“A Alemanha é o país mais pobre da Europa em termos de crianças” (Welt Online, 3 de agosto). Roderich Egeler, diretor do Departamento Federal de Estatísticas, fez esta preocupante afirmação no último 3 de agosto, ao apresentar os resultados do último microcenso nacional, o Mikrozensus 2010.
Os dados revelam que entre 2000 e 2010 houve queda de 14% no número de crianças e menores no país. Enquanto eles eram quase 15,2 milhões no ano 2000, no ano passado foram contados 13,2 milhões, ou 2,1 milhões a menos em 10 anos.
Nos “Länder” (estados federados) da antiga Alemanha Ocidental, o número de crianças diminuiu quase 10%. Ainda mais dramática foi a queda nas regiões da antiga Alemanha Oriental, a ex-República Democrática Alemã. Nos chamados “novos Länder”, havia em 2010 cerca de 2,1 milhões de menores, 837.000 a menos que em 2000: queda de quase 29%.
Egeler enumera entre as causas não só o declive dos nascimentos no leste do país, mas também o movimento migratório do leste para o oeste. E Christine Kensche, do Welt Online, observa que o motivo não é a falta de assistência à infância e de creches, cuja oferta é até mais ampla no leste. Na média nacional, a “Betreuungsquote” é de 23,1%, o que significa que ao menos uma em cada quatro crianças menores de 2 anos frequenta uma creche. Em alguns “Länder” do leste, como Brandeburgo e Mecklemburgo-Pomerania, a porcentagem supera 51%.
Para incentivar os nascimentos, a coalizão dirigida pela atual chanceler democrata-cristã Angela Merkel (2005-2009) lançou um ambicioso projeto para triplicar, em 2013, o número de creches para crianças menores de três anos. Segundo os planos de Berlim, a “Betreuungsquote” deverá chegar a 38% em 2013.
Com seus 13,1 milhões de menores, a Alemanha tem a porcentagem mais baixa de crianças entre todos os estados europeus: eles são apenas 16,5% da população alemã (em 2000 eram 18,8%). Enquanto na Bulgária (16,7%) e na Itália (16,9%) a situação é parecida com a da Alemanha, a vizinha França se orgulha de uma taxa de fertilidade de 2 filhos por mulher e apresenta a porcentagem de quase 22% de menores em sua população. Na Grã-Bretanha, Holanda e países escandinavos o número de crianças também supera 20% da população. A situação é melhor na Turquia, onde quase um cidadão em cada três é menor de 18 anos: 32% dos 72 milhões de habitantes.
Tudo indica que a proporção de crianças na Alemanha continuará caindo. Se em 2000 quase um cidadão em cada cinco era menor de 18 anos, em 2060 apenas um alemão em cada sete será menor de 18 anos. Calcula-se que a porcentagem de menores cairá para 15% em 2030 e para 14% em 2060.
A situação familiar das crianças também apresenta grandes diferenças do leste para o oeste. Enquanto nos “Länder” ocidentais, no ano passado, 79% das crianças crescia em núcleos familiares compostos por pais casados, a porcentagem no leste da Alemanha era de 58%. No leste, 17% das crianças vive hoje em famílias com pais não casados. É quase o triplo do oeste, onde a porcentagem é de 6%.
Nos “Länder” orientais, quase um quarto das crianças (24%) vive num núcleo familiar monoparental. No oeste, a porcentagem é de 15%. Em termos nacionais, a porcentagem de pessoas que criam um filho sem ajuda de um companheiro(a) aumentou de 13,5% em 2000 para 16,8% no ano passado.
No leste da Alemanha, a proporção de filhos únicos também é mais alta: 35%, contra 24% na parte ocidental do país. Quase a metade dos menores alemães tem um irmão ou irmã; 19% tem dois e 8% ao menos três.
52% dos menores alemães vive em famílias em que ambos pais têm renda. Esta porcentagem cai para 28% no caso das crianças menores de 3 anos, o que significa que, nas famílias com filhos pequenos, um dos pais, normalmente a mãe, tende a interromper temporariamente a carreira. 38% das crianças cresce em famílias onde só um dos pais trabalha, e 11%, em núcleos familiares em que nenhum dos pais tem uma atividade profissional.
A pesquisa indica, ainda, que quase dois milhões de crianças alemãs (1,96%) vivem em famílias que dependem dos subsídios desembolsados pelo programa Hartz IV, a polêmica reforma social iniciada pela coalizão rubro-verde, dirigida pelo então chanceler Gerhard Schröder, que entrou em vigor em 2005. Para as famílias monoparentais, os subsídios sociais são essenciais. Nesta categoria, para uma criança a cada três os benefícios sociais constituem a principal fonte de renda da família.
As crianças que vivem com pais solteiros têm mais risco de pobreza. Enquanto este perigo ameaça 15% das famílias com filhos, ele afeta 37,5% das crianças que vivem com um pai solteiro.
O Departamento Federal de Estatística, com sede em Wiesbaden (Hesse), publicou no dia 12 de agosto os últimos dados do número de crianças nascidas fora do vínculo matrimonial, um fenômeno em constante aumento na Alemanha. Enquanto só 15% das crianças nascidas em 1990 eram “ilegítimas”, no ano passado essa porcentagem aumento para mais do dobro, quase 33%. De fato, os pais de 225.472 crianças nascidas vivas em 2010 (de um total de 677.947) não estavam unidos em matrimônio, 0,5% a mais em relação ao ano anterior.
Como observa o site do Frankfurter Allgemeine Zeitung (12 de agosto), também as diferenças entre o leste e o oeste são notáveis. Nas regiões da antiga Alemanha Oriental, mais de seis crianças de cada dez (61%) atualmente nascem fora do casamento. A porcentagem mais elevada – 64% – foi registrada em Sajonia-Anhalt e em Mecklemburgo.
No oeste, no entanto, esta proporção é mais reduzida: 27%. Enquanto que o nível mais baixo de dá na rica região de Baden-Württemberg, onde só 22,1% das crianças nascem de pais casados, na parte ocidental, os “campeões” estão em Bremen (39%) e Hamburgo (36%). Depois está Schleswig-Holstein, com 35%. Na capital, Berlim, uma criança em cada duas nasce fora do casamento.
Com seus 33% de crianças “naturais”, a Alemanha permanece abaixo da média da União Europeia, que, segundo dados de Eurostat, alcançava, em 2009, quase 38%. O país da UE com maior incidência é a Estônia (59%). Do outro lado da escala está a Grécia, com 7%. Na França, pouco mais da metade das crianças nascem de pais não casados (53%). Na Itália, quase um quarto (24%).
Fonte: Zenit.
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