terça-feira, 7 de junho de 2011

Síria: diálogo e unidade para acabar com distúrbios

Os jesuítas que estão na Síria mostraram sua preocupação pelos distúrbios que atingem o país e destacaram a importância do diálogo e da unidade nacional, em uma declaração datada de 3 de junho, em Damasco, após se reunirem para rezar e meditar sobre os recentes acontecimentos.

“Dada a gravidade da situação, em nome de todos os que derramaram seu sangue, imploramos aos sírios de todos os lados que se mobilizem urgentemente para construir um diálogo nacional, com o fim de encontrar uma solução para esta crise”, indica o texto.

“Nós, cristãos, consideramos a unidade nacional como a garantia da nossa própria existência, e a perda desta unidade como uma ameaça de desaparecimento, de endurecimento e de desmoronamento”, confessam.

“Por isso, queremos desempenhar uma função que nos permita reforçar a unidade nacional, reativando os valores que são essenciais, segundo nosso ponto de vista”, explicam.

Com relação ao diálogo, indicam que deve ser sincero entre todas as partes, e cada um deve levar seriamente em consideração as ideias do outro.

Também consideram uma opinião pública moderada como condição essencial para uma reforma de êxito. E convidam todos a rejeitarem a violência; indicam especialmente que os que usam legalmente a força respeitem plenamente a dignidade de toda pessoa.

“Cada crente deve ser, em todos os âmbitos da sua vida, um elemento eficaz na realização da unidade nacional – diz o texto. Não pode se refugiar em uma neutralidade negativa, mas deve ser um instrumento de paz.”

Países árabes

Os jesuítas constatam que, “há alguns meses, surgem em nosso país, como na maioria dos países árabes, reivindicações de reformas de estruturas políticas e sociais”.

“Estas reformas buscam fortalecer o Estado de direito e a consciência cidadã, no respeito às liberdades individuais”, recordam.

O texto original, escrito em árabe, indica que “estas reivindicações são um direito legítimo e reconhecido por todos, que permite a cada cidadão ser um ator da transformação da sociedade”.

Para os jesuítas, “as mudanças no trabalho no mundo árabe e as confusões atuais provocadas na sociedade síria são portadoras de uma nova esperança que é preciso levar em consideração”.

“Infelizmente, a confusão tomou conta da situação, abrindo o caminho para a violência – advertem os jesuítas. Nós observamos neste momento tentativas de fomentar distúrbios e a guerra religiosa que levaria à desintegração da nossa sociedade.”

Os religiosos asseguram que “a história do nosso país se distinguiu pelo espírito de hospitalidade e de abertura ao outro, seja quem for”.

No Evangelho, o caminho

Também recordam que “estas circunstâncias difíceis não constituem a primeira crise que nosso povo vive e, apesar dela e em cada crise, encontramos no Evangelho o caminho a seguir”.

“O Evangelho nos convida a dar testemunho no coração do nosso mundo, a reforçar o diálogo com todos e a promover a justiça para todos – declaram. Por isso, nós nos sentimos agora chamados a expressar nosso apoio total a esta pátria e ao seu povo.”

“Compartilhamos com todos a herança da nobre civilização árabe, a mesma preocupação pela unidade nacional e o mesmo respeito a todos.”

O documento afirma que “a verdadeira paz nacional não pode ser construída através da rejeição de uma parcela da população por parte da outra”.

No último dia 15 de maio, após rezar o Regina Caeli, o Papa dirigiu um pensamento especial à Síria, “onde é urgente restabelecer uma convivência baseada na concórdia e na unidade”, disse.

Naquela ocasião, Bento XVI destacou: “Peço a Deus que não haja mais derramamento de sangue nessa pátria de grandes religiões e civilizações, e convido as autoridades e a todos os cidadãos a que não poupem esforços na busca do bem comum e no acolhimento das legítimas aspirações a um futuro de paz e estabilidade”.

Fonte: Zenit.

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