sábado, 3 de abril de 2010

Sábado Santo - Vigília Pascal

Meus queridos Irmãos,
Por venerável e antiguíssima tradição da Santa Igreja, esta é a “noite de vigília em honra do Senhor”(cf. Ex 12,42). Os fiéis, trazendo na mão – segundo o que nos ensina o Evangelho de Lc 12,35 e seguintes – a vela acessa, assemelham-se aos que esperam o Senhor ao voltar, para que, quando ele chegar, os encontre ainda vigilantes e os faça sentar-se à sua mesa. A noite santa da páscoa é o grande sacramento da vida do cristão. O Batismo e a Eucaristia, que são o centro da liturgia desta venerável noite, tornam-se presentes e contemporâneos os acontecimentos que celebramos, e nos comunicam seu valor salvífico. A Vigília Pascal termina com a celebração eucarística que é a raiz de todas as outras; a partir desta noite da ressurreição, Cristo está presente entre os seus por meio dos sacramentos, e principalmente da eucaristia que contem todos os sacramentos. Comemoramos nesta venturosa noite a ressurreição de Cristo! Esta liturgia deve falar por si mesma: o mistério da nova luz que surge nas trevas, Cristo que venceu a morte e o pecado. Os fiéis se unem a este mistério, acendendo uma vela na chama do círio pascal, quando de sua entrada triunfal na Igreja: é a participação na vida ressuscitada do Senhor. Depois de entoarmos o “exultet”, seguem imediatamente as leituras do Antigo Testamento e as do Novo Testamento.
Irmãos e Irmãs,
Nesta noite santíssima em que recordamos a ressurreição de Jesus, confirmando sua divindade e sua doutrina divina somos, criatura humanas, redimidos de todos os nossos pecados, e, sobretudo, da maior conseqüência do pecado, que é a morte eterna. Cristo morrendo, destruiu a morte. Ressurgindo, Cristo anuncia a vida integral, a vida nova, a vida eterna. Jesus Cristo ontem, hoje e sempre: dele são os tempos e a eternidade, a ele pertencem a glória e o poder! (cf Hb 13,8 e 1Pd 4,11). Cristo, de quem todas as coisas tomam vida, não podia ficar encerrado na Pedra. Ressuscitou para nos confirmar que é o Senhor da vida. Na sexta-feira santa ele deu a vida por nós, imolando-se no madeiro da Cruz. Hoje Jesus retoma a vida, para acordar em nós as sementes da imortalidade que todos trazemos, mas que eram chocas, porque lhes faltava a fecundidade divina. Com Jesus, nesta madrugada de Páscoa, nascemos para a vida eterna.
Meus estimados Irmãos,
A luz ressurgiu das trevas! Luz que significa salvação! Esta é a noite da salvação, trazida por Jesus de Nazaré, que, apesar de ter escondido sua divindade, declarou em alta voz no templo de Jerusalém: “Eu sou a luz do mundo e darei a quem me seguir a luz da vida!” (cf Jo 8,12). Com a gloriosa ressurreição os cristãos se tornam filhos da luz que nunca se apaga, que tremula eternamente! Abraão teve que decidir ou a fidelidade a Deus ou a seus interesses pessoais. E Abraão escolheu a fidelidade, mesmo diante do absurdo de sacrificar seu filho único. A leitura de Abraão obediente a Deus fez lembrar o dia em que Jesus parou à beira do poço de Jacó e disse aos Apóstolos: “O meu alimento é fazer a vontade do Pai”(cf Jo 4,34). E a vontade do Pai para com Jesus foi duríssima: que morresse na cruz pela salvação da humanidade. Mas Jesus ressuscitou por vontade de Deus. E por ter feito a vontade do Pai até o fim, Deus o glorificou. E dessa glória todos somos iluminados nessa noite santa.
Irmãos e Irmãs,
A liturgia de hoje nos fala da escravidão e da maldade, dois dilemas da humanidade. Retomamos a passagem do mar vermelho e a saída dos hebreus da escravidão egípcia. A leitura do Êxodo nos relata que o mar se abriu e os israelitas passaram a pé enxuto. Ou seja, foram mais fortes do que os demônios e a maldade puderam atravessar seguros a casa de Satanás, vencendo todas as dificuldades físicas e espirituais, rumo à Terra Prometida. O homem, criado a semelhança de Deus, ora na fidelidade, ora na infidelidade, era incapaz de superar sozinho a condição de criatura pecadora e manchada pelo pecado. Foi, então, que Deus, que criara o ser humano por amor e no amor, novamente por amor veio em seu socorro, dando-lhe o próprio Filho como seu caminho, verdade, sua vida. Presente de Deus, ele nasceu na carne humana e entrou na nossa história; vivendo em tudo igual a nós, menos no pecado. Ele não apenas nos visitou, mas foi um de nós, carne de nossa carne e sangue de nosso sangue. Mas Filho de Deus. Foi o Filho de Deus que a maldade humana pregou numa Cruz, sexta-feira, e cujo o corpo as santas mulheres depuseram na sepultura. Deus o ressuscitou gloriosamente, para que nós pudéssemos andar em novidade de vida.
Meus irmãos,
Deus, por intermédio da ressurreição de Cristo, fez conosco uma nova e eterna aliança nesta noite venturosa. O céu recebeu nesta noite todo o louvor possível na pessoa de Jesus, que cumpriu em plenitude à vontade de Deus e comprou com sua paixão e morte na cruz o direito de recriar as coisas e remarcar os rumos da criatura. Vamos viver como Cristo, como homens e mulheres da luz eterna, da salvação! Renovemos nosso compromisso de cristãos batizados e anunciemos a Ressurreição a todos os povos conclamando a todos para a missão, pois todos queremos nesta noite “VER JESUS, CAMINHO, VERDADE E VIDA PLENA!” Portanto deliciemo-nos das alegrias eternas com esta Santa Missa de Páscoa. Doce ação de graças por excelência, celebração da nova Páscoa de Cristo participada pela Igreja. A vida que nasce no Batismo e é animada pelo Espírito alimenta-se na mesa do Cordeiro pascal. Os cristãos devem dar testemunho da Morte e Ressurreição do Senhor Jesus e comprometer-se com a vida eterna, corpo dado e sangue derramado numa vida de ação de graças a Deus e ao próximo. Assim, inaugura-se um novo céu e uma nova terra. Jesus ressuscitou verdadeiramente! Aleluia! Aleluia! Aleluia! Feliz Páscoa!

Fonte: Padre Wagner Augusto Portugal.

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