobre, tanto material como espiritualmente: "Nunca negava ajuda a quem passava. Distribuía pães, vestidos, tinha por iniciativa própria uma espécie rudimentar de farmácia com ervas cultivas por ela mesma para curar pequenas doenças que se difundiam naquele tempo" disse o postulador.
"À sua porta bateram os pobres, as pessoas doentes, o oprimido de todo o tipo e ela os acolhia com um sorriso e com uma palavra cálida, dando remédios e amor, conselhos, remédios para a cura do corpo e da alma", disse a monja Daniela de Gaudio, membro da comunidade das Irmãs Franciscanas Imaculadas.
Na casa-mãe da comunidade projetada por Teresa, conservam-se instrumentos com os quais fazia penitências. Ela constantemente dizia que as praticava "porque o Senhor me pede".
Os momentos de oração eram sua prioridade sobre qualquer outra. Não importava se chovia, nevava ou o sol de verão batia forte, diariamente Teresa caminhava os três quilômetros que separavam a igreja mais próxima de sua casa.
Sabedoria na ignorância
Dom Porsi escreveu sua biografia, denominada "Uma camponesa professora da vida" e assegura que, apesar da pouca formação acadêmica dela, era "muito sábia teologicamente e muito profunda".
"Não era ingênua, era inocente. Não sabia ler nem escrever, mas conservava tudo que aprendia" disse o postulador. "Tinha um espírito de meditação e contemplação e quando encontrava com as pessoas as presenteava com simplicidade e profundidade e surpreendia às pessoas instruídas." Para Dom Porsi se trata de uma "sabedoria sobrenatural".
Ela só tinha 27 anos quando foi contagiada pela tuberculose, doença que a levou à morte em 1876. De acordo com a monja Daniela, Teresa soube transformar "seu leito de morte em um ensinamento de sabedoria, de vida e de amor".
Cinco anos depois de sua partida, o padre Acernese fundou a Comunidade das Irmãs Franciscanas Imaculadas, inspirado pela companhia que lhe ofereceu Teresa e sabendo que ela sonhava em ver nascer e florescer esta comunidade. Consequentemente, as freiras desta ordem a chamam de "pedra angular" desta comunidade.
Hoje, estas irmãs vivem o carisma de professar um amor singular e adoração filial à Virgem Mãe em seu privilégio de Imaculada Conceição, cujo dogma tinha sido proclamado 27 anos antes desta fundação.
Elas trabalham pela formação acadêmica e doutrinal da juventude, especialmente feminina. Também são dedicadas à catequese, à colaboração pastoral e paroquial, às iniciativas e às missões. Atualmente, estão presentes na Itália, Brasil, Filipinas, Austrália, Índia e Indonésia.
Fonte: Zenit.
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