Diante a determinação do governo de acabar com o campo cheio de "Camisas Vermelhas" em Bangkok, Tailândia, a Igreja Católica fez um convite aos líderes religiosos à intervenção, para alcançar uma mediação que evite um novo derramamento de sangue.
Na segunda-feira pasada, a determinação do governo tailandês de acabar com a força para o campo dos "Camisas Vermelhas", enraizados no centro do coração comercial de Bangkok, parecia fora de questão.
Segundo informou a Eglises d'Asie, agência de Missões Exteriores de Paris, diante de um resultado potencialmente violento deste conflito político e, depois dos 36 mortos contabilizados nos cinco dias anteriores, o presidente da Conferência Episcopal da Tailândia fez um convite a "uma intervenção dos líderes religiosos" com a finalidade de "explorar as novas vias de diálogo e de mediação, para oferecer uma saída pacífica para a crise".
"A operação será executada o quanto antes possível", destacou Satit Wonghnongtaey, ministro adjunto ao primeiro-ministro. As autoridades "informarão ao público quando terminarem as operações", disse aos jornalistas, enquanto os soldados cercavam o bairro utilizando munição real, e não mais de borracha.
Dentro do campo dos "Camisas Vermelhas" os líderes declararam que as mulheres, crianças e as pessoas mais velhas não seriam usadas como escudos humanos.
De fato, na tarde de domingo, foram transportados para uma "zona neutra", a vasta extensão de um templo budista próximo, o Pathumwanaram. Lá, as ONGs, entre elas organizações caritativas católicas, ofereciam-se para lhes ajudar, mas tanto o exército como os chefes dos "Camisas Vermelhas" lhes impediram o acesso ao Templo. Segundo um membro da Mercy Center, uma das ONGs católicas que tentou intervir, "a desconfiança prevalece entre uma parte e outra".
Em 14 de maio, Dom Louis Chamniern Santisukniran, arcebispo de Tharee-Nongsaeng e presidente da Conferência Episcopal da Tailândia, não hesitou em lançar um apelo aos líderes religiosos, ao intervir publicamente para obter o restabelecimento da calma. Um mês antes, em 15 de abril, o arcebispo de Bangkok, um alto responsável muçulmano e um representante do patriarca supremo do budismo fizeram um gesto em comum, um apelo à oração.
Em um país em que os católicos são uma pequena minoria de 0,5% da população, a Igreja não está em condições de agir sozinha. Contudo, afirmou Dom Chamniern, "não deixaremos nunca de dizer que o único caminho é o diálogo: Temos que desarmar e renunciar à violência para encontrar uma saída para esta crise".
"Temo que o país esteja a ponto de uma guerra civil que, se não for detida, será uma catástrofe. (...) Nesta fase trágica de nossa história, vejo pessoas sem esperança e fatalistas. Há muito medo. O ‘país do sorriso' parece estar se convertendo em um ‘país de dor'. Hoje sofremos juntos e, neste momento, é como um túnel em que não se vê o fim."
"Entre as partes - acrescenta o bispo -, há uma evidente incompreensão. Nenhuma das duas facções quer ceder. Cada um busca defender seus interesses, sem pensar no resto da população do país nem no bem comum. O governo acusa os líderes desse protesto vermelho de serem ‘inimigos da coroa' e ‘traidores da pátria'. Isso não me parece verdade, parece mais uma maneira de desacreditar o protesto aos olhos do país. O executivo deveria atuar com mais paciência e explorar novos caminhos de diálogo e mediação."
Neste contexto, Dom Chamniern propõe que a mediação seja realizada pelos líderes religiosos: "Nós, responsáveis religiosos, estamos dispostos a oferecer nossa contribuição e podemos desempenhar um papel de mediação entre os partidos, se nós pudermos fazê-lo. A população, neste momento, tem mais confiança nos líderes religiosos que nos líderes políticos. Estamos dispostos a ir a campo e nos empenhar pelo bem do país, para evitar que novamente seja derramado sangue".
Fonte: Zenit.
Nenhum comentário:
Postar um comentário