O padre Reginaldo Manzotti esteve em Fortaleza para o 2º Evangelizar, realizado neste sábado, no Aterro da Praia de Iracema. Desde a chegada, na noite da última quarta-feira, ele foi recebido pelos fiéis com manifestações de carinho, pedidos e agradecimentos. Ele visitou a Rádio FM Dom Bosco, a Igreja da Piedade e o Instituto do Câncer do Ceará (ICC), instituição beneficiada com parte da renda do evento. O padre defende o uso da mídia para a evangelização, e explica que seu trabalho começa pela orientação à família e se completa quando o fiel fortalece seu vínculo com a comunidade. Padre Reginaldo Manzotti cedeu entrevista ao O POVO na última sexta-feira, no hotel Porto d-Aldeia, onde esteve hospedado. O POVO - Como deve ser a Evangelização nos dias de hoje? Padre Reginaldo Manzotti - A evangelização tem que se valer da mídia. Porque ela entra na casa das pessoas sem pedir licença, vai direto ao seio da família. A evangelização de hoje necessariamente passa pela mídia. Segundo, tem que ser uma evangelização de conteúdo. Existem muitas promessas de milagres, promessas de uma teologia da prosperidade que é perigosíssima. ``Eu dou um fusca e Deus vai me dar uma Mercedes``. Isso não é verdade. Deus não prometeu tirar a cruz; Deus pro mete estar ao lado de quem carrega a cruz com fidelidade. Terceiro ponto: uma evangelização que atinja a todos os níveis da família. O foco da minha evangelização é a família, as crianças os idosos. OP - Como o senhor desenvolveu essa maneira de lidar diretamente com os fiéis e de orientar as pessoas? Padre Reginaldo Manzotti - É um dom de Deus, é um carisma, que eu exerço primeiro na escuta. Hoje as pessoas estão muito necessitadas de serem escutadas, de partilharem a sua dor. Eu escuto, acolho e oriento. Tento lançar luz de Deus na vida da pessoa, para ela redimensionar a sua vida, redirecionar sua existência. OP - O senhor chega a se emocionar no contato com os fiéis? Padre Reginaldo Manzotti - Muito, muito. Ontem (na visita à Igreja da Piedade, na quinta-feira) me emocionei muito nas dedicatórias. Chegou uma mulher, com lágrimas nos olhos. Ela disse: ``Padre, eu tô aqui porque no (Evangelizar do) ano passado meu irmão foi me levar no aterro, bêbado. Durante a missa ele se colocou no chão de joelhos e disse -nunca mais vou beber-. E faz um ano que ele não bebe``. Eu chorei com ela ontem, porque tocou meu coração, e ela foi me procurar pra contar isso. Então eu me emociono, porque é uma vida resgatada, é uma família reestruturada. OP - O que essa comoção das pessoas em vê-lo de perto causa ao senhor? Padre Reginaldo Manzotti - Eu resumo em uma palavra: responsabilidade. Quando eu cheguei em Fortaleza e tinham quase 6 mil pessoas no aeroporto, talvez alguém podia dizer ``Ah, o ego do padre se encheu``. É engraçado, pra mim funciona o contrario, eu murcho. O sentimento é assim ``Meu Deus, que responsabilidade que eu tenho frente a essas pessoas``. OP - Existe uma tendência recente de muitos padres gravarem CDs e se colocarem na mídia dessa forma. O que o senhor pensa sobre isso? Padre Reginaldo Manzotti - Quanto mais tiver, melhor. Mas essa forma de evangelizar não é a única. A evangelização tem que caminhar, ela tem vários graus. O primeiro é o papel que eu faço e outros padres na mídia fazem. O fundamento, depois, se faz na comunidade. A ideia é que a pessoa saia do padre Reginaldo e se vincule na comunidade. Mas tem outros padres, e Deus abençoe que surjam muito mais sacerdotes, porque tem povo pra todo mundo. Eu não sou concorrente do padre Marcelo Rossi ou do padre Fábio de Melo, nem eles são meus concorrentes. Nós servimos ao mesmo Jesus Cristo, então somos irmãos na evangelização. OP - O senhor leva as suas experiências para as músicas? Padre Reginaldo Manzotti - Com certeza. As minhas angústias, as minhas alegrias. Porque a música é o transbordamento do ser de uma pessoa, é a musicalidade dos sentimentos. Sem dúvida vai muito do meu eu em cada música.
Fonte: O Povo - Online.
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