A Santa Sé valoriza os esforços do governo egípcio para evitar a escalada de violência por motivos religiosos, declarou nesta terça-feira o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi.
A embaixatriz da República Árabe do Egito junto à Santa Sé, Lamia Aly Hamada Mekhemar, foi recebida nesta terça à tarde no Vaticano pelo secretário para as Relações com os Estados, Dom Dominique Mamberti.
“Destacando que a Santa Sé participa da comoção de todo o povo egípcio, afetado pelo atentado de Alexandria, Mamberti assegurou que o Vaticano compartilha plenamente da preocupação do governo de 'evitar a escalada de enfrentamentos e de tensões por motivos religiosos' e aprecia os esforços do governo neste sentido”, ressalta o texto.
O padre Lombardi precisou que Lamia Aly Hamada Mekhemar irá ao Cairo para prestar informações ao seu governo. A declaração explica que, durante o encontro no Vaticano, “a embaixatriz expressou as preocupações do seu governo neste momento difícil”.
“Ela também recebeu informações e reuniu os elementos oportunos para informar adequadamente ao seu governo sobre os recentes pronunciamentos do Santo Padre, em particular quanto à liberdade religiosa e a proteção aos cristãos no Oriente Médio”.
Desconforto no Cairo
O encontro desta terça-feira no Vaticano aconteceu depois de o governo do Cairo convocar para consultas a sua embaixatriz junto à Santa Sé, por conta das recentes declarações de solidariedade do Papa aos coptas e do seu chamamento à proteção dos cristãos no Oriente Médio.
O porta-voz do Ministério de Assuntos Exteriores do Egito, Hossam Zaki, anunciou que “o Egito pediu à sua embaixatriz no Vaticano que retorne ao Cairo para consultas, devido às declarações do Vaticano que o Egito considera ingerência inaceitável nos seus assuntos internos”.
Em 2 de janeiro, durante o Ângelus, o pontífice qualificou como “vil gesto de morte” o grave atentado perpetrado na última virada de ano contra uma igreja de Alexandria do Egito, que resultou em vinte mortes.
Nesta segunda-feira, 10 de janeiro, em seu discurso de felicitação pelo ano novo ao corpo diplomático creditado junto à Santa Sé, Bento XVI pediu aos países islâmicos, em especial aos do Oriente Médio, um respeito maior pelas minorias cristãs.
Tiroteio mortal
Enquanto isso, nesta terça-feira à tarde, um cristão morreu e cinco pessoas ficaram feridas na ferrovia que liga o Cairo a Assiut.
Os incidentes ocorreram na localidade de Salamut, cerca de 200 quilômetros ao sul do Cairo, quando o policial Amer Ashur Abdel Zaher, que não estava a trabalho, entrou no trem e atirou contra um grupo de cristãos usando a pistola da corporação.
Zaher matou o cristão copta Fathi Said Ebeid, de 71 anos, e feriu sua mulher, de 61, e outras quatro pessoas, duas gravemente.
O assassino, que estava à paisana, tentou escapar, mas foi preso pouco depois. Zaher foi interrogado sobre os motivos de sua atitude, mas as autoridades mantêm segredo sobre o resultado dos interrogatórios.
O bispo da Igreja copta em Salamut, Dom Morcos, explicou à agência AsiaNews, depois de ouvir várias testemunhas, que “aquele louco ia e vinha pelo trem procurando os cristãos”.
“Vendo um grupo de mulheres e meninas que não usavam véu, concluiu que fossem cristãs e atirou gritando Allahu Akbar (Deus é grande)”, completou o bispo.
Depois do ataque, centenas de coptas se reuniram diante do hospital do Bom Pastor, de Salamut, onde os feridos estão internados, e enfrentaram a polícia, que reagiu lançando gás lacrimogêneo.
Fonte: Zenit.
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