segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Dom Celli às autoridades cubanas

Dom Claudio Maria Celli, presidente do Pontifício Conselho das Comunicações Sociais, acaba de retornar da viagem à Cuba. O prelado, de 4 a 8 de novembro, se encontrou com a comunidade católica cubana e as autoridades locais. Ao centro dos colóquios, o papel da Igreja na mídia da Ilha. Philippa Hitchen o entrevistou:R. – Foi um momento muito interessante e rico. Creio que foram momentos de intensa comunhão eclesial os que passei com os bispos e os agentes de comunicação social. Foi uma belíssima experiência, também com todos os responsáveis leigos da área de comunicação das diferentes dioceses, que me informaram sobre todas as dificuldades que passam, mas também sobre o que conseguem fazer, apesar das dificuldades: como com poucos meios conseguem fazer grandes coisas. Rindo, dizia a mim mesmo, que acontece entre eles novamente como na multiplicação dos pães e dos peixes. P. – Então, o problema é principalmente a falta de recursos, problemas econômicos ou também dificuldades com as restrições governamentais?R. – Creio que são, sobretudo, problemáticas ligadas às restrições. Veja, por exemplo, depois da visita do Santo Padre João Paulo II, em 98, as autoridades concederam aos bispos a possibilidade de ter acesso às rádios locais somente 3 vezes ao ano durante 15 minutos. E assim o bispo – que não tem direito de ter em uma diocese uma rádio católica – pode falar à rádio local somente 45 minutos em um ano. E por isso disse às autoridades governamentais competentes que seria bom que permitir à Igreja um acesso normal à mídia. P. – E qual foi a resposta do governo?R. – Disseram-me que precisam refletir a respeito. Porque – veja – o que eu disse às autoridades é simplesmente que a Igreja tem a mensagem do Evangelho, uma mensagem profundamente humana para o bem e o desenvolvimento da comunidade. Procurei mostrar a eles que o povo cubano em sua maioria é um povo cristão católico e que, então, gostariam de que o seu bispo pudesse ter acesso à rádio e pudesse, assim, dirigir a eles mensagens de profunda inspiração humana e cristã. P. – Passados mais de 10 anos, como o senhor dizia, da visita de João Paulo II e 1 ano da visita do Cardeal Secretário de Estado Tarcisio Bertone. Houve progressos para a Igreja?R. – O clima que se respira nas relações entre a Igreja e as autoridades me pareceu levemente melhor, mas ainda há grandes passos a dar. A Igreja nas suas ações é continuamente controlada e para tudo tem que buscar uma permissão das autoridades. Parece-me, porém, constatar uma relação mais serena. P. – As pressões externas podem ajudar neste sentido ou não?R. – Creio que podem existir ajudas, que podem ser oferecidas também por outros. Mas considero que os gestos de boa vontade devem ser feitos de ambas as partes. Na sociedade se vêem dificuldades criadas pelo bloqueio constituído. Dizia-me uma senhora com muito sofrimento que a angústia de uma mãe de família é pensar no que dará de comer durante o dia aos próprios filhos.P. – Então os problemas com a pobreza estão aumentando...R. - Os problemas existem, se vê, e são vividos com grande dignidade, mas com a consciência de que os problemas existem e incidem profundamente. Lembre-se que a Santa Sé várias vezes se pronunciou sobre o tema do "bloqueo", como se diz em espanhol. Assim, este problema existe, se sente, é percebido e tem inegavelmente influência sobre a vida da população. Isto é inegável.P. – Então, o senhor espera uma mudança de política da parte do governo Obama?R. – Espero que isso possa acontecer, porque, inegavelmente, é a população que, de maneira forte, sofre as conseqüências.

Fonte: Rádio Vaticano.



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