terça-feira, 17 de novembro de 2009

Hacker e agente da Interpol no Vaticano

Ambos coincidem em que a Igreja é um objetivo de ataque cibernético

Por Jesús Colina

Um jovem hacker suíço e um policial da Interpol, ao encontrar-se no Vaticano, divergiram em muitas questões, mas em uma eles concordaram: os sites e inclusive os computadores de representantes católicos são como um doce para os piratas cibernéticos.
Do representante das forças da ordem é possível dar o nome: Dimitrios P. Angelopoulos, responsável do escritório do crime cibernético na Europa, África e Oriente Médio, da secretaria geral da Interpol.
Do hacker, por razões óbvias, não é possível revelar a identidade. Trata-se de um jovem de 17 anos, que na sexta-feira passada foi apresentado aos membros da Comissão Episcopal Europeia para os Meios de Comunicação, na Antiga Aula do Sínodo, no Vaticano, com o apelativo de Petit frère Bruno (irmãozinho Bruno).
Com uma camiseta preta, na qual se podia ler “Quelle connerie la guerre” (“Que besteira a guerra”), que teve alguns problemas com a lei, aceitou o convite dos prelados para ajudá-los a penetrar na mentalidade desses jovens para quem a informática se converte em um meio para reivindicar uma liberdade de informação que às vezes acaba em libertinagem.
Advertência de um “ciberpolicial”
Ao seu lado, ouvia sem sorrir o agente grego Angelopoulos, quem, com sua intervenção, confirmou os numerosos perigos experimentados hoje em dia pelos internautas, em particular se são um sacerdote ou bispo, ou se dirigem um site católico.
Após o encontro, Zenit perguntou a Angelopoulos quais são os grupos mais interessados em atacar o site vaticano e, sem deixar que terminássemos a pergunta, ele nos interrompeu para esclarecer: “O Vaticano não é o único objetivo; o objetivo pode ser todo site católico ou inclusive o computador de um mosteiro ou de um sacerdote conectado à internet”.
O agente explicou que seria fácil para ele penetrar no computador de um pároco perdido na Polônia e descobrir informação confidencial ou que poderia ser manipulada pelos que querem atacar a Igreja.
“De fato – reconhece –, bastaria ir ao facebook e analisar a informação que algum sacerdote apresenta em seu perfil. É preciso ser muito prudentes!”
Como bom investigador, Angelopoulos se pergunta quais são os motivos que movem os piratas cibernéticos; e responde que são dois: “o interesse político e o econômico”.
“Os ataques aos objetivos católicos se devem ao primeiro motivo”, continua dizendo na conversa após seu encontro com os bispos.
“E quem são os que podem ter motivos políticos contra a Igreja?”, perguntamos. “Muitos – reconhece. Por exemplo, os fundamentalistas islâmicos, que têm ótimas equipes de ataque cibernético.”
Mas se os ataques à Igreja podem vir de qualquer computador conectado à rede, como afirma o agente da Interpol, então todos os religiosos acabarão paranoicos.
“Por este motivo – esclarece o agente –, eu propus um curso no Vaticano sobre todos os sistemas de conexão. Pode ajudar muito.”
Os motivos dos hackers
Por sua parte, Petit frère Bruno começou sua conversa com Zenit brincando: “Prometo não organizar nenhum ataque contra a página da Santa Sé”.
O jovem suíço, que vive para a informática desde que tinha 6 anos, reconheceu que o policial não se equivocava ao alertar os bispos e sacerdotes sobre os perigos que correm.
“Para muitos hackers, poderia ser uma grande vitória simplesmente desfigurar o site vaticano, colocando uma fotografia de Osama Bin Laden”, explica.
Ele esclareceu que existem 3 tipos de hackers.
O “white hat hacker” (hacker do chapéu branco), que age unicamente por seus próprios ideais, em particular a liberdade de informação, mas que não procura causar dano, ainda que isso não signifique que esteja dentro da lei, já que às vezes ele as viola.
O “grey hat hacker” (de chapéu cinza) é aquele que diz agir como os precedentes, por motivos humanistas, mas se em alguma das suas penetrações ilegais em algum site ele puder roubar dinheiro ou informação, cai na tentação.
Por último, existem os “black hat hackers” (os de chapéu preto), também chamados de “crackers”, cujo objetivo é geralmente criminal.
Hoje, Petit frère Bruno, aos seus 17 anos, montou uma empresa de informática e trabalha para empresas que querem verificar seus sistemas de segurança.
“Já não me interessa penetrar em sites de governos, exércitos ou partidos políticos”, reconhece, considerando que no futuro ele pode ganhar bastante dinheiro com o mercado eletrônico.
Os conselhos do hacker e do policial aos bispos foram os mesmos: “bom senso” e “muitíssima prudência”, sempre que estiverem conectados.

Fonte: Zenit.

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