No final de sua 95ª Assembleia, os bispos da Venezuela escreveram a todos os membros da Igreja Católica e pessoas de boa vontade uma exortação pastoral intitulada "Anseios de união, justiça, liberdade e paz para a Venezuela".
Como em outras mensagens, os prelados do país caribenho compartilham sua "preocupação sobre a atual situação do país" e desejam "iluminar, à luz do Evangelho de Jesus Cristo, da doutrina social da Igreja e dos princípios éticos universais, a difícil situação histórica que o país vive hoje".
Expressam sua solidariedade com as vítimas das enchentes de 2010 e denunciam "a falta de uma política de prevenção e planejamento sustentada", mas agradeçam a Deus "pela solidariedade e empenho" do governo, em todos os níveis, e pelas iniciativas privadas. Recordam que a Igreja Católica canalizou toneladas de ajuda.
Em 5 de julho de 2011, a Venezuela comemorará o bicentenário da Declaração da Independência. Os pastores salientam que a solene Declaração de 1811 "começava invocando e apresentando Deus como testemunha da retidão de seus propósitos, explicitando sua posição dentro do quadro espiritual da tradição cristã e inspirando-se em ideais de liberdade e justiça, de unidade e paz".
Os bispos consideram como "um incontornável imperativo legal e ético respeitar a letra e o espírito da atual Constituição". Segundo os pastores, o governo e a Assembleia Nacional estão dando prioridade a "uma agenda ideológica que visa ao estabelecimento de um regime socialista e totalitário de Estado e de governo, contrário à atual Constituição da República Bolivariana da Venezuela".
As novas leis, opinam, "têm pouco a ver com os verdadeiros problemas do país", que os bispos enumeram no documento. "Em vez de resolver estes problemas, as leis recentes criam uma grave situação política, pois com elas se pretende impor aos venezuelanos um sistema que amplia o círculo da pobreza e agrava a dependência das pessoas em relação ao poder centralizado", afirmam.
"As autoridades do Estado - advertem - não podem assumir o controle total da vida das pessoas, nem estabelecer as condições para eternizar-se no exercício do poder. É contrário aos valores cristãos, aos direitos humanos e ao bom senso destruir aqueles que pensam diferente ou condená-los ao silêncio."
Por esta razão, convidam o governo nacional e os líderes do partido no poder a "estar cientes da situação perigosa que está sendo criada e da grave responsabilidade que têm diante de Deus e do país".
Recordam que "todos os cidadãos, especialmente os cristãos, são chamados a oferecer seu contributo para o bem comum, exigindo com firmeza o respeito à ordem constitucional e legal e colaborando na resolução pacífica de conflitos".
E expressam sua "firme disponibilidade para trabalhar pela Venezuela, ser agentes de unidade, exercer e promover o diálogo construtivo entre todos os setores da sociedade".
Pedem, finalmente, a todos os setores políticos e sociais que descartem a violência verbal, física ou jurídica como meio para resolver os problemas. Convidam a banir o ódio e a discórdia, a vingança, o insulto e as ordens de morte.
"É preciso respeitar até mesmo aqueles que têm diferentes pontos de vista políticos. Tudo se perde com a violência. Tudo se ganha com o respeito, o diálogo e o encontro cívico e fraterno", concluem.
Fonte: Zenit.
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