Oferecer "uma oportunidade para valorizar a contribuição das pessoas surdas nos diversos campos de apostolado, dando pleno reconhecimento à relevância de seu trabalho". Esse é o objetivo da Conferência internacional centralizada no tema: "Effatà! A Pessoa surda na vida da Igreja".O Congresso, promovido pelo Pontifício Conselho da Pastoral para os Agentes de Saúde, vai se realizar no Vaticano de quinta-feira até o próximo sábado, portanto, de 19 a 21 do corrente.A iniciativa foi apresentada esta manhã na Sala de Imprensa da Santa Sé. Participaram da coletiva, entre outros, o presidente do Pontifício Conselho da Pastoral para os Agentes de Saúde, Dom Zygmunt Zimowski, e o sacerdote da Congregação Pequena Missão para os Surdos-mudos, Pe. Savino Castiglione.No mundo, as pessoas com deficiência auditiva são mais de 278 milhões. Entre essas, 59 milhões são atingidas por surdez total. 80% das pessoas surdas vivem nos países menos desenvolvidos, onde a falta de infraestruturas sanitárias adequadas e de intervenções tempestivas se acrescenta às dificuldades econômicas para a aquisição de medicamentos.Muitas vezes são dificultadas a inserção no mundo do trabalho, a participação na vida social e a possibilidade de se criar uma família. Um grande impedimento diz respeito também à questão da possibilidade de crescimento na vida espiritual e na prática religiosa, como ressaltou Dom Zimowski:"As consequências são notáveis quanto inevitáveis na vida da Igreja Católica, da qual se estima que façam parte cerca de um milhão trezentos mil surdos."Não se pode permanecer surdos à Palavra de Deus. O trecho evangélico da cura do surdo-mudo, ao qual Jesus diz "Effatà, abre-te", é um convite a não viver no anonimato, a não fechar-se em si mesmos. A esse propósito, eis o que disse o secretário do Pontifício Conselho da Pastoral para os Agentes de Saúde, Dom José Redrado:"O Senhor diante do surdo grita: Abre-te! É um grito de esperança, é uma experiência para o surdo que começa a ouvir e a proclamar. E esse a Igreja faz seu esse gesto de Jesus e diz: Abre-te!"O secretário do referido organismo vaticano citou o exemplo de alguém que soube abrir o próprio ânimo diante de suas limitações: o grande compositor Beethoven, que viveu a experiência da surdez:"Beethoven encontrava-se próximo a Viena vivendo isolado e escrevendo páginas amargas, desoladoras, nas quais transparecem propósitos suicidas. Encontrava-se condenado a não ouvir nunca mais as suas melodias a não ser em seu íntimo ânimo. Ele fez então um esforço titânico – refiro-me a isso como exemplo – e superou a crise. O desfecho não foi o túmulo, a depressão, mas o triunfo, o prêmio pelo esforço, a ressurreição do espírito sobre a frágil matéria."O Congresso examinará os aspectos médicos, sociais e psicológicos da surdez e as necessidades pastorais das pessoas surdas. Expoentes do clero e de institutos religiosos e do laicato se deterão sobre sua experiência de pessoas surdas.O testemunho do missionário sul-africano cego e surdo Pe. Cyril Axelrod será particularmente significativo. Ele anuncia a Palavra comunicando com os gestos para deixar uma mensagem universal: ninguém pode realmente sentir-se excluído do amor de Deus. (RL)
Fonte: Rádio Vaticano.
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