"Queremos três coisas: ser livres, ter a possibilidade de viver uma vida normal, e paz. Isso é pedir demais?" Com essas palavras termina o documento elaborado por um grupo de jovens da Faixa de Gaza, que se dizem cansados de sua vida sem perspectivas e sem futuro.
Denominado "Manifesto para a Mudança da Juventude de Gaza", o texto não poupa ninguém: fustiga o Hamas, o movimento integrista que controla aquele pequeno território palestino junto ao Mediterrâneo; a al Fatah (partido da Autoridade Palestina) que não foi capaz de gerir o território; Israel, pela ocupação; o Egito, porque ajuda o isolamento da Faixa de Gaza desde 2006; e a comunidade internacional, por sua indiferença.
Elaborado por um grupo de oito pessoas – três mulheres e cinco homens, estudantes universitários e internautas – o documento descreve com detalhes, a vida cotidiana na Faixa de Gaza onde, mais de metade da população – cujo total é de um milhão e meio de habitantes – tem menos de 18 anos.
"Aqui em Gaza, temos medo de ser presos, interrogados, torturados, bombardeados e mortos" – afirma o texto e antecipa: "Temos medo de viver, porque cada passo que damos, tem de ser bem calculado e pesado; há limitações por todo o lado, não podemos nos movimentar como queremos, dizer o que queremos, fazer o que queremos, por vezes, sequer podemos pensar o que desejamos, porque a ocupação tomou conta do nosso cérebro e do nosso coração de uma forma tão terrível, que magoa e nos leva a desejar derramar lágrimas de frustração e raiva."
Os autores do texto – escrito há três semanas - haviam dado a si mesmos um ano de prazo, para conseguir apoio suficiente para avançar com outras iniciativas. Mas foram surpreendidos pelo sucesso que tiveram quando lançaram o documento na web.
"Queremos gritar e quebrar este muro de silêncio, injustiça e indiferença tal como os F-6 israelenses quebram a barreira do som; gritar com todo o poder das nossas almas, para libertar esta imensa frustração que nos consome por causa da situação que vivemos" – afirma o texto e prossegue: "Estamos fartos de ser envolvidos nesta luta política (...); fartos de ser mantidos nesta prisão por Israel, de ser espancados pelo Hamas e completamente ignorados pelo resto do mundo."
Os autores do documento afirmam-se apolíticos e apartidários, mas dois deles já passaram pela cadeia do Hamas. O texto que produziram é um grito de alerta que ameaça, afinal, fazer a diferença em Gaza.
Fonte: Rádio Vaticano
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