A Palavra de Deus é a verdadeira estrela que nos dá o esplendor da verdade divina, afirmou Bento XVI nesta quinta-feira, solenidade da Epifania do Senhor, na Missa que presidiu na Basílica Vaticana.
Em sua homilia, o Papa referiu-se à experiência dos Magos, que seguiram a estrela para chegar ao Menino Jesus no humilde estábulo de Belém.
"Eles provavelmente eram sábios que estudavam o céu, mas não para tentar ‘ler' o futuro nos astros, eventualmente para ganhar algum dinheiro - explicou; eram homens de ‘em busca' de algo mais, em busca da verdadeira luz, capaz de indicar o caminho a percorrer na vida."
"Eram pessoas seguras de que, na criação, existe o que nós podemos definir como a ‘assinatura' de Deus, uma assinatura que o homem pode e deve tentar descobrir e decifrar."
Como homens sábios, continuou o Papa, sabiam também "que não é com um telescópio qualquer, mas com os olhos profundos da razão em busca do sentido último da realidade e com o desejo de Deus, movido pela fé, que Ele pode ser encontrado; e assim é possível inclusive que Deus se aproxime de nós".
A linguagem da criação, de fato, "nos permite percorrer um longo trecho do caminho até Deus, mas não nos dá a luz definitiva", disse o Pontífice.
"Em última análise, para os Reis Magos, foi fundamental ouvir a voz das Sagradas Escrituras: só ela poderia mostrar-lhes o caminho."
"A Palavra de Deus é a verdadeira estrela que, na incerteza dos discursos humanos, nos oferece o grande esplendor da verdade divina", afirmou Bento XVI.
"Deixemo-nos guiar pela estrela, que é a Palavra de Deus, sigamos essa estrela em nossas vidas, caminhando com a Igreja, onde a Palavra tem a sua morada - exortou. Nosso caminho será sempre iluminado por uma luz que nenhum outro sinal pode nos dar."
"E também poderemos nos tornar estrelas para os outros, um reflexo dessa luz que Cristo fez brilhar sobre nós", acrescentou.
O Papa convidou a se perguntar se, como os especialistas que sabem tudo sobre as Escrituras, "não está em nós a tentação de considerar as Sagradas Escrituras, este tesouro riquíssimo e vital para a fé da Igreja, mais como um objeto de estudo e discussão dos especialistas que como o livro que nos mostra o caminho para chegar à vida".
Para combater isso, sugeriu fazer "nascer de novo em nós a disposição profunda de conceber a palavra da Bíblia, lida na Tradição viva da Igreja, como a verdade que nos diz o que é o homem e como ele pode se realizar plenamente".
Deus: aliado, não rival
O Papa também recordou a figura do rei Herodes, "interessado no Menino sobre quem os Reis Magos falavam", mas não com o objetivo de adorá-lo, "e sim de eliminá-lo".
"Deus lhe parece um rival, um rival especialmente perigoso, que privaria os homens do seu espaço vital, da sua autonomia, do seu poder; um rival que indica o caminho a percorrer na vida e evita, assim, que se faça tudo o que se quer."
Bento XVI exortou a perguntar-se se "há talvez algo de Herodes em nós"; se, "talvez, também nós, às vezes, vemos Deus como uma espécie de rival" e "somos cegos diante dos seus sinais, surdos às suas palavras, por acharmos que Ele coloca limites na nossa vida".
Quando Deus é visto dessa maneira, observou, "acabamos nos sentindo insatisfeitos e infelizes, porque não nos deixamos guiar por Aquele que é o alicerce de todas as coisas".
Por isso, acrescentou, "devemos eliminar da nossa mente e do nosso coração a ideia da rivalidade, a ideia de que dar espaço a Deus é um limite para nós mesmos".
Pelo contrário, concluiu, "devemos nos abrir à certeza de que Deus é o amor onipotente que não tira nada, não ameaça, senão que é o único capaz de oferecer-nos a possibilidade de viver em plenitude, de experimentar a verdadeira alegria".
Fonte: Zenit.
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