A religião pode oferecer uma “contribuição preciosa na busca e na construção de uma ordem social justa e pacífica”, afirma o arcebispo de Belo Horizonte (Minas Gerais, Brasil), Dom Walmor Oliveira de Azevedo.
Ao comentar a mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial da Paz (1º de janeiro), em artigo divulgado à imprensa nesta sexta-feira, o arcebispo recorda que o texto trata o tema da liberdade religiosa como caminho para a paz.
“Toda pessoa na sua experiência de fé tem o direito intocável do respeito à liberdade religiosa. Nessa experiência é que a pessoa orienta a própria vida, pessoal e social, para Deus. E tem, pela luz da presença divina, a capacidade de compreender plenamente a sua identidade, sua liberdade e seu destino”, afirma, no contexto das palavras de Bento XVI.
“Negar ou limitar arbitrariamente a liberdade religiosa significa cultivar uma visão redutiva da pessoa humana, e esse obscurecimento da função pública da religião gera uma sociedade injusta, em razão de ser desproporcionada à verdadeira natureza da pessoa.”
A reflexão feita pelo Papa parte – segundo Dom Walmor – da compreensão e do reconhecimento da dupla dimensão na unidade da pessoa humana: a religiosa e a social.
“Considerar apenas a essencialidade da dimensão social é mutilar o sentido da indivisível unidade e integridade da pessoa. A desconsideração, portanto, da dimensão religiosa é abertura para o risco de admitir ser possível encontrar no relativismo moral a chave para uma convivência pacífica. Concretamente, aí nascem a divisão e os riscos graves de negação da dignidade dos seres humanos.”
“O Papa Bento 16 afirma, então, que a abertura à verdade e ao bem, a abertura a Deus, radicada na natureza humana, confere total dignidade a cada um dos seres humanos e é garantia do respeito pleno e recíproco entre as pessoas.”
Portanto – prossegue o arcebispo –, “não se pode buscar a paz prescindindo da dignidade transcendente da pessoa enquanto valor essencial. O entendimento pauta-se no quanto é importante e indispensável ter capacidade de transcender a própria materialidade e buscar a verdade. Essa faculdade é indispensável na construção de uma sociedade orientada para a realização e a plenitude da pessoa”.
O caminho para a paz “situa a religião na sua dimensão pública. Esse seu lugar - de grandeza compartilhada - confronta-se com importantes aspectos no conjunto da vida da sociedade, ultrapassando o estritamente individual”.
“Há um importante confronto com o sentido da laicidade positiva do Estado, desafiando a superação dos riscos dos laicismos. Desafia também os fundamentalismos originados no próprio campo das religiões e outras escolhas. São muitos, ainda, os desafios no caminho para a paz”, destaca o arcebispo.
Fonte: Zenit.
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