sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Economia de Comunhão: modelo para desenvolvimento africano

De 26 a 28 de janeiro, acontece a Conferência Internacional "Economia de Comunhão. Um novo paradigma para o desenvolvimento africano", organizada pelo Movimento dos Focolares, em parceria com a Universidade Católica da África Oriental, na Mariápolis Piero, uma cidadela dos Focolares em Kalimoni (Nairóbi).

Como explicam os organizadores, o encontro está tratando de como "o povo africano precisa urgentemente, por um lado, de uma cultura empreendedora e de desenvolvimento econômico e, por outro, de um modelo econômico que não destrua a comunidade e a comunhão, consideradas grandes valores em sua cultura".

De acordo com a centro-africana Geneviève Sanze, membro da Comissão Internacional sobre a Economia de Comunhão, "a experiência da Economia de Comunhão nos faz entender que não se pode sair da armadilha da indigência apenas com dinheiro, nem com a redistribuição das riquezas ou com a construção de bens públicos, nem tampouco com o aumento das relações comerciais entre o norte e o sul".

"Será possível sair desta armadilha - acrescenta - quando formos capazes de construir verdadeiras e profundas relações humanas entre pessoas diferentes, mas ao mesmo tempo iguais; quando conseguirmos compreender que não há nenhuma pessoa no mundo tão pobre, que não possa significar um dom para outra. Nesse momento, o mundo verá florescer a fraternidade e a comunhão."

De 23 a 25 de janeiro, dias antes da conferência realizada na Universidade Católica, a Mariápolis Piero sediou a primeira Edc School, destinada a jovens aspirantes a empreendedores, que vieram de 12 países africanos, mas também da Europa, Estados Unidos e África.

"O Edc School está baseado em três pressupostos", disse Luigi Bruni, responsável mundial do projeto Edc.

"O primeiro: sem universidades de qualidade, não se pode realizar um desenvolvimento sério. A cooperação para o desenvolvimento, hoje, é feita com pessoas, em vez de transferências internacionais de dinheiro, que causaram muito dano, apesar das boas intenções."

"O segundo: o método da escola é a reciprocidade. Não haverá professores provenientes do Ocidente para lecionar aos jovens africanos. Nós nos baseamos no grande amor que temos por essa cultura; dessa forma, todos aprenderão de todos."

"O terceiro: o desenvolvimento não pode ocorrer sem uma economia de empresa que atualmente é inexistente na África. Este continente tem a necessidade de abrir-se ao mercado, protegendo suas raízes de ‘comunidade', tão arraigadas no DNA da sua cultura. Assim, a ‘Economia de Comunhão' pode ser uma oportunidade realmente importante."

Em 2011, cumpre-se o vigésimo aniversário do projeto "Economia de Comunhão", lançado por Chiara Lubich em São Paulo, em 29 de maio de 1991. Este aniversário será comemorado no Brasil, de 25 a 29 de maio deste ano, com uma semana de eventos dedicados a fazer um balanço da situação e planejar novos desenvolvimentos do projeto.

Fonte: Zenit.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Santidade de João Paulo II é sentimento comum

O arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani Tempesta, expressou sua alegria com a notícia da beatificação de João Paulo II, a se realizar no próximo dia 1° de maio.

Segundo Dom Orani, a santidade de João Paulo II, “anunciada pelo povo no mesmo dia de suas exéquias (Santo súbito), é um sentimento comum a muitas pessoas, particularmente à nossa Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, que por ele foi visitada por três vezes”.

Em artigo divulgado nessa quarta-feira à imprensa, Dom Orani afirma que o dia 1° de maio é também muito especial em sua vida de bispo.

Tendo sido eleito bispo de São José do Rio Preto, por João Paulo II, em 1996, ele tomou posse da diocese em 1° de maio desse ano.

“Para mim, esta data de 1° de maio, já especial, agora será assinalada, neste ano, com a beatificação do Papa João Paulo II pelo Papa Bento XVI, gloriosamente reinante.”

O arcebispo assinala que na semana em que se comemorou a festa de São Sebastião (20 de janeiro), padroeiro do Rio de Janeiro, saiu outra “notícia intimamente ligada ao Papa João Paulo II e à nossa cidade”.

Trata-se do traslado do corpo de João Paulo II da cripta vaticana à Basílica de São Pedro. O lugar escolhido é a capela de São Sebastião, sob o altar do Papa Inocêncio XI, situado à direita da basílica, entre a capela da Pietà, de Michelangelo, e a do Santíssimo Sacramento.

“Agora, sob o olhar de nosso excelso Padroeiro, São Sebastião, descansarão os restos mortais do Papa João Paulo II, que disse que era carioca e que amava a nossa Cidade e Arquidiocese”, afirma Dom Orani.

Intercessão

O arcebispo pediu a intercessão do Servo de Deus João Paulo II em favor de todos os que sofrem com a catástrofe das chuvas e deslizamentos de terra que se abateu na região Sudeste, particularmente nas dioceses de Nova Friburgo e de Petrópolis, deixando mais de 800 mortos.

“De nossa parte, enquanto Arquidiocese, queremos pedir aos fiéis que continuem a solidariedade e fraternidade, apresentando as nossas doações em gênero alimentício, água e dinheiro em favor da Cáritas Arquidiocesana”, afirma.

Segundo Dom Orani, a Cáritas enviará imediatamente essas ajudas para que as dioceses de Nova Friburgo e de Petrópolis distribuam através de suas equipes.

“Agora que as notícias diminuem, devemos ainda mais intensificar a nossa ajuda e o trabalho para reconstruir a pessoa, sua família e as cidades.”

“Que São Sebastião e o Beato João Paulo II deem consolo e esperança a todos os que sofrem, e a paz desejada a todos que a anseiam”, afirma o bispo.


Fonte: Zenit.

Colômbia celebra 25 anos da visita de João Paulo II

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, instalará no dia 3 de maio o primeiro fórum em honra do novo beato João Paulo II e em celebração pelos 25 anos de sua visita ao país.

A Embaixada da Colômbia na Santa Sé organiza este fórum, do qual participará o ex-presidente Belisario Betancur, que há 25 anos recebeu João Paulo II em Bogotá.

O evento, “João Paulo II e suas pegadas na Colômbia, 25 anos depois”, se converterá em um encontro acadêmico no qual participarão representantes de seis universidades de Bogotá e fundações sociais.


O embaixador da Colômbia na Santa Sé, César Mauricio Velásquez Ossa, explica que "a beatificação de João Paulo II e a celebração dos 25 anos de sua visita despertaram muita admiração e carinho”.

“Chegaram à embaixada muitas expressões de admiração. Um jornalista recorda que durante a visita do Papa, de 1 a 7 de julho, houve redução do índice de violência e até a guerrilha decretou uma trégua de sete dias. Outras pessoas narram graças recebidas”, afirma o embaixador.

Velásquez Ossa afirma que Wojtyla é um exemplo de “lealdade, fortaleza e alegria. Um fiel servidor, que nunca deixou de ser sacerdote exemplar”.

Fonte: Zenit.

sábado, 22 de janeiro de 2011

TERCEIRO DOMINGO COMUM

Mt 4, 12-23
“Convertam-se, porque o Reino do Céu está próximo”

O texto começa situando a pessoa e a missão de Jesus no seu contexto concreto, histórica e geograficamente. A mudança de Jesus para a Galileia tem sido interpretada tanto como um assumir corajoso da sua missão profética, diante da prisão de João, como uma busca de maior segurança. O verbo usado para “retirou-se” em v. 12 costuma ser usado por Mateus para indicar o recuo diante de um perigo (2, 12.13.14.22;12, 15;14, 13;15, 21). Mas, o autor quer não somente apontar o lugar geográfico da missão de Jesus, mas também a sua natureza profética. Por isso, cita, com grandes modificações, o texto de Is 8 23-9,1. Mateus condensa o texto da forma que só sobram as referências geográficas, que apontam para o Norte da Galileia e Transjordânia, conquistadas pelos pagãos assírios em 734 a.C. Ao passo que a maioria dos profetas e messias do seu tempo se retiravam para o deserto (p. ex. os Essênios de Qumrã e João, o Batista), ou agiram na capital, Jerusalém, Jesus se retira para a periferia, Galileia, cercada pelos gentios.

A esperança da salvação inicia-se exatamente em uma região da qual nada se espera. No tempo de Mateus, uma grande parte da população da Galileia era gentia, ou seja, pagã. Por isso, escolhendo este lugar como palco da sua missão, o ministério de Jesus vai entrar em contato com “todas as nações” (Mt 28, 19).
V. 17 inaugura solenemente a missão de Jesus, a de anunciar a presença do Reino de Deus entre nós. Esta é a mensagem central de Jesus, e junto com a Ressurreição, formava a base e o objetivo da esperança cristã. Usando a visão noturna de Daniel (Dn 7, 13-14), o Reino representa a salvação futura e definitiva de toda a humanidade, socialmente, politicamente e espiritualmente, através do exercício da soberania de Deus, estabelecendo o "Shalom”, a paz que vem pela justiça, na terra como no céu. Como Mateus escreve para uma comunidade basicamente de judeu-cristãos, ele obedece o costume de não pronunciar o nome de Deus, e por isso, usa a frase “Reino dos Céus” no sentido de “Reino de Deus”. Infelizmente, esta convenção nascida do respeito pela transcendência de Deus, levou muitas pessoas a identificar, erroneamente, o Reino como algo pertencente somente ao céu, diluindo a sua força transformadora.

O primeiro passo de Jesus é chamar um grupo de discípulos, começando com os pescadores do Lago de Genesaré. Jesus rompe com o costume rabínico, pois ele mesmo chama os seus discípulos. Em Mateus, Jesus muda a prática rabínica também em outros pontos - os discípulos não serão meros ouvintes do ensinamento do Mestre, mas colaboradores na sua missão; as multidões também seguirão Jesus, buscando n’Ele algo que não encontravam nos mestres oficiais das sinagogas (Mt 4, 25; 8, 1; 12, 15; 14, 13 etc); em um segundo momento, Jesus vai fazer uma crítica a este seguimento, mostrando que segui-Lo vai muito além do que os discípulos e as multidões tinham imaginado - será tomar sobre si a sua cruz (16, 24).

É interessante observar os detalhes do chamamento dos primeiros discípulos para serem “pescadores de homens”, (“pescador” é uma das duas principais imagens para o ministério no Novo Testamento. A outra, a de pastor tem menor conotação missionária) - dois estavam lançando as redes e dois estavam consertando-as. Assim o evangelho mostra a dinâmica da vida cristã - tem hora para lançar redes (a ação missionária) e hora para consertá-las (cuidar mais da vida interna das pessoas e da comunidade). A rede pode significar a comunidade dos discípulos. Com o tempo, as redes dos pescadores se rompiam, por causa dos detritos apanhados, e precisavam ser consertadas, pois rede rompida não pega peixe. O mesmo acontece com a vida cristã, tanto no nível individual como comunitário - com o tempo podemos romper as redes, enfraquecendo a nossa missão. Consertar as redes simboliza o refazer dos elos de união entre nós e Deus, e entre os próprios irmãos e irmãs. Mas, como rede consertada também não apanha peixe se não for lançada, assim a comunidade cristã não pode ficar voltada sobre si mesmo, em uma vida somente interna; mas, esta vida forte de união interna deve levar de volta à missão. As imagens do chamamento nos advertem contra dois extremos que distorcem o seguimento de Jesus - um ativismo desenfreado, só voltado para fora, e que descuida da vida interior das pessoas e das comunidades, de um lado, e uma vida só voltada para dentro, do outro, fazendo da experiência espiritual algo intimista e individual, que não leva à missão. Para o cristão, a missão brota da intimidade com Jesus e leva a aprofundar esta intimidade. A intimidade com Jesus leva de volta à missão e é alimentada pela experiência da missão. Todos os cristãos e cristãs são chamados a serem “pescadores de homens”, colaboradores na construção do Reino de Deus, que já está no meio de nós.

Fonte: Tomas Hughes, SVD.

Rabino de Roma: judeus e católicos, filhos de um mesmo pai

Por ocasião do Dia de diálogo judaico-cristão, realizado na Itália em 17 de janeiro, antes de iniciar a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, o rabino-chefe da comunidade judaica de Roma, Riccardo Di Segni, deu uma entrevista ao programa Cristandade, de Rai Internazionale. ZENIT apresenta sua versão em português:

Honrarás teu pai e tua mãe; mas de quem somos filhos?

Di Segni: Segundo a nossa tradição, temos dois pais biológicos, e a Tradição diz-nos que os participantes são, na verdade três: a parte divina e a parte biológica, e também pode haver partes educacionais que não são reservados aos pais. Às vezes, os pais podem ser estranhos ou até mesmo negativos em um processo educativo. Portanto, a "paternidade" ou "maternidade" são conceitos que se ampliam.

Muitos comentários dizem que do mandamento "Honrarás teu pai e tua mãe" derivam todos os outros. O que significa honrar pai e mãe?

Di Segni: Segundo a tradição, é uma relação de respeito que se estabelece nas formalidades importantes, pelas quais se deve reconhecer o progenitor como uma autoridade a ser respeitada sempre. Além disso, existe uma relação que pode se tornar uma relação de ajuda, seja ela material ou num sentido mais amplo, ao longo dos anos, quando as relações se invertem: quando pequenos, somos absolutamente dependentes dos nossos pais e, com o passar dos anos, são os pais que, de alguma forma ,dependem dos filhos. Então, neste momento, o respeito pelos pais é uma tarefa mais importante ainda.

Nas línguas semíticas, a palavra "misericordioso" que define o Onipotente, tem a mesma raiz, rachem em hebraico, rahim em árabe, que a palavra "útero" e indica a atitude da mãe que recebe a criança em seu ventre. A Bíblia compara Deus a uma mãe que não esquece seus filhos, como recordou o Papa João Paulo II. Portanto, a maternidade define a misericórdia divina?

Di Segni: Digamos que, em uma representação esquemática existe - na imagem que temos do Divino - uma parte de justiça, de severidade, e uma parte de amor. Nesta oposição, ou síntese de diferentes aspectos, pode-se dizer que, praticamente, a parte masculina representa o amor. Existe também o apoio linguístico que o confirma. Mas é a própria Bíblia que usa a expressão de que Deus tem misericórdia de nós como um Pai se compadece de seus filhos, "Rachem aw alwalim". Portanto, não há exclusividade na Misericórdia, já que não há exclusividade na justiça.

Então, o que significa ser irmãos? Os cristãos e judeus têm um pai e uma mãe em comum?

Di Segni: Toda a humanidade tem um pai e uma mãe em comum, se é que faz sentido a história da Bíblia de que a humanidade deriva de Adão e depois de Noé; tudo o que nós reconhecemos em um ancestral comum e que nenhuma pessoa pode aceitar - como dizem nossos textos - é ser superiores ao outro, porque temos uma origem comum. Neste sentido, todos os homens são irmãos. Há também três grupos de laços humanos unidos mais estreitamente, e sem dúvida a relação entre judeus e cristãos é especialmente estreita e pode ser representada pela imagem de fraternidade, com todos os altos e baixos que existem em um relacionamento fraterno.

A palavra "diálogo" pode ter um sentido forte e um fraco. Pode ser, digamos, um diálogo diplomático que não tem impacto na vida, ou um diálogo que envolve e transforma a pessoa como um todo. A relação entre o homem e Deus, na Bíblia, é muitas vezes um diálogo dramático. Como o senhor define, portanto, o diálogo entre cristãos e judeus?

Di Segni: Eu diria que é uma necessidade da qual não se pode escapar, mas a experiência é difícil, porque é necessário superar uma série de obstáculos colocados pela história, pela teologia e pela vida cotidiana. O fato de que seja difícil não nos exime de lidar com isso, tendo um mínimo de esperança e serenidade, já que disso pode sair algo positivo.

O senhor viveu as visitas de João Paulo II à Sinagoga e, no ano passado, recebeu Bento XVI. O que nos conta sobre estes encontros?

Di Segni: Foram visitas muito diferentes. Diferentes pela época e pela personalidade. A primeira foi um acontecimento importante que marcou, simbolicamente, um ponto de inflexão na história. A segunda, um evento que confirmou que esta linha de ação. Há nestes eventos... mas este último não foi um evento em que tudo funcionou de forma pacífica, houve polêmica em torno dele, e eu insisti que muito em que se realizasse, porque eu acho que nos faz sentir que, muito além do que nos divide, existem elementos comuns e obrigações comuns - e sobretudo destas últimas, de caminhar unidos, não podemos fugir.

Quando Bento XVI chegou à Sinagoga, fez uma parada na frente das lápides que recordam os judeus romanos deportados. O dia da Memória é uma lembrança necessária ou uma advertência atual?

Di Segni: Necessariamente ambas. O dia da Memória significa que devemos parar para refletir, entender o que aconteceu, lembrar e também - como deveriam ser todos os dias da Memória - nao permanecer no passado, mas projetar esses fatos para o futuro e, como este é um problema que incide na saúde da sociedade, é absolutamente necessário parar para refletir.

O senhor acha que a liberdade religiosa está em perigo, que a vida dos crentes é ameaçada por causa da fé?

Di Segni: Absolutamente.

De onde vem o perigo?

Di Segni: Vem de toda forma possível de intolerância, que pode ser a intolerância política, a intolerância da ditadura ou também a intolerância religiosa.

A religião, em sua opinião, é uma causa ou um pretexto para a guerra e a violência?

Di Segni: Ah, pode ser as duas coisas. Às vezes, pode ser uma desculpa fácil, mas outras vezes é a própria estrutura religiosa que é intolerante. Por que falamos de religião como se, por definição, fosse uma coisa bela? É necessário discutir a religião, sofrê-la, vê-la e melhorá-la de qualquer forma.

Quanto aos italianos que estão em contato com outras culturas, que vivem em outras partes do mundo, como eles vivem a relação entre as três grandes religiões monoteístas?

Di Segni: Viajar pelo mundo é uma grande lição para entender as diferenças. Hoje, a Itália já não é tão regionalista, a paisagem humana que captamos andando pelas ruas de qualquer cidade italiana mudou muito atualmente. Conhecer as diferenças é essencial para compreender que a humanidade não detém quem tem o rosto como o meu; devemos assumir que essas diferenças existem, e então aprender a viver juntos.

A diversidade é um perigo ou uma riqueza?

Di Segni: A diferença deve ser uma riqueza.

Estão nos vendo também em Israel. O senhor gostaria de enviar uma mensagem aos judeus italianos fizeram Aliá, que voltaram à terra de Israel?

Di Segni: Somos irmãos próximos e compartilhamos as esperanças e experiências; nós nos dirigimos a eles sempre com carinho.

O profeta Zacarias e também Isaías, se não me engano, falam de um dia em que judeus e gentios comerão juntos, nas cabanas, na festa de Sucot, que relembra a peregrinação pelo deserto. Será que esta mesa é uma utopia ou uma profecia que, de alguma forma, já existe no presente?

Di Segni: O judaísmo vive de utopia e, portanto, o fato de que seja uma utopia não significa que seja algo que não será alcançado, mas ao contrário: em nossas orações, confirmamos o conceito de que nenhuma coisa dita pela boca dos profetas deixou de realizar-se, ou seja, cedo ou tarde, isso se cumprirá. De alguma forma, alguma pequena coisa é feita, porém ainda temos muito a percorrer.

O deserto é grande ainda...

Di Segni: Sim. Mas o deserto pode ser uma situação ideal.

Fonte: Zenit.

Uma árvore de São Paulo Fora dos Muros para “Jardim de Lutero”

No próximo domingo, 23 de janeiro, será realizado um ato ecumênico na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, no qual será plantada e abençoada uma árvore, em parceria com o projeto ecumênico "Jardim de Lutero", em Wittenberg, na Alemanha.

Isto foi declarado pelo Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, em um comunicado de ontem, confirmando a participação do presidente do dicastério, cardeal Kurt Koch, neste evento.

Durante o ato, o cardeal Koch, juntamente com o arcipreste da Basílica, cardeal Francesco Monterisi, e com o abade Edmund Power, diante de representantes de várias confissões cristãs, plantará e abençoará uma oliveira, "como um sinal de comunhão ecumênica crescente entre católicos e luteranos".

Esta iniciativa tem lugar dentro os eventos programados para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, e por ocasião da visita de uma delegação da Igreja Unida Evangélico-Luterana da Alemanha, liderada pelo bispo Johannes Friedrich (Munique).

Audiência com o Papa

A delegação da Igreja Unida Evangélico-Luterana da Alemanha se encontra nestes dias em Roma por ocasião dos 500 anos da visita de Lutero a Roma.

É composta por 19 representantes, entre eles, o responsável pelas relações com os católicos, o bispo Friedrich Weber (Braunschweig), e o antigo primeiro-ministro da Baviera, Günther Beckstein.

A Igreja Unida nasceu da Reforma de Lutero, no século XVI, e inclui todos os fiéis luteranos da Alemanha (cerca de 18 milhões de pessoas), além de ter um papel influente na Federação Luterana Mundial.

A delegação tem agendado um encontro com o Papa na segunda-feira, 24 de janeiro, e uma série de reuniões com funcionários do Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos sobre o estado atual do diálogo ecumênico.

Segundo afirma o dicastério em sua declaração, "os consideráveis resultados nas últimas décadas são agora uma sólida base de comunhão entre luteranos e católicos".

"O encontro de São Paulo Fora dos Muros mostra, mais uma vez, que o diálogo entre as duas comunidades se tornou uma realidade de vida e que o compromisso ecumênico da Igreja Católica, como observou o Papa João Paulo II na sua encíclica Ut unum sint, é irrevocável e irreversível."

O Luthergarten ("Jardim de Lutero") começou a ser construído em Wittenberg, cidade chave na história da Reforma, para comemorar os 500 anos desde a publicação das famosas 95 teses de Lutero.

Nele se plantarão 500 árvores, que serão apadrinhadas por várias denominações cristãs, e será terminado em 2017, ano do quinto centenário. Cada árvore plantada deve corresponder a uma outra árvore colocada em uma igreja da confissão que a apadrinha.

Fonte: Zenit.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Está de volta a Europa dos muros?

A Europa também poderia ter em breve o seu “muro da vergonha”. A Grécia, governada pelo primeiro-ministro socialista Giorgios Papandreou, está projetando a construção de um muro de 12,5 km (chegou-se antes a falar até de 206 km) para frear o fluxo contínuo de imigrantes asiáticos e africanos ilegais, que entram no país pelo trecho mais sensível e permeável da sua fronteira com a Turquia, nos arredores da cidade de Orestiada, único ponto em que não existem obstáculos naturais. A informação foi confirmada no último 4 de janeiro pelo ministro grego para a Proteção dos Cidadãos, Christos Papoutsis.

Conforme o Spiegel Online (de 1º de janeiro), durante o período de janeiro a novembro do ano passado foram detidos 32.500 clandestinos na passagem de Orestiada. Atenas pediu ajuda à Agência Europeia para o controle das fronteiras externas da União Europeia, a Frontex.

Fundada em 2004, esta agência, com sede em Varsóvia (Polônia), enviou em novembro de 2007, pela primeira vez desde a sua criação, um grupo de mais de 200 peritos do RABIT (Rapid Border Intervention Teams) até Orestiada. Embora a sua missão tenha sido prorrogada até março de 2011, pode-se dizer que o resultado foi insuficiente, apesar de uma queda do número de ilegais detidos a cada dia, de 250 para 140. Esta constatação motivou a Grécia a propor o muro, um plano que se baseia na longuíssima cerca de separação construída pelos Estados Unidos ao longo da fronteira com o México, da Califórnia até o Texas.

A iniciativa de Atenas foi criticada por organizações não governamentais e por grupos de defesa dos direitos humanos. Laura Boldrini, porta-voz na Itália do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), escreve em seu blog na Repubblica.it que o plano reflete a tentação europeia de “se tornar uma fortaleza inexpugnável para os emigrantes e para os que pedem asilo”. “Erigir muros, levantar cercas, rejeitar clandestinos em pleno mar, são medidas baseadas na pressão migratória, que raramente resolvem os problemas, inclusive os problemas de quem procura proteção”, escreveu em 7 de janeiro.

Bill Frelick, da Human Rights Watch (HRW), comenta que o projeto “é uma tentativa de resolver às pressas um problema que é muito mais amplo” (BBC, 4 de janeiro). Também Michele Cercone, porta-voz da Comissária Europeia da Segurança, Cecilia Mälstrom, usou palavras semelhantes: “Os muros ou cercas são medidas de curto prazo que não permitem encarar de maneira estrutural a questão da imigração clandestina”, (Le Monde, 4 de janeiro).

Para o governador da província turca de Edirne, Gökhan Sözer, o muro terá pouca eficácia. “Há um rio de 200 km (o Maritsa ou Evros), que pode ser atravessado de barco durante o inverno e a pé no verão, quando o nível da água é baixo”, declarou à emissora televisiva turca NTV.

Bem dura foi a analista turca Beril Dedeoğlu, diretora do departamento de Relações Internacionais da Universidade Galatasaray de Istambul. “É quase como se um país da União Europeia que não quer a adesão da Turquia estivesse em dificuldades, porque parece que estão procurando desesperadamente novas medidas de exclusão”, afirmou em 5 de janeiro no site Zaman News,observando a possibilidade de que a ideia do muro tenha vindo dos israelenses, “que agora são bons amigos dos gregos”. Para Dedeoğlu, que fala de “uma vergonha para o século XXI”, “este muro simboliza uma única cosa: declara materialmente que a Turquia está fora da Europa”.

Por sua vez, o ministro Papoutsis denunciou “a hipocrisia dos que criticam”. “O plano responde ao dever do governo de proteger os direitos dos cidadãos gregos e dos que residem legalmente no país”. A respeito do muro, ele afirmou que “não é algo contra a Turquia” (Le monde, 4 de janeiro).

Papoutsis recebeu o apoio inesperado do primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdogan. Depois de uma visita de seu homólogo grego Papandreou, Erdogan expressou, na última sexta-feira, a sua compreensão pela situação do país vizinho. “Compreendemos a gravidade do problema que a imigração ilegal constitui para a Grécia”, declarou o premier turco, citado pelo jornal espanhol ABC em 16 de janeiro.

Para o político do partido filo-islâmico AKP (Partido da Justiça e do Desenvolvimento), é um erro ver no plano grego uma postura antiturca. Além disso, segundo ele, não se trata de um muro, e sim de “só uma barreira”.

A questão do muro ilustra novamente como o fenômeno da imigração é um quebra-cabeça para a política europeia, especialmente para governos como a Grécia, que talvez esteja na pior situação econômica e financeira de toda a União Europeia. Atenas está desenvolvendo um severíssimo plano de austeridade e sofre um crescente descontentamento popular.

Como observa o Papa Bento XVI na mensagem para a 97ª Jornada Mundial do Migrante e do Refugiado, celebrada no último domingo, 16 de janeiro, o fenômeno da emigração é “um sinal eloquente do nosso tempo”. No texto, o papa Ratzinger recorda as palavras escritas por seu predecessor João Paulo II, que falou de um “direito a emigrar”. “A Igreja reconhece este direito a cada homem, em duplo aspecto: a possibilidade de sair do próprio país e a possibilidade de entrar em outro, em busca de melhores condições de vida”. Wojtyla escreveu o texto na 87ª edição da Jornada, acrescentando, porém, que “o exercício deste direito deve ser regulado, porque uma aplicação indiscriminada acarretaria danos e prejuízos ao bem comum das comunidades que acolhem o emigrante” (nº3).

É este, em resumo, o desafio atual não só da Grécia de Papandreou ou da Itália dos desembarques de clandestinos, mas de toda a Europa. A emigração é um fenômeno global: segundo o último informe da OIM (Organização Internacional para as Migrações), com sede em Genebra (Suíça), publicado em 29 de novembro, o mundo conta atualmente com 214 milhões de emigrantes internacionais. Em 2050, poderão ser 405 milhões.

Fonte: Zenit.

Cristãos e muçulmanos discutem fanatismo religioso no Catar

A Liga Árabe convocou líderes cristãos e muçulmanos para participar de um encontro inter-religioso sobre Jerusalém e o fanatismo religioso, que será realizado nos dias 2 e 3 de fevereiro, em Doha, capital do Catar.

O patriarca latino de Jerusalém, Dom Fouad Twal, que vai participar da reunião, disse à agência SIR que a iniciativa "nasceu provavelmente a partir da onda de terror e condenação surgida após os massacres em Bagdá e Alexandria, no Egito".

Segundo o patriarca, "dos massacres no Iraque e no Egito, nasceu, ou melhor, despertou-se uma consciência por parte dos líderes muçulmanos sobre os perigos do radicalismo".

"O bom que nasceu do atentado de Alexandria é que hoje existe uma maior conscientização entre os políticos, entre líderes árabes, muçulmanos e cristãos, a partir do fato de que o fanatismo cego não é bom para ninguém", disse o bispo Twal à Rádio Vaticano.

"Estão tão conscientes, que nos convocaram para uma reunião de dois dias no Catar, em Doha, que incluirá representantes da Liga Árabe e líderes religiosos - muçulmanos e cristãos - para discutir sobre Jerusalém e esse fanatismo. Esperemos que dê tudo certo."

Dom Twal destacou uma série de reações positivas surgidas no mundo muçulmano depois dos atentados.

"Esses dias, li em vários jornais árabes comentários belíssimos de intelectuais muçulmanos que advertiam sobre os riscos do fanatismo religioso", explicou.

Outro gesto que o patriarca sublinhou foi o de muitos muçulmanos que, após o ataque em Alexandria, dirigiram-se ao hospital para doar sangue aos cristãos feridos.

"Nesses eventos dramáticos - concluiu Dom Twal -, emerge todo sentido de humanidade dos crentes e é sobre este fundamento que podemos construir juntos a coexistência e a tolerância."

Fonte: Zenit.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Tragédia das chuvas: bispos rezam em Aparecida

O Santuário de Aparecida acolhe neste domingo, dia 23, o bispo de Petrópolis, Dom Filippo Santoro, e o bispo de Nova Friburgo, Dom Edney Gouvêa Mattoso, que vêm rezar juntos aos romeiros pelas vítimas das chuvas na região serrana do Rio de Janeiro.

Os bispos presidirão à celebração das 8h, no Altar Central da Basílica de Aparecida, segundo informa a assessoria de imprensa do Santuário.

Durante a celebração, os bispos farão um apelo à população para que ajude as famílias atingidas pelas fortes chuvas e deslizamentos de terra que causaram mais de 700 mortes e deixaram mais de 10 mil desalojados e desabrigados.

Dom Filippo ressaltou que celebrar no Santuário Nacional é sinônimo de pedir a Maria que vigie seus filhos que passam por necessidade, por aqueles que estão feridos ou perderam tudo, e força para quem precisa recomeçar.

“É necessário pedir a intercessão da Mãe. Precisamos das nossas forças e da ajuda que vem do alto pela intercessão de Maria”, afirmou. Ele disse que pede a Nossa Senhora Aparecida que dê força aos religiosos para sustentar a fé do povo neste momento.

De acordo com o bispo, a situação das cidades da região serrana é diferenciada. “Teresópolis apresenta vários focos de destruição. O que mais impressiona é ver as casas arrasadas, as comunidades destruídas. Petrópolis apresenta outra realidade, com focos muito graves de desastres”, disse ao Portal A12.

Já Dom Edney afirmou que ainda não é possível calcular a dimensão exata de toda a devastação que ocorreu no município de Nova Friburgo.

“Aos poucos e à medida que a comunicação vai sendo restabelecida nós vamos tomando conhecimento das áreas atingidas, porque existem comunidades inteiras ilhadas, seja pela via de comunicação ou pelo acesso terrestre”, disse.

Segundo o bispo, a Igreja está trabalhando em duas frentes: primeiro com a administração das doações que chegam. Depois, com a assistência de socorro espiritual às pessoas que perderam parentes e suas casas.

“Nós procuramos mostrar para estas pessoas que na nossa vida tudo pode desabar, mas o que não pode desmoronar é a nossa fé”, disse Dom Edney.

Em todo o país e também em outras partes do mundo a Igreja Católica está mobilizada para ajudar a região serrana do Rio de Janeiro. No Brasil, as campanhas são coordenadas pela Cáritas e a CNBB.

Fonte: Zenit.

Papa agradece fidelidade dos católicos sírios

Bento XVI agradece à comunidade católica da Síria por sua "fidelidade ao Senhor e à sua Igreja, fidelidade ao Bispo de Roma e ao seu ministério de Sucessor de Pedro".

A mensagem, assinada pelo cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado vaticano, foi enviada pelo Papa por ocasião da consagração da catedral de Alepo no último dia 15, pelo cardeal Leonardo Sandri, prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais.

"O Santo Padre - diz o texto, como refere o L'Osservatore Romano -, conhece bem a fidelidade da comunidade católica da Síria. E agradece por essa fidelidade e por suas orações, pela fecundidade do seu serviço à verdade e à unidade."

"Ele também agradece aos católicos latinos da Síria que uniram suas forças, seu trabalho, seus sacrifícios e suas ofertas, bem como suas orações, para dar a Deus uma casa digna d'Ele, para invocar o seu nome e implorar a sua misericórdia", acrescenta o texto.

O Papa espera que a comunidade católica da Síria possa continuar oferecendo ao seu próprio país "um contributo significativo para a sua elevação moral e social, no verdadeiro espírito do diálogo ecumênico e inter-religioso".

Comunhão e testemunho

Em sua homilia durante a consagração da catedral, o cardeal Sandri exortou a estender a mão "aos irmãos e irmãs de todas as religiões, buscando aquilo que nos une, oferecendo e pedindo o respeito mútuo de direitos e deveres, inclusive religiosos, para os indivíduos e para a comunidade".

O prelado recordou, portanto, as duas principais mensagens do recente Sínodo para o Oriente Médio: comunhão e testemunho.

"São duas tarefas indissociáveis e para todos - observou -, mas principalmente quero encorajar os leigos, chamados a vivê-las na família, no trabalho no âmbito educativo e social. É essencial o papel da família na comunidade paroquial, para difundir a fé às novas gerações e para cultivar as vocações ao sacramento do matrimônio, ao sacerdócio, à vida religiosa e missionária."

O cardeal se dirigiu depois seu pensamento "a todos os pastores e os fiéis, aos que sofrem no corpo e no espírito; àqueles que deixaram sua terra natal, mas seu coração está conosco hoje, e aos que nos precederam no sinal da fé depois de terem preparado, com seus sacrifícios, este dia de louvor ao Senhor e de festa para o seu povo".

"Que este seja um dia de bênção para outras igrejas cristãs e comunidades cristãs, bem como para os irmãos e amigos do Islã e de outras religiões, e para todos os homens e mulheres de boa vontade", desejou.

Papel do bispo e unidade dos cristãos

"Nós prometemos permanecer sempre com o bispo, que é sacerdote, mestre e guia do mandato recebido do Bom Pastor", prosseguiu o cardeal, reconhecendo a importância do fato de que "o bispo esteja unido ao Sucessor de Pedro, o Papa de Roma e, portanto, a todos os irmãos bispos na Igreja única, para estar seguros de estar com o Senhor".

"Nossa fé afirma claramente: ubi Petrus et Episcopus ibi Ecclesia. Com Pedro e com o bispo: aí está a Igreja de Cristo", disse ele.

O cardeal recordou também que, de 18 a 25 de janeiro, acontece, como cada ano, a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.

"Vamos fazer nossa a invocação de Jesus ao Pai: ‘Que sejam um'. É o mandato contido também no Sínodo convocado pelo Papa em Roma em outubro passado, para os bispos do Oriente Médio - constatou. Comunhão com Deus, em primeiro lugar, que vem da unidade dentro da Igreja entre os latinos e orientais de toda tradição. Só juntos podemos orar e trabalhar pela unidade entre os batizados."

Na consagração da catedral, dedicada ao Menino Jesus, estiveram presentes, entre outros, Dom Mario Zenari, núncio apostólico na República Árabe da Síria, Dom Giuseppe Nazzaro, vigário apostólico de Alepo, Dom Maurizio Malvestiti, subsecretário da Congregação para as Igrejas Orientais, o mufti, o governador da região, religiosos e consagradas.

Fonte: Zenit.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A explosão do cristianismo na África

Frequentemente, a África foi chamada de "o continente esquecido". No entanto, com as visitas do Papa João Paulo II e Bento XVI, os fiéis sabem mais sobre a África como o lar de uma das populações católicas de mais rápido crescimento no mundo.

Para a Sociedade das Missões Africanas, a África é tudo menos um continente esquecido. Esta instituição religiosa tem trabalhado no continente por mais de 150 anos.

Para conhecer estes missionários e seu trabalho na África, entrevistamos Dom Kieran O'Reilly, consagrado bispo de Killaloe, Irlanda, em agosto passado. Antes desta nomeação, ele ocupou por quase dez anos o cargo de superior geral da Sociedade das Missões Africanas.

A África tem experimentado uma explosão de fiéis católicos: de 1,2 milhão em 1900, a mais de 140 milhões hoje. A que o senhor atribui essa explosão de fé em África?

Dom O'Reilly: Muitos dos meus amigos bispos na África diriam que é "especialmente uma bênção de Deus e uma grande graça" - ver os números do batismo, tanto de adultos como de crianças, ver o número de pessoas que procuram outros sacramentos.

Mas eu acho que a realidade da África é que, desde a sua independência, há 40 ou 50 anos, temos visto um enorme crescimento da urbanização na África. Com o crescimento das cidades, muitas pessoas se mudaram das áreas rurais para estar nas cidades, que são em grande parte estranhas, até que possam integrar as comunidades que estão nelas. Muitas vezes, essas comunidades estão associadas às igrejas, pelo que há, como tem acontecido, pessoas que, quando se deslocam das áreas rurais, acabam de imediato no tecido da vida da Igreja nas áreas urbanas.

E provavelmente procuravam isso por ser uma realidade conhecida nesse ambiente estranho?

Dom O'Reilly: Sim, mas na África há também um forte sentimento de unidade entre as aldeias e as pessoas que são de aldeias já estabelecidas nas cidades: assim, elas se unem imediatamente. Você pode se mover geograficamente, mas vai estar ligado à sua região e às suas próprias raízes.

A obra missionária mudou devido à urbanização?

Dom O'Reilly: Se falo por nós, por nosso instituto missionário - já que uma das nossas principais tarefas é a evangelização -, mudou. Está em constante evolução, dado o número crescente de pessoas atualmente. E quando se trata da questão dos números, é preciso encaixá-los bem dentro no crescimento da população africana, porque, especialmente na África Subsaariana, a população cresceu enormemente nos últimos 30 anos e continuará crescendo: boa saúde, água potável, há muitos fatores que contribuíram para isso. A realidade do crescimento da Igreja está intimamente ligada ao crescimento da África.

De fato, diz-se que 90% da população está abaixo dos 24 anos. Isso também é um desafio para a Igreja. Como se pretende atender os jovens agora?

Dom O'Reilly: É um enorme desafio. Uma das coisas que me impressionou ao viajar às grandes cidades, como Kinshasa, Lagos, Abidjan, qualquer uma das cidades da África, foi o enorme número de jovens - especialmente da população do Ensino Médio - e, consequentemente, o número de pessoas preparadas para a universidade, mas que estão sem trabalho. É um movimento enorme a cada dia. Basta ir a Lagos para ver o número de pessoas e também o desafio do governo na hora de fornecer serviços básicos para uma população que está crescendo tão rapidamente.

A infraestrutura necessária é grande; então para nós, como igreja, considerando isso, uma das principais coisas que tivemos de fazer foi estabelecer escolas. Construímos a igreja e a seguinte coisa que você tem em uma escola na porta ao lado - ou, como costumava acontecer nas primeiras missões - a igreja era a escola. Mas agora, com o número de crianças que querem ir às escolas, a igreja já não é capaz de fazer tudo sozinha e o Estado tem poucos recursos. Precisamos contribuir de uma maneira especial, porque a educação é a esperança.

Qual é a resposta?

Dom O'Reilly: A resposta é não perder a esperança. A resposta é comprometer-se. A resposta é continuar trabalhando com a igreja local, com os grupos locais, solicitar a assistência oportuna de Ajuda à Igreja que Sofre e de organizações similares, pessoas generosas do exterior. As pessoas podem dizer: "Ó, estamos cansados de dar". Não, você nunca se cansa de dar, é para as crianças, é para o seu futuro, é para a esperança. Você nunca pode se cansar com isso. O desafio é enorme porque a população continua crescendo.

Dizem que, em 2050, três países africanos estarão entre os 10 países com o maior número de católicos do mundo: Uganda, Congo e Nigéria. Está na África o futuro do catolicismo?

Dom O'Reilly: É uma pergunta difícil. Eu diria, como resposta, que grande parte do futuro do catolicismo está na África, mas nem tudo nela e, como resultado, acho que deve haver mais consciência da realidade africana na nossa Igreja. Não está muito longe da cidade de Roma. Basta atravessar o Mediterrâneo, mas às vezes pode parecer muito distante. Assim, será a realidade demográfica - isto é, será desta forma. Então, acho que em todos os níveis, dentro da Igreja, deve haver uma consciência real disso e uma abordagem dinâmica desta realidade.

Qual é a força da fé africana?

Dom O'Reilly: Suponho que o poder da fé africana vem do próprio povo, da maneira como se relacionam com a existência de Deus, com a realidade de Jesus Cristo em suas vidas e com a forma como o cristianismo pode entrar no rico contexto de suas culturas de ajuda mútua. Há um grande sentido de poder compartilhar, enquanto em outras culturas podemos ser mais egocêntricos. O lugar onde se pode ver melhor isso é à mesa. Há sempre comida, não importa, sempre há arroz suficiente. Ninguém vai passar fome. Eles têm esse sentido, que é o coração da hospitalidade e do acolhimento cristãos. É inspirador quando você vai para diferentes lugares da África. Sempre se vê isso.

Qual é a fraqueza da fé católica na África?

Dom O'Reilly: Uma fraqueza, acho, é a incapacidade de resolver mais rapidamente algumas das realidades do ambiente.

Por exemplo?

Dom O'Reilly: Um dos grandes temas, que sempre apresentará desafios, é toda a questão da corrupção: corrupção na sociedade, que é realmente uma doença terrível e faz um tremendo estrago a tudo. Pessoas boas, bem capacitadas, não podem conseguir um emprego porque não pagar o suborno. Toda a infraestrutura de poder pode se concentrar em práticas e pagamentos corruptos. A Igreja tenta, mas é muito difícil, porque é algo que está enraizado em muitas culturas hoje, e devo dizer que isso se deve muitas vezes aos líderes e aos estrangeiros, que vieram para tirar proveito com qualquer propósito, talvez para extrair recursos. Para obter um trato melhor, não hesitam em pagar e, depois, se no interior do país não há nenhum controle ou prestação de contas, tudo desaba.

Aqui está outra questão. Nós temos falado sobre o crescimento do catolicismo, mas também vimos um forte crescimento do Islã. Um em cada três africanos se considera muçulmano. Que desafios esta realidade apresenta para a Igreja Católica na África?

Dom O'Reilly: O mais importante desafio que se apresenta é poder trabalhar com os nossos irmãos e irmãs. Vivem na porta ao lado. Nossa igreja está construída ao lado da mesquita. Trabalham nos mesmos campos. Andam nos mesmos ônibus. Portanto, uma das coisas mais importantes é o respeito mútuo, que deve ser desenvolvido e deve vir de uma compreensão da nossa parte - e da deles - dos valores que temos e, claro, quando isso acontece, você começa a descobrir que os nossos valores são comuns, que há uma busca comum do bem.

Há existe o risco - e tem estado presente na África, com estas duas grandes religiões mencionadas - de elementos extremistas dentro delas, que querem tirar proveito com finalidades específicas, sejam elas políticas, sociais ou econômicas, para tentar desestabilizar uma região, um governo ou um ministério. Mas eu acho que uma das coisas mais importantes que aconteceu nos últimos 30 anos foi a grande aproximação que houve e como trabalhamos uns com os outros em vários níveis do governo. Conheço a Nigéria, com os recentes confrontos em Bauchi: o líder da Igreja Católica e o imame imediatamente se reuniram para conversar sobre o que estava acontecendo e tentar resolver. Por isso, é verdade que houve um grande passo para uma melhor compreensão e respeito das posturas alheias, das suas formas e das nossas formas de viver e trabalhar juntos.

Até o Papa Bento XVI tem falado com força sobre a questão do diálogo com o Islã como uma solução para muitos conflitos que parecem estar aumentando.

Dom O'Reilly: Isso mesmo. Infelizmente, muitos deles são "manipulados" para benefício de alguns políticos ou algumas pessoas e, então, o bom trabalho realizado se desfaz muito rapidamente e é preciso voltar a construir. Tentamos construir uma sociedade justa e os valores do Islã, neste respeito, são os mesmos que os nossos, então trabalhamos juntos, com essa finalidade.

Tanto os cristãos e os muçulmanos apreenderam muitas crenças tradicionais africanas. Estamos falando aqui de sincretismo? Há também um renascimento de crenças tradicionais africanas. Como o senhor vê essa questão?

Dom O'Reilly: Há um renascimento. É possível que esteja ligado ao Brasil e aos vários cultos desenvolvidos lá. Também está ligado, acredito, à mídia. Existe um enorme mercado de representações e relatos em que a bruxaria é uma parte importante da história. Isso está atualmente muito generalizado na África. Eu já vi em toda parte. Portanto, é um grande desafio. Em muitos casos, pode vir de uma situação em que há muita pobreza e desemprego. Mesmo as melhores pessoas, devido aos seus filhos, procurarão em qualquer direção. Irão a qualquer lugar se o seu filho não estiver bem. Quem não faria isso?

Portanto, a resposta deve ser, novamente, a educação, uma compreensão adequada do que a Igreja Católica faz. Estamos conscientes de seus vários aspectos - uma preparação cuidadosa dos nossos próprios ministros, religiosos e leigos - para que esta situação não nos conduza novamente a uma época de medo ou a uma época em que essas forças acabavam com a vida das pessoas. Este não seria o caso. Há sempre um risco em sociedades dominadas pela pobreza, miséria e desemprego.

O documento de João Paulo II, "Ecclesia in África ", diz que chegou a hora da África. O senhor acha que é assim mesmo?

Dom O'Reilly: Sim, em alguns níveis. Quero dizer que dentro da Igreja é verdade que chegou, devido às estatísticas que você citou e ao fato de que essas estatísticas vão subir nos próximos 10, 20, 30 anos. A África, infelizmente, no âmbito econômico, é deixada de lado cada vez mais e está sendo usada cada vez mais somente por seus recursos, como vemos no caso das grandes potências que estão fazendo isso. Mas, quanto à Igreja, eu diria que o momento chegou, e acho que João Paulo II percebeu que, no futuro, será um continente central, talvez não seja o dominante, mas será central na vida da Igreja e em sua missão.

Como isso vai mudar a Igreja universal?

Dom O'Reilly: Para melhor, porque suponho que a riqueza de todas as nossas igrejas, sejam elas quais forem, é a riqueza de alguém como Paulo, que tem raízes quase greco-judaicas, leva-as para Roma e introduz o Evangelho. Então, podemos, sim, inculturar o Evangelho integralmente na África; a África devolverá uma riqueza para a Igreja universal, que não podemos sequer imaginar. E se podemos ver o rosto de Cristo do jeito que se manifesta em suas culturas, teremos a riqueza que o Espírito quer que tenhamos.

O que a África lhe deu?

Dom O'Reilly: Deu-me o sentido de que o espírito está sempre presente em suas comunidades. As comunidades que eu encontrei são as mais inspiradoras e humildes. É possível para as pessoas sirvam umas às outros como elas fazem, independentemente do custo. Elas se entregarão generosamente ao serviço da igreja. São incríveis. Amam a Igreja.

* * *

Esta entrevista foi realizada por Mark Riedemann para "Deus chora na terra", um programa rádio-televisivo semanal produzido por Catholic Radio and Television Network, (CRTN), em colaboração com a organização católica Ajuda à Igreja que Sofre.

Mais informação em www.aisbrasil.org.br, www.fundacao-ais.pt.

domingo, 16 de janeiro de 2011

DOM DIAMANTINO: A VENERÁVEL NHÁ CHICA

A Igreja Católica, que peregrina em todo o mundo, e a centenária Igreja da Campanha, plantada nas abençoadas terras sulmineiras, estão em festa com o anúncio do reconhecimento das virtudes heróicas da virtuosa Leiga Francisca de Paula de Jesus, carinhosamente conhecida por Nhá Chica, que viveu, aspergindo o bem na cidade de Baependi, dentro de nossa circunscrição eclesiástica.Virtudes heroicas, ou simplesmente virtude heroica, é a designação canônica dada ao conjunto de requisitos de exemplaridade de vida que devem ser demonstrados para que se inicie o processo formal de canonização dentro da nossa Igreja Católica. A demonstração da existência de virtude heróica é feita pela análise, post mortem, do comportamento e percurso de vida do candidato à santidade, tendo de ficar claro, e para além de qualquer dúvida que, em vida, a conduta do candidato se pautou pela prática para além do comum das virtudes teologais e das virtudes cardeais.
O reconhecimento das virtudes heróicas de Nhá Chica (Francisca Paula de Jesus), feito hoje pelo Santo Padre Bento XVI, em audiência ao Emmo. Sr. Cardeal Prefeito da Congregação das Causas dos Santos, o Salesiano Angelo Amato, deixa alegre a nossa Centenária Diocese da Campanha, por ver uma das suas, mais expressivas, filhas a caminho das honras dos altares. Ela passa a ser um exemplo reconhecido de fidelidade no seguimento de Cristo, pois vivendo como leiga o seu batismo, testemunhou e viveu a santidade como vocação, que a Igreja recorda a cada cristão (LG 5). É um exemplo para todos nós, mas sobretudo para os leigos, que no cumprimento fiel do seu dever de estado, descobrem a vontade de Deus em suas vidas, respondendo quotidianamente ao que Ele pede, em Jesus Cristo, pela ação do Espírito Santo.
Com o reconhecimento das virtudes heróicas, Nhá Chica recebe o título de "venerável". Esse é um passo importante do processo de beatificação. Aguarda-se agora a confirmação de um milagre por intercessão dela para que possa ser proclamada beata.
Recomendo, vivamente, a todos os párocos e administradores paroquiais de nossa Diocese, que comuniquem ao povo santo de Deus, neste tempo de missão, que uma de nossas filhas diletas, que evangelizou no seu tempo com o testemunho de sua vida, agora está próxima de ser elevada às honras dos altares. Demos graças a Deus por esta alegria eclesial e testemunho de que nossa Diocese oferece santos e santas à Igreja e ao Povo Santo de Deus. Que o testemunho e as virtudes de Nhá Chica abençoem o nosso qüinqüênio missionário para que, como ela, sejamos autênticos discípulos-missionários de Jesus Cristo.
Que logo possamos rezar NHÁ CHICA, ROGAI POR NÓS!

† Frei Diamantino P. de Carvalho, ofm

Bispo da Diocese da Campanha

Paquistão: fundamentalistas islâmicos contra Bento XVI

"Entre as normas que lesam o direito das pessoas à liberdade religiosa, uma menção particular deve ser feita da lei contra a blasfêmia no Paquistão: de novo encorajo as autoridades deste país a realizarem os esforços necessários para a ab-rogar, tanto mais que é evidente que a mesma serve de pretexto para provocar injustiças e violências contra as minorias religiosas. O trágico assassinato do governador do Punjabe mostra como é urgente caminhar neste sentido: a veneração a Deus promove a fraternidade e o amor, não o ódio nem a divisão."

Este foi o convite para a revogação da norma muito discutida - em especial os artigos 295-B e 295-C do Código Penal do Paquistão -, dirigido por Bento XVI às autoridades do país, em seu tradicional discurso ao Corpo Diplomático acreditado junto à Santa Sé, em 10 de janeiro. Estas palavras foram o suficiente para causar um pandemônio no país asiático, onde a religião é, cada vez mais, um fator de profunda divisão, aliás, que divide a sociedade inteira.

Segundo a agência Fides, o Fórum Islâmico Tehrik-e-Tahaffuz-e-Namoos-e-Risalat (TTNR ou Aliança para defender a honra do Profeta), anunciou que hoje, 14 de janeiro, após as orações tradicionais sexta-feira, haverá uma manifestação nacional de protesto contra o Pontífice. A rede transversal nasceu no mês passado, em reação à mobilização a favor de Ásia Bibi, a mulher acusada de (suposto) insulto ao Profeta e condenada à morte por enforcamento, em 7 de novembro, por um tribunal da província de Punjabe.

O anúncio da manifestação confirma a contínua islamização e radicalização do país, um fenômeno que não poupa nem os mais altos níveis do Paquistão, incluindo o poder judicial. Quem lançou a rede TTNR foi, na verdade, o advogado de 30 anos Rao Abdur Raheem, cuja organização de jovens advogados - uma vez considerada uma força da democracia - aprovou o recente assassinato do governador de Punjabe, Salman Taseer, e considera seu assassino, Malik Mumtaz Hussain Qadri (26 anos), como um "herói". Por esta razão, a Asian Human Rights Commission (AHRC) pediu, em um comunicado enviado à agência de notícias Fides (12 de janeiro), que se acusem os responsáveis da TTNR por "incitar publicamente a morte de pessoas inocentes".

Já há alguns dias, representantes político-religiosos condenaram a intervenção do Santo Padre. Como refere AsiaNews (12 de janeiro), o secretário-geral de um dos mais antigos partidos islâmicos no Paquistão - o Jama'at-e-Islami (JI) -, Liaquat Baloch, descreveu as palavras do Papa Ratzinger como "loucuras", porque colocam em perigo "a segurança dos cristãos paquistaneses". Para o líder islâmico, o assassino do governador de Punjabe também recebera o apoio "de toda a nação".

Mas o discurso do Papa também recebeu elogios e adesões. "É hora de tomar posições firmes e promover a liberdade religiosa. Também apoio as palavras do Papa pela revogação da lei sobre a blasfêmia, porque ela só é usada para resolver disputas pessoais", disse a AsiaNews (13 de janeiro) o chefe do conselho islâmico de Islamabade, o mullah Mehfuz Ahmed. Também o chefe do departamento de estudos islâmicos na Quaid-e-Azam University, de Islamabade, Muhammad Asad Shafique, aprovou o discurso de Bento XVI. Em sua opinião, o discurso chegou em um "momento crucial" e o processo contra o assassino de Taseer será "um teste para o sistema judicial" de seu país. E, como observa um estudioso muçulmano muito conhecido, Waqas Ali Wasti, inclusive o fundador do Paquistão, Muhammad Ali Jinnah (1876-1948), estaria hoje morto por extremistas islâmicos, "com falsas acusações de blasfêmia".

Enquanto isso, o marido da Ásia Bibi pôde visitá-la na prisão de Sheikhupura, perto de Lahore, capital da província de Punjabe. Como informam fontes da Fides (12 de janeiro), a mulher está cansada e preocupada, e sente-se constantemente em perigo. "Quem irá nos proteger agora? Estamos todos em perigo", disse Bibi, em relação à morte do governador. Sua preocupação não é exagerada. Segundo o chefe da associação que auxilia a família da mulher - a Masihi Foundation -, Haroon Bsrket Masih, "hoje, há 10 milhões de potenciais assassinos da Ásia".

Falando com a agência Fides, Masih, por outro lado, criticou o governo do primeiro-ministro Yousaf Raza Gilani, do PPP (Pakistan People Party). "O governo, com o primeiro-ministro Gilani e o ministro da Justiça, tem dito abertamente que não pretende, de forma alguma, alterar a lei sobre a blasfêmia. O executivo é refém dos fundamentalistas: dessa forma, afasta-se dos princípios e da visão democrática, legitimando patentes violações dos direitos humanos. Eu me pergunto: "Quem tem o poder hoje no Paquistão? O governo ou os líderes religiosos radicais?".

Em suma, o clima no Paquistão está cada vez mais incandescente. E é preciso levar a sério as ameaças de morte feitas contra o ministro para as Minorias, o católico Shahbaz Bhatti, e a ex-ministra e atual deputada Sherry Rehman, que, no final de novembro, apresentou um projeto de lei sobre a blasfêmia. "Hoje, estamos vivendo tempos particularmente difíceis, nos quais qualquer cidadão liberal no Paquistão corre o risco de ser assassinado pelos fanáticos", admite Peter Jacob, secretário da Comissão "Justiça e Paz", da Conferência Episcopal do Paquistão (Fides, 13 de janeiro). De fato, não nos esqueçamos que, para o maior jornal em língua urdu do Paquistão, Jang , "quem apoia um blasfemo é em si um blasfemo" (Agence France-Presse, 5 de janeiro).

sábado, 15 de janeiro de 2011

SEGUNDO DOMINGO COMUM

Jo 1, 29-34
“Eis o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo”

O texto de hoje é tirado do Quarto Evangelho, o da Comunidade do Discípulo Amado. Escrito muito depois dos Sinóticos, o quarto evangelho tem como uma das suas características o uso abundante de símbolos, e uma cristologia bastante diferente dos outros três evangelhos. O texto de hoje situa-se no contexto de 1,19 - 2,12, onde, num cenário de sete dias, o autor descreve os sete dias da nova criação, que se dá em Jesus, fazendo paralelismo com o relato de Gênesis.

Diante das dificuldades em explicar o sentido do Batismo e Jesus, que comentamos semana passada, João omite o evento, mas descreve a descida do Espírito Santo sobre Jesus. Usando um símbolo muito conhecido dos primeiros judeu-cristãos, João Batista proclama Jesus como o “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. O texto evoca ecos de duas imagens do Antigo Testamento - Jesus é o cordeiro pascal da páscoa cristã, que, pela sua morte, acontecida no exato momento em que os cordeiros pascais estavam sendo abatidos no Templo (Jo 19, 14), salvou o mundo do pecado, da mesma maneira que o sangue do cordeiro pascal original salvou os israelitas do anjo destruidor (Êx 12, 1-13). Em segundo lugar, Jesus é também o Servo de Javé, descrito por Isaías, o Servo Sofredor, que “brutalizado, não abre a boca; como uma ovelha emudece diante dos tosquiadores; ...carregou o pecado das multidões e intercede pelos transgressores” (Is 53, 7-12). João Batista também proclama que Jesus existia antes dele - um tema tipicamente joanino, o da preexistência do Verbo.

Como o Batista batizava com água, Jesus batizará com o Espírito Santo. Embora talvez o Batista se referisse ao espírito purificador de Deus, de que falavam os profetas como purificador dos corações nos últimos dias (Is 4, 4; Ez 36, 25s; Zc 12, 10; 13, 1;), o evangelista quer que o leitor veja uma referência ao Espírito Santo, dado por Jesus e pelo batismo cristão.

Diferente dos Sinóticos, em João não se fala de uma voz celeste no momento do batismo. Substituindo-a, o próprio Batista dá testemunho: Jesus é o “Eleito” de Deus, sobre quem o Espírito de Deus desceu e permaneceu! Aqui temos mais uma referência ao Servo Sofredor de Isaías (Is 42, 1). A ênfase sobre o fato que o Espírito “permaneceu” sobre Jesus é peculiar ao Quarto Evangelho. O autor quer ressaltar o relacionamento permanente entre o Pai e o Filho, e entre o Filho e os que n’Ele acreditam. Aqui, o Espírito de Deus permanece com Jesus, que o Evangelho vai mostrar ser aquele que o dispensa aos que crêem (Jo 3, 5. 34; 7, 38-39; 20, 22).

Assim, logo no início do Quarto Evangelho, temos toda uma cristologia, através do testemunho do Batista referente a Jesus: Ele é aquele que sempre existia, que morrerá como o Cordeiro Pascal e como o Servo Sofredor, pelos pecados das pessoas, para depois derramar o Espírito Santo sobre o Novo Israel, a comunidade dos discípulos.

O Quarto Evangelho, neste texto, faz do seu jeito o que os Sínóticos fazem com os seus relatos do Batismo de Jesus - proclama Ele como o Eleito do Pai, o Servo de Javé, que manifesta em sua vida a vontade do Pai e que, dando a sua vida, dá a vida eterna para todos os que n’Ele acreditam.

Fonte: Tomas Hughes, SVD.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

O que acontecerá com o Sudão?

No domingo passado, o "grande dia" começou para o sul do Sudão, com a votação do referendo que poderia dar lugar à mais nova nação da África.

A votação vai decidir o futuro da região, mais ou menos do tamanho da França e Alemanha juntas. Os cerca de quatro milhões de pessoas que registraram seu voto deveriam decidir se queriam a independência do Sudão ou se preferiam permanecer unidos.

O referendo faz parte do Acordo de Paz Global assinado em 2005, entre o regime sudanês do presidente Omar al-Bashir e os rebeldes do People's Liberation Army Movement (SPLA/M). Para ser válido, o referendo deve atingir uma quota de 60% do total registrado. Embora a votação termine no sábado, o resultado final será anunciado um mês depois, em 6 de fevereiro (ou 14 do mesmo mês, se houver recurso).

Se os separatistas vencerem, a região se tornará o 54º estado na África em 9 de julho, exatamente seis anos após a entrada em vigor do acordo de paz que pôs fim a uma sangrenta guerra civil (com pelo menos 2 milhões de vítimas) entre os muçulmanos do norte e os animistas do sul, que eclodiu em 1959 e durou, após uma longa pausa entre os anos de 1972-1983, até 2005. Não se sabe ainda que nome terá o novo país, mas se destacam entre as possibilidades: Novo Sudão, República do Nilo e inclusive Kush (ou Cuch, mencionado na Bíblia). Juba seria a capital.

Preparados?

Todos concordam em que o maior desafio começará após a provável independência. A questão é saber se "o sul do Sudão está realmente pronto para a independência". O site da BBC respondeu, em 4 de janeiro, em "Perguntas e Respostas": "Para ser brutalmente honesto, não". "Após décadas de guerra, no sul do Sudão falta tudo". "Depois que a euforia da independência passar, eles vão enfrentar a dura realidade dos milhares e milhares de sudaneses que voltarão para o sul e não terão nada", disse o bispo de El Obeid, Dom Macram Max Gassis, à Fides no sábado. "Não há escolas, hospitais, lares, nem sequer água potável", continuou o prelado, que teme a catástrofe humanitária que ocorreria se todos os do sul do Sudão, cerca de 4 milhões apenas na área de Cartum, decidirem voltar a esta região.

De acordo com o Sudan Household Health 2006, em algumas áreas da região, a mortalidade infantil durante o primeiro ano de vida ultrapassa os 110 óbitos por mil nascidos vivos. Para efeito de comparação, na Itália essa porcentagem foi de 3,4 óbitos (dados Istat) em 2006. Outro perigo que ameaça o futuro de Juba é o espectro de novos conflitos armados, especialmente em áreas que têm petróleo.

O petróleo é realmente a chave para entender o referendo. Graças aos investimentos da China (Pequim não só construiu estradas, assim como o Grande Gasoduto do Nilo, que começa no estado do sul Unity, em árabe chamado Al-Wada), o Sudão se tornou o terceiro maior produtor de petróleo da África, depois de Nigéria e Angola. O problema em Cartum é muito simples: as maiores áreas produtoras de petróleo estão concentradas no sul e, no caso de independência, o norte perderia o controle dos poços e, portanto, o controle da produção. Mas o sul também tem o seu próprio problema com o petróleo; precisa da infraestrutura do norte e do oleoduto fabricado na China para ser capaz de exportar o ouro negro.

Confirmam esses temores as notícias que chegam da disputada região de Abyei, que fica entre o norte e o sul, uma região rica em petróleo e água. Como noticiado pela Reuters, pelo menos 36 pessoas morreram em confrontos entre nômades árabes e fazendeiros, procurando pasto e água, coincidindo a violência com o referendo. Enquanto isso, outros ataques ocorreram no estado de Unity, na fronteira com estados como Kordofan Sul (que pertence ao norte) e com Bahr el-Ghazal Norte (Área Sul), segundo a Reuters.

Abyei é uma espécie de microcosmo de conflitos que vêm ocorrendo há décadas no Sudão: uma mistura explosiva de tensões étnicas, fronteiras ambíguas, petróleo e rivalidades antigas. Dirigentes do Sudanese Dinka Ngok, grupo étnico do sul, têm acusado abertamente o regime de Cartum de fornecer armas e equipamento militar para o grupo Misseriya Arab, militantes na região de Abyei, um grupo que também goza de um status especial e que atualmente está dirigido por uma representação mista, entre oficiais do SPLA/M e do National Congress Party.

Muito vai depender do presidente Bashir, que garantiu respeitar o resultado do referendo, embora ele esteja convencido de que Juba "é incapaz de sustentar seus cidadãos, ou formar um Estado ou governo" (Al Jazeehra, 8 de janeiro). Bashir tem sobre a cabeça um mandado de prisão emitido pelo International Criminal Court, por crimes contra a humanidade em Darfur. Suas promessas sobre os referendos não têm convencido os observadores, que temem o uso da velha tática de guerra "por vicários". Em uma manchete publicada no sábado passado pelo New York Times, o presidente dos EUA, Barack Obama, advertiu que "sob nenhuma circunstância, nenhum dos lados deveria usar as forças "vicárias" em um esforço para ganhar vantagem, enquanto aguardamos o resultado final".

Uma coisa é certa: O referendo não agrada Cartum. Para o ex-presidente sudanês, Sadiq al-Mahdi, líder na década de 80 de um dos grupos mais brutais da guerra civil, o referendo abre uma caixa de Pandora, porque elimina os limites do período colonial. O New York Times sugeriu o mesmo. Além disso, especialistas internacionais, como Phil Clark, da School of Oriental and African Studies de Londres, temem o efeito dominó. "A África não precisa de um novo mapa", disse Clark, segundo o New York Times.

No entanto, para o Pe. Sean O'Leary, diretor do Denis Hurley Peace Institute, com sede em Pretória (África do Sul), o referendo sudanês é um novo começo para todo o continente. "Essa votação é importante, não só para o povo do sul do Sudão, mas também é um potencial ponto de partida para reescrever as diversas fronteiras artificiais criadas na África durante a Conferência de Berlim de 1884-85", disse à Fides na sexta-feira. "Vemos o início de uma nova onda de independência. Como na África do Sul, em 1994, estamos testemunhando o nascimento de uma nova nação."

Fonte: Zenit.

Haiti: um ano após terremoto, dor, solidariedade e esperança

Um ano após o trágico terremoto no Haiti, que, em 12 de janeiro de 2010, causou 230 mil mortos e um milhão de deslocados, a Cáritas continua prestando seus serviços de ajuda ao país.

A organização lançou, em maio de 2010, um programa que prevê o investimento de 217 milhões de dólares para reconstruir casas, escolas, centros de saúde e comunitários. Atividades como a construção e reforma de casas, além de garantir novas construções resistentes a terremotos, representam quase um terço do orçamento.

A Cáritas Internacional é o braço direito oficial da Igreja Católica e está composta por 165 instituições de caridade. Onze membros da Cáritas trabalham lá, juntamente com a Cáritas Haiti, no programa de reconstrução, que tem o apoio de 60 membros da organização.

"Em memória do cataclismo que atingiu o nosso país, nós nos reunimos hoje para aliviar nossa dor e curar as nossas feridas", afirmaram, em um comunicado conjunto, as organizações da Cáritas que trabalham no Haiti.

"Os ausentes, desaparecidos, órfãos e vítimas são muitos - acrescentam. Mas não foi tanto o terremoto que levou os nossos filhos, nossos pais, nossos parentes e nossos amigos, mas os escândalos, a pobreza, o abuso dos direitos sociais dos mais pobres, a ignorância, a irresponsabilidade."

Três meses após o terremoto, a ajuda da Cáritas chegou a mais de um milhão e meio de sobreviventes.

"Naquele terrível 12 de janeiro de 2010, a família haitiana acordou de repente. Cada haitiano socorreu seu irmão. O mundo se uniu em um espírito de solidariedade unânime e imensurável. Que este impulso de fraternidade, de humanismo excepcional, continue, para ajudar os mais vulneráveis", deseja a Cáritas.

"A família Cáritas Haiti está convencida de que é possível obter um mundo diferente no país, um mundo sem fome, sem analfabetismo; um mundo que oferece um teto a todos. Acreditamos em nossa capacidade de construir um mundo melhor e mais humano, um país de amor e de igualdade", declaram.

Mais de um milhão de pessoas ainda vive em barracas, em condições intoleráveis. Os membros da Cáritas, em sua declaração, se empenharam em "despertar as consciências contra aquilo que é inaceitável".

Neste primeiro aniversário, será celebrada uma Missa no átrio da catedral em ruínas de Nossa Senhora de Porto Príncipe, capital do Haiti. A Cáritas também organizará uma cerimônia no bairro de Duval, para lançar a pedra fundamental de um novo projeto.

Fonte: Zenit.

Bispos da Venezuela contra "agenda totalitária" do governo

No final de sua 95ª Assembleia, os bispos da Venezuela escreveram a todos os membros da Igreja Católica e pessoas de boa vontade uma exortação pastoral intitulada "Anseios de união, justiça, liberdade e paz para a Venezuela".

Como em outras mensagens, os prelados do país caribenho compartilham sua "preocupação sobre a atual situação do país" e desejam "iluminar, à luz do Evangelho de Jesus Cristo, da doutrina social da Igreja e dos princípios éticos universais, a difícil situação histórica que o país vive hoje".

Expressam sua solidariedade com as vítimas das enchentes de 2010 e denunciam "a falta de uma política de prevenção e planejamento sustentada", mas agradeçam a Deus "pela solidariedade e empenho" do governo, em todos os níveis, e pelas iniciativas privadas. Recordam que a Igreja Católica canalizou toneladas de ajuda.

Em 5 de julho de 2011, a Venezuela comemorará o bicentenário da Declaração da Independência. Os pastores salientam que a solene Declaração de 1811 "começava invocando e apresentando Deus como testemunha da retidão de seus propósitos, explicitando sua posição dentro do quadro espiritual da tradição cristã e inspirando-se em ideais de liberdade e justiça, de unidade e paz".

Os bispos consideram como "um incontornável imperativo legal e ético respeitar a letra e o espírito da atual Constituição". Segundo os pastores, o governo e a Assembleia Nacional estão dando prioridade a "uma agenda ideológica que visa ao estabelecimento de um regime socialista e totalitário de Estado e de governo, contrário à atual Constituição da República Bolivariana da Venezuela".

As novas leis, opinam, "têm pouco a ver com os verdadeiros problemas do país", que os bispos enumeram no documento. "Em vez de resolver estes problemas, as leis recentes criam uma grave situação política, pois com elas se pretende impor aos venezuelanos um sistema que amplia o círculo da pobreza e agrava a dependência das pessoas em relação ao poder centralizado", afirmam.

"As autoridades do Estado - advertem - não podem assumir o controle total da vida das pessoas, nem estabelecer as condições para eternizar-se no exercício do poder. É contrário aos valores cristãos, aos direitos humanos e ao bom senso destruir aqueles que pensam diferente ou condená-los ao silêncio."

Por esta razão, convidam o governo nacional e os líderes do partido no poder a "estar cientes da situação perigosa que está sendo criada e da grave responsabilidade que têm diante de Deus e do país".

Recordam que "todos os cidadãos, especialmente os cristãos, são chamados a oferecer seu contributo para o bem comum, exigindo com firmeza o respeito à ordem constitucional e legal e colaborando na resolução pacífica de conflitos".

E expressam sua "firme disponibilidade para trabalhar pela Venezuela, ser agentes de unidade, exercer e promover o diálogo construtivo entre todos os setores da sociedade".

Pedem, finalmente, a todos os setores políticos e sociais que descartem a violência verbal, física ou jurídica como meio para resolver os problemas. Convidam a banir o ódio e a discórdia, a vingança, o insulto e as ordens de morte.

"É preciso respeitar até mesmo aqueles que têm diferentes pontos de vista políticos. Tudo se perde com a violência. Tudo se ganha com o respeito, o diálogo e o encontro cívico e fraterno", concluem.

Fonte: Zenit.

Egito: Santa Sé valoriza esforços contra violência

A Santa Sé valoriza os esforços do governo egípcio para evitar a escalada de violência por motivos religiosos, declarou nesta terça-feira o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi.

A embaixatriz da República Árabe do Egito junto à Santa Sé, Lamia Aly Hamada Mekhemar, foi recebida nesta terça à tarde no Vaticano pelo secretário para as Relações com os Estados, Dom Dominique Mamberti.

“Destacando que a Santa Sé participa da comoção de todo o povo egípcio, afetado pelo atentado de Alexandria, Mamberti assegurou que o Vaticano compartilha plenamente da preocupação do governo de 'evitar a escalada de enfrentamentos e de tensões por motivos religiosos' e aprecia os esforços do governo neste sentido”, ressalta o texto.

O padre Lombardi precisou que Lamia Aly Hamada Mekhemar irá ao Cairo para prestar informações ao seu governo. A declaração explica que, durante o encontro no Vaticano, “a embaixatriz expressou as preocupações do seu governo neste momento difícil”.

“Ela também recebeu informações e reuniu os elementos oportunos para informar adequadamente ao seu governo sobre os recentes pronunciamentos do Santo Padre, em particular quanto à liberdade religiosa e a proteção aos cristãos no Oriente Médio”.

Desconforto no Cairo

O encontro desta terça-feira no Vaticano aconteceu depois de o governo do Cairo convocar para consultas a sua embaixatriz junto à Santa Sé, por conta das recentes declarações de solidariedade do Papa aos coptas e do seu chamamento à proteção dos cristãos no Oriente Médio.

O porta-voz do Ministério de Assuntos Exteriores do Egito, Hossam Zaki, anunciou que “o Egito pediu à sua embaixatriz no Vaticano que retorne ao Cairo para consultas, devido às declarações do Vaticano que o Egito considera ingerência inaceitável nos seus assuntos internos”.

Em 2 de janeiro, durante o Ângelus, o pontífice qualificou como “vil gesto de morte” o grave atentado perpetrado na última virada de ano contra uma igreja de Alexandria do Egito, que resultou em vinte mortes.

Nesta segunda-feira, 10 de janeiro, em seu discurso de felicitação pelo ano novo ao corpo diplomático creditado junto à Santa Sé, Bento XVI pediu aos países islâmicos, em especial aos do Oriente Médio, um respeito maior pelas minorias cristãs.

Tiroteio mortal

Enquanto isso, nesta terça-feira à tarde, um cristão morreu e cinco pessoas ficaram feridas na ferrovia que liga o Cairo a Assiut.

Os incidentes ocorreram na localidade de Salamut, cerca de 200 quilômetros ao sul do Cairo, quando o policial Amer Ashur Abdel Zaher, que não estava a trabalho, entrou no trem e atirou contra um grupo de cristãos usando a pistola da corporação.

Zaher matou o cristão copta Fathi Said Ebeid, de 71 anos, e feriu sua mulher, de 61, e outras quatro pessoas, duas gravemente.

O assassino, que estava à paisana, tentou escapar, mas foi preso pouco depois. Zaher foi interrogado sobre os motivos de sua atitude, mas as autoridades mantêm segredo sobre o resultado dos interrogatórios.

O bispo da Igreja copta em Salamut, Dom Morcos, explicou à agência AsiaNews, depois de ouvir várias testemunhas, que “aquele louco ia e vinha pelo trem procurando os cristãos”.

“Vendo um grupo de mulheres e meninas que não usavam véu, concluiu que fossem cristãs e atirou gritando Allahu Akbar (Deus é grande)”, completou o bispo.

Depois do ataque, centenas de coptas se reuniram diante do hospital do Bom Pastor, de Salamut, onde os feridos estão internados, e enfrentaram a polícia, que reagiu lançando gás lacrimogêneo.

Fonte: Zenit.

Reino Unido: escolas católicas têm mais qualidade

As escolas católicas da Inglaterra e de Gales oferecem uma educação melhor do que outras instituições em todos os níveis, especialmente no desenvolvimento pessoal dos estudantes.

Esta foi a conclusão de dois estudos publicados na última segunda-feira pelo Catholic Education Service for England and Wales (CESEW).

O CESEW publicou uma “Relação de Dados do Censo de 2009 para as Escolas e Colégios” e um estudo intitulado “Valor Agregado: O Diferencial dos Colégios e Escolas Católicas na Inglaterra”.

O estudo aponta que, conforme a Office for Standards in Education, Children's Services and Skills (OFSTED), do governo, “as escolas católicas atingem, constantemente, uma pontuação melhor do que a média”.

O bispo Malcom Mahon, presidente da CESEW, afirmou que “esses dois estudos ratificam claramente que a educação católica contribui muito para o futuro da nossa sociedade”.

“Além disso”, agregou Mahon, “estes informes confirmam que o dinheiro dos contribuintes destinado às escolas católicas é bem empregado”.

Oona Stannard, chefe-executiva e diretora do CESEW, comentou: “Fico feliz de comprovar que os nossos esforços são valorizados com pontuações visivelmente mais altas no desenvolvimento pessoal, inclusive no prazer de frequentar a escola”.

“Obter resultados positivos não só beneficia os alunos, dos quais cerca de 30% não são católicos, mas mostra ainda que a Igreja investe no futuro bem-estar da sociedade através das escolas católicas”.

No desenvolvimento pessoal e no bem-estar, o estudo destaca que “a diferença mais notável é encontrada na avaliação do desenvolvimento espiritual, moral, social e cultural dos alunos, embora as escolas católicas tenham recebido melhor pontuação no aproveitamento que os alunos fazem da sua educação, no seu comportamento e na contribuição positiva que eles dão à comunidade local”.

Esta categoria, em que as escolas católicas mostram grande vantagem sobre a concorrência, exerce influência sobre outros elementos, como um estilo de vida saudável, práticas de segurança, assistência, comportamento e bem-estar econômico.

Acima da média

73% das escolas de ensino médio foram consideradas excelentes ou boas, contra 60% das escolas públicas. Na educação fundamental, 74% das católicas foram consideradas excelentes ou boas, ante 66% das públicas.

O estudo acrescenta que estes resultados refletem, também, a diversidade social que existe nas escolas católicas, já que estas instituições têm o mesmo quadro que as escolas públicas de crianças que recebem auxílios, como o refeitório gratuito.

As escolas católicas apresentam ainda maior diversidade étnica do que as suas homólogas públicas.

Na apresentação do informe, Stannard afirmou que “talvez a parte mais reveladora é a breve seção que pondera o valor agregado por estas escolas”.

“Esses resultados mostram que as nossas escolas estão se saindo extraordinariamente bem, tanto nas medidas objetivas dos resultados como quando se consideram fatores contextuais, como os níveis de diferenças sociais”, acrescentou.

Stannard continuou dizendo que “três destaques do informe são particularmente motivadores e deveriam nos incentivar à colaboração e à confiança nas nossas comunidades”.

“O primeiro é o alto nível de qualidade que oferecemos desde os primeiros anos até o ensino médio. O segundo é a grande qualidade em todos os aspectos da liderança”.

“O mais importante de todos talvez seja o terceiro, que concerne à nossa contribuição à comunidade, constantemente avaliada acima da média tanto no ensino fundamental quanto no médio”.

Stannard manifestou que “ao encarar os desafios da educação no século XXI, podemos afirmar com confiança que as escolas católicas fazem parte da solução e não do problema”.

Fonte: Zenit.

Rússia: Dom Capovilla, homenageado pela Academia das Ciências

O Instituto Europeu da Academia das Ciências da Rússia conferiu o título de doutor honoris causa em ciências históricas a Dom Loris Francesco Capovilla, que foi secretário do Papa João XXIII.

A decisão vem do diretor do instituto acadêmico, Nikolai Shmeliov, ex-assessor do presidente Mikhail Gorbachev, e foi divulgada por meio do professor Anatoly Krasikov, diretor do Centro de estudos sociorreligiosos do instituto.

Dom Capovilla recebe esse título "em reconhecimento à sua contribuição pessoal para o estudo do legado espiritual do Papa João XXIII, protagonista da história do século XX, promotor do diálogo entre as religiões e o mundo contemporâneo, um grande pacificador", destaca um comunicado.

O Instituto Europeu, a maior instituição pública russa dedicada à pesquisa científica no país, foi fundada em 1724 por Pedro o Grande e, desde 1987, está sediada em Moscou, na Academia Russa de Ciências.

Sua decisão foi elogiada pela Igreja Ortodoxa Russa através do metropolitano de Volokolamsk, Hilarion Alfeyev, membro permanente do Santo Sínodo e presidente do departamento de relações externas do Patriarcado de Moscou.

O título que Nikolai Shmeliov quis conferir a Dom Capovilla em 14 de outubro de 2010, ou seja, o dia de seu aniversário (nasceu em 1915, em Pontelungo, na província de Pádua), será entregue oficialmente na Itália.

Fonte: Zenit.

Papa se reúne com rabino Shlomo Riskin

Entre as pessoas que cumprimentaram o Papa Bento XVI após a audiência geral de ontem, estava o rabino Shlomo Riskin, presidente do Center for Jewish-Christian Understanding and Cooperation (CJCUC).

O CJCUC é uma iniciativa de diálogo inter-religioso lançada pelo rabino, membro do Grão-Rabinato de Israel, que visa a ajudar o diálogo teológico e de fé com os cristãos que vivem no país.

Riskin, segundo um comunicado que do CJCUC ao qual ZENIT teve acesso, falou por alguns momentos com o Papa sobre o trabalho desenvolvido por este centro.

"Estamos levando adiante o convite de Sua Santidade de permanecer em solidariedade com nossos irmãos e irmãs cristãos em Israel e advogar por eles - explicou o rabino ao Papa. Estamos procurando maneiras de aliviar a pobreza nesta comunidade religiosa, bem como oportunidades para o diálogo sobre questões de fé."

Segundo o comunicado, a resposta do Papa Bento XVI ao Rabino Shlomo Riskin foi: "Temos de trabalhar juntos".

Após a audiência, o diretor-executivo do CJCUC, David Nekrutman, explicou que o objetivo desta organização para 2011 é responder às questões relativas à comunidade cristã em Israel.

A razão, explica, é que, "pela primeira vez na história dos judeus, como maioria, devem tratar das minorias religiosas, e é obrigação do judaísmo aderir ao preceito bíblico: ‘Amarás o estrangeiro que vive em tua terra'".

Segundo Nekrutman, "como uma organização cujo objetivo é melhorar as relações entre judaísmo e cristianismo, o CJCUC sente que o caminho a seguir para ser um interlocutor de confiança com os cristãos que vivem na Terra Santa é atender seus problemas pessoais".

Uma das ações que o CJCUC pretende realizar é a criação de um programa de preparação para o diálogo entre judeus e cristãos, para instruir os rabinos em Israel e na diáspora, melhorando assim a compreensão e cooperação em questões religiosas, morais e políticas.

"Eu tive a oportunidade de contar isso brevemente a Sua Santidade, assim como as atuais oportunidades de diálogo, para que os cristãos que viajam a Israel conheçam mais as raízes judaicas de sua fé", disse Riskin.

Mais informações: http://cjcuc.com/site/.

Fonte: Zenit.

Bispo de San Marino convida a preparar-se para visita do Papa

O bispo de San Marino-Montefeltro, Dom Luigi Negri, fez um convite ao aprofundamento na caminhada de fé, tendo em conta a visita pastoral que Bento XVI fará a San Marino no próximo dia 19 de junho.

Dom Luigi Negri anunciou que, nos próximos dias, será publicado no site de sua diocese o programa definitivo da visita, aprovado pelo Papa. É um programa, explicou, "que certamente exige sacrifícios" para o Santo Padre.

Bento XVI chegará a San Marino na manhã de 19 de junho. Após uma visita às Instituições da República, concelebrará a Santa Missa no estádio de Serravalle, com os bispos da Emilia Romagna e muitos outros que, provenientes das dioceses italianas e estrangeiras, foram convidados para esta celebração; concelebrarão também todos os sacerdotes presentes.

A Eucaristia terminará com a recitação do Ângelus; tanto a Santa Missa como o Ângelus serão transmitidos ao vivo pela emissora de San Marino e pela RAI.

À tarde, o Santo Padre irá a Pennabili, sede da diocese, e na Praça da Catedral terá um encontro com os jovens da localidade.

"Minha alma - disse Dom Luigi Negri - está cheia de emoção, gratidão e profundo sentido de responsabilidade; preparemo-nos, meus irmãos, para este acontecimento de graça que a Providência nos dá para aumentar a nossa fé."

"Acima de tudo, vivamos este evento, para o qual estamos nos preparando, como uma proposta para todos os irmãos com quem convivemos, também para aqueles que estão longe da fé, que parecem completamente inertes, ou aqueles que afirmam estar em dificuldade ou mesmo polêmica, porque o Papa é o testemunho mais importante sobre a terra de que a vida cristã é uma vida verdadeira, boa e bela e, portanto, é a que satisfaz as exigências básicas de cada coração humano."

As relações entre San Marino e a Santa Sé se caracterizam, há muito tempo, pela convergência sobre os grandes valores comuns, pelas relações consolidadas e formalizadas desde 1926, convenções, acordos e visitas oficiais.

A última viagem de um Papa a este país foi a de João Paulo II, em 29 de agosto de 1982, durante sua visita a todas as dioceses da região pastoral de Emilia-Romagna, que começou em Bolonha, em 18 de abril daquele ano.

Fonte: Zenit.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Cristãos do Egito esperam solidariedade do mundo inteiro

A resposta aos terroristas do ataque da véspera de Ano Novo à comunidade copta no Egito é "o perdão", mas é preciso dizer de uma vez por todas: "Chega de ódio e de terrorismo, chega de derramamento de sangue!".

Durante o dia de manifestação pela solidariedade a favor dos cristãos do Egito, realizado em 9 de janeiro, na Praça da República (Roma), Dom Barnaba El Soryany, bispo copto-ortodoxo da comunidade de Turim e Roma, lança um apelo: "Liberdade religiosa para cada uma das confissões".

Na manifestação, participaram cerca de 6 mil pessoas, incluindo toda a comunidade copta de Roma, alguns políticos e também delegados do Vaticano.

Excelência, qual foi o motivo da manifestação do domingo?

Dom Barnaba El Soryany: Queremos mostrar a nossa tristeza pelo que aconteceu com a comunidade copta no Egito durante o Ano Novo. Nossos irmãos cristãos do Egito vivem com medo, com dor, com lágrimas nos olhos. Queremos mostrar ao mundo inteiro a nossa dor. Não é um protesto, é um dia de solidariedade: queremos fazer que ouçam, na Itália, as vozes dos nossos irmãos do Egito. Eles pedem a solidariedade de todo o mundo: chega de violência, de terrorismo, não só no Oriente Médio e no Líbano, mas também no Sudão, na África, em qualquer país.

A comunidade copta não quis a presença de muçulmanos na manifestação de hoje. Por quê?

Dom Barnaba El Soryany: A razão pela qual a comunidade não permite que os muçulmanos se unam a nós é para que possamos evitar problemas. Mas nós amamos os nossos irmãos muçulmanos: esperamos que eles se manifestem e, se nos convidarem, vamos participar.

Como é a relação com os muçulmanos?

Dom Barnaba El Soryany: Não há problemas, especialmente na Itália: somos irmãos dos muçulmanos. A comunidade copta vive em paz com todos. Nossos fiéis não os incomodam porque a nossa mensagem é baseada na busca da paz e da solidariedade com todos. Gostaríamos de estar todos unidos contra o terrorismo.

O que o senhor gostaria de dizer aos autores dos atentados do Ano Novo no Egito?

Dom Barnaba El Soryany: Que nós os perdoamos. Nós sempre perdoamos nestas situações. Não é a primeira vez que sofremos ataques: aconteceu há dez anos, também na noite do Ano Novo e no Egito. Também nesse caso perdoamos. Posteriormente, houve outro, em 6 de janeiro do ano passado. Também naquele caso, a nossa resposta foi o perdão, porque a nossa fé nos ensina a perdoar os outros. Nós perdoamos, mas eu também quero dizer: chega de ódio e de terrorismo, chega de derramamento de sangue!

Excelência, os cristãos têm medo de novos ataques?

Dom Barnaba El Soryany: Acho que todo mundo tem medo hoje em dia, especialmente após a ameaça no site islâmico, feita antes do Natal, com o anúncio de novos atentados.

O que o senhor espera da União Europeia e da comunidade internacional?

Dom Barnaba El Soryany: Esperamos que todos condenem o terrorismo, esperamos a solidariedade do mundo inteiro. Mas, acima de tudo, queremos que se garanta a liberdade religiosa; que possamos viver em paz em nossos países.

No mundo inteiro, são muito frequentes os casos de perseguição dos cristãos...

Dom Barnaba El Soryany: Infelizmente, é uma rede que se estende cada vez mais: perseguição dos cristãos no Iraque, Líbano, Oriente Médio, Sudão, Nigéria. Peço à comunidade internacional que faça alguma coisa pelos cristãos perseguidos.

Fonte: Zenit.

Patriarca de Jerusalém: solidariedade nos ajuda a permanecer

A solidariedade dos cristãos do mundo ajuda as comunidades cristãs da Terra Santa a permanecer em sua terra.

O patriarca latino de Jerusalém, Dom Fouad Twal, fez essa afirmação nesta segunda-feira, ao inaugurar em Jerusalém o encontro anual da Coordenação de Conferências Episcopais da Europa e América em Apoio à Igreja na Terra Santa. O evento celebra-se de 8 a 13 de janeiro.

Sobre a situação atual dos cristãos do Oriente Médio, o patriarca indicou que “nossa gente perdeu a credibilidade em discursos e visitas de personalidades políticas e religiosas”.

“Precisamos ver passos concretos sobre o terreno por uma maior justiça, paz e dignidade – disse –. Ele pediu uma maior implicação de todos na Igreja.

Ameaça

Dom Twal advertiu sobre a ameaça de dois extremismos: “o muçulmanos, com seus ataques às igrejas e aos fiéis, e a ala da direita israelense, invadindo cada vez mais Jerusalém, tentando transformá-la em uma cidade exclusivamente hebraica-judaica, excluindo as demais fés”.

“Obviamente não podemos mudar a situação política” – reconheceu –, mas “frente a uma situação frustrante, podemos investir nosso tempo, energia e recursos em marcar uma diferença na vida de nossa gente.”

O patriarca referiu-se também à situação no Egito e no Iraque, países onde as comunidades cristãs sofreram recentes atentados terroristas.

Essa perseguição deve “despertar em nós o compromisso de apoiar e insistir na legislação internacional e no respeito a todas as pessoas”.

O patriarca reiterou a importância de manter a presença dos cristãos no Oriente Médio, que o Papa havia qualificado em sua visita à região, em 2009, como “preciosa aos olhos de Deus”.

Comunhão

Este ano, o encontro do grupo toma o tema e as conclusões da assembleia do Sínodo para o Oriente Médio, celebrada em outubro no Vaticano: comunhão e testemunho dos crentes.

Os participantes refletem sobre isso partindo da atividade das comunidades locais católica, ortodoxa e protestante a favor do ecumenismo e do bem dos cristãos.

Fonte: Zenit.

Reino Unido: primeiras ordenações para o Ordinariato

No próximo sábado, na catedral de Westminster, três ex-bispos anglicanos passarão a formar parte do clero católico, convertendo-se nos primeiros membros de um novo Ordinariato, tal e como prevê a constituição apostólica Anglicanorum coetibus.

Dom Vincent Nichols, arcebispo de Westminster e presidente da Conferência de Bispos Católicos da Inglaterra e Gales, divulgou nessa terça-feira um comunicado observando que até a data se espera que a Santa Sé anuncie o estabelecimento do primeiro Ordinariato para os grupos de ex-anglicanos que buscam a comunhão plena com a Igreja Católica.

Ele afirmou que este é “um momento único, e a comunidade católica na Inglaterra tem o privilégio de tomar parte deste acontecimento histórico na vida da Igreja”.

O prelado ofereceu as boas-vindas a John Broadhurst, Andrew Burnham e Keith Newton, que serão ordenados no sábado.

Também estendeu as boas-vindas àqueles que desejam se unir a este clero “em plena comunhão com o Papa, na unidade visível da Igreja Católica”.

O arcebispo prosseguiu: “reconhecemos o caminho que estão seguindo, com suas partidas dolorosas e suas incertezas”.

“Saudamos a profundidade de sua busca na oração e o desejo que os leva a viver dentro da comunidade da Igreja Católica sob o ministério do bispo de Roma. Esta é a fé que compartilhamos.”

Relações ecumênicas

Dom Nichols expressou gratidão pela “profundidade” da “firme, positiva e contínua” relação que existe entre a Igreja Católica e a Comunhão Anglicana, que é “o contexto da importante iniciativa do sábado”.

Ele mencionou em particular a “sensível liderança do arcebispo de Cantuária”, que “generosamente reconhece a integridade dos que buscam se unir ao Ordinariato e lhes assegura suas orações”.

O prelado observou que Bento XVI “esclareceu suas intenções: que o Ordinariato possa servir à mais ampla causa da unidade visível entre nossas duas Igrejas, demonstrando na prática o alcance do quanto temos a contribuir uns aos outros no serviço comum do Senhor”.

“Com grande confiança no Senhor esperamos o sábado, a nova fase da vida da Igreja que trará, e pedimos as bênçãos de Deus para seu futuro desenvolvimento”, concluiu.

As ordenações dos ex-bispos anglicanos acontecem agora com a permissão explícita do Papa, de forma que eles possam atuar nas primeiras etapas do desenvolvimento do Ordinariato.

Fonte: Zenit.

Dois lados da mesma moeda

A liberdade religiosa é a primeira das liberdades, mas liberdade de consciência é a estrela polar que orienta as democracias. Dois lados da mesma moeda. Um único exemplo. Não muito tempo atrás, reuniram-se em Roma o primeiro líder político do mundo (Barack H. Obama) e a primeira autoridade moral da terra (Bento XVI). O encontro - em tempo útil - durou cerca de 20 minutos. Destes, oito foram dedicados à objeção de consciência, no contexto da liberdade religiosa.

É sintomático que, ao destacar uma questão que preocupe os dois núcleos mais intensos de poder da humanidade, seja justamente a da colisão entre a consciência e a lei, que evidencia cada vez mais os dramas sombrios gerados em algumas minorias por leis de direto ou indireto perfil ético. Uma maneira de dizer o que não é a objeção de consciência seria uma espécie de "delírio religioso", um subproduto jurídico que deveria ser relegado às catacumbas sociais. Pelo contrário, é uma especificação clara do direito fundamental à liberdade de religião e consciência.

Este é precisamente o que acaba de ser concluído em áreas muito diferentes de dois continentes. Por um lado, no contexto da objeção de consciência ao aborto, a Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (Resolução 1.763, de 2010), vigorosamente proclamou a obrigação de "assegurar o respeito pelo direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião dos provedores de assistência à saúde". Por outro, o Peru promulgou sua primeira lei sobre liberdade religiosa (dezembro de 2010), dedicando seu artigo 4 º à proteção da objeção de consciência, quando alguém é forçado a violar uma obrigação legal "por causa de um imperativo moral ou religioso grave ou ineludível".

O motivo desta espécie de contra-ataque dos direitos humanos traz sua causa em duas razões. A primeira: ventos que sopram em alguns países do Oriente contra a liberdade religiosa. A segunda: uma concepção de poder - especialmente na Europa, - que está convertendo a lei em um simples procedimento do governo para transmitir indicações ideológicas com precipitação e, por vezes, com vulgaridade. Quando se pede à comunidade internacional, em nome do Papa, que intervenha "de maneira forte e clara" na proteção da liberdade religiosa, está em jogo é o primeiro lado da moeda, "atônitos diante da intolerância e da violência". E quando se denuncia a incontinência normativa do poder, que pretende impor por via legislativa uma filosofia beligerante com as consciências, a moeda é visto do outro lado, aquele que legitimamente multiplica as objeções de consciência como reação.

Há algum tempo, na América, desatou-se a caça às bruxas. Um de seus objetivos eram os atores de Hollywood. Esta foi a sua reação: "Há muitas maneiras de perder a própria liberdade. Ela pode ser-nos arrancada por um ato tirânico, mas também pode nos escapar dia após dia, imperceptivelmente, enquanto estamos ocupados demais para prestar atenção, muito perplexos ou muito assustados". Eles estavam certos.

Fonte: Zenit.

Papa faz novo apelo em favor do Haiti

O cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado vaticano, lançou hoje em nome de Bento XVI um novo apelo à comunidade internacional em favor do Haiti.

Bertone presidiu a uma Missa no início da tarde, na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, em sufrágio pelo arcebispo de Porto Príncipe, Dom Serge Miot, e as 200 mil vítimas do terremoto de janeiro de 2010.

A mensagem do Papa, que Bertone leu durante a homilia, foi também difundida em Porto Príncipe pelo cardeal Robert Sarah, presidente do Conselho Pontifício “Cor Unum”, que está na ilha caribenha para levar o alento e uma doação do Papa às vítimas da tragédia.

Em sua mensagem, o Papa assegura aos haitianos sua oração e proximidade e lhes envia “uma palavra de esperança nesta situação presente particularmente difícil”.

“É hora de reconstruir não apenas as estruturas materiais, mas sobretudo a convivência civil, social e religiosa”, exorta o Papa, que deseja que o povo do Haiti “seja o primeiro protagonista de sua história atual e de seu futuro”.

Ao mesmo tempo, o pontífice mostra sua confiança em que continuarão chegando “as ajudas internacionais oferecidas com grande generosidade”.

Já em sua homilia, o cardeal Bertone afirmou que este primeiro aniversário do terremoto foi “sobretudo ocasião para manifestar proximidade a todos os haitianos, em particular àqueles que têm de enfrentar a epidemia de cólera”.

A resposta solidária ao Haiti não pode limitar-se à emergência inicial, mas deve se converter em um projeto estável e concreto, sublinhou o prelado.

Ele também enviou da parte da Igreja “uma palavra de consolo pelos numerosos mortos: estes estão vivos em Deus e esperam de seus entes queridos e de seus compatriotas um testemunho de valor e esperança”.

Na missa estiveram presentes, entre outros, os cardeais Giovanni Battista Re e Bernard Francis Law, assim como o embaixador do Haiti na Santa Sé, Carl-Henri Guietau.

Fonte: Zenit.