Com 25 mil cópias vendidas, dentro e fora da Espanha, foi traduzido ao inglês e ao croata, e está a ponto de virar roteiro de um filme. Trata-se da saga Iván de Aldénuri, composto por três volumes: A floresta de Thaurroks, A herança de Bérehor e O assédio de Muihl-Athern (Ed. LibrosLibres).
Com um sabor tolkieniano inquestionável, a saga tem particularidades que a tornam muito apropriada para o público juvenil e um interessante fundo de valores cristãos.
Seu autor, Juan Antonio Pérez Foncea, cada vez mais é convidado por escolas e institutos de toda a Espanha a falar de seu personagem. Atualmente prepara uma segunda saga, do estilo da anterior, Thúval de Invérnnia, cujo primeiro volume será publicado ainda neste ano.
-Como surgiu a história de Iván de Aldénuri? Foi uma inspiração?
Juan Antonio Pérez Foncea: Eu digo sempre que foi de um amável milagre. Sou um advogado, eu nunca havia me ocorrido escrever qualquer coisa. Aconteceu em 3 de abril de 2002, eu comecei a escrever durante vinte minutos ou meia hora e então eu continuei com o tema que me preocupava.
Lembrava de Tolkien e O Senhor dos Anéis, pelo que continuei a escrever como passatempo. Terminei nove meses depois e enviei a editora LibrosLibres que em seguida me respondeu.
É sobre uma história épica e nela são refletidas minhas três paixões, que são a natureza, os povos primitivos europeus e o gosto pelas etimologias, pela linguagem. Acredito que as palavras têm conotações que vão além dos seus próprios significados. Gosto de jogar com a fonia das palavras, inventar termos que tenham haver com lugares em que tenha vivido, idealizado.
-Seus leitores jovens, o que mais apreciam na saga?
Juan Antonio Pérez Foncea: Lembro de um rapaz de uns 25 anos que me disse: "o que mais gosto é o que diz da esperança".
Em geral, os leitores de mais idade notam os valores refletidos pelo livro, enquanto os mais jovens preferem a ação e a aventura.
-Iván de Aldénuri e muitos outros trabalhos inspiram-se em Tolkien. Em que contribuiu O Senhor dos Anéis para a literatura fantástica atual?
Juan Antonio Pérez Foncea: Poderiam ser dadas muitas respostas. Os livros de Tolkien estão cheios de valores cristãos, de valores perenes para a humanidade, valores imortais que "inspiram" as pessoas. À parte, acredito que é uma literatura que sempre existiu, dos livros de cavalaria. E que reflete muito bem a luta entre o bem e o mal que todos nós carregamos conosco.
-A mitologia é uma busca. O que você acha que os jovens procuram hoje, quando recorrem à literatura mitológica?
Juan Antonio Pérez Foncea: Os jovens de hoje vivem muito alienados, tudo é apresentado como previsto, medido, avaliado, e ao mesmo tempo vazios de valores. Muitos vão para este tipo de literatura à procura de valores, de senso. E também é literatura de evasão, ajuda a se libertar do aborrecimento do dia a dia. Em contrário, a tentação de cair no esotérico é muito comum na literatura fantástica.
-Um detalhe não muito habitual nos livros mitológicos, e para qual você aposta claramente em seu trabalho, é que Iván de Aldénuri tem família! Pais que lhe querem bem, irmãos gêmeos, uma irmã e uma irmãzinha, um tio misterioso... Como lhe ocorreu isso?
Juan Antonio Pérez Foncea: A família é um dos grandes valores do ser humano, apesar dos ataques atuais. Com o passar dos anos, a pessoa percebe quão importante foi a família em sua vida, sua infância, seus irmãos, os livros que leu...
-Mas no contexto atual, em que muitos dos seus leitores provavelmente carecerão de referências como os irmãos, a estabilidade familiar, não foi um pouco arriscado de sua parte propor uma família, que hoje muitos diriam "tradicional"?
Juan Antonio Pérez Foncea: Pelo contrário, a experiência me demonstra que muitas pessoas, por qualquer razão que seja, não têm tido uma experiência familiar plena, rica, extensa, com laços fortes, se chega a conhecer algum caso, lhe surpreende e lhe fascina.
-Ultimamente, não é arriscado propor a existência de uma luta entre o bem e o mal, em uma sociedade que a nega?
Juan Antonio Pérez Foncea: Nem um pouco. Há uma citação antiga que diz que a verdade "só tem um caminho". O relativismo de hoje busca negar uma coisa que é evidente, e é a existência do bem e do mal. E essa luta entre um todos nós temos, queiramos reconhecer ou não. A verdadeira batalha épica da vida não é sair para a rua com uma espada a matar ogros, se não a que há em nosso interior. Há personagens da saga que mudam, para melhor e para pior.
E isso é algo que sempre atrairá, pela simples razão de que é verdade. Em um filme, todos nós nos identificamos com o herói, que se sacrifica pelo triunfo do bem. E isso é o que um bom livro propõe: que desfrutado, tentemos ser melhores.
Mais informações: www.ivandealdenuri.com
Fonte: Zenit.
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