A comercialização e a sexualização das crianças demandam medidas para protegê-las. Reg Bailey, o primeiro diretor executivo homem da Mother’s Union, foi designado pelo Departamento de Educação do Reino Unido para estudar as pressões a que as crianças estão sujeitas e apresentar recomendações a respeito. Bailey entrevistou dezenas de pais e contou com informações de 120 empresas e organizações.
O estudo resultante se chama Letting Children Be Children: the Report of an Independent Review of the Commercialization and Sexualization of Childhood (Deixar as crianças ser crianças: Informe Independiente sobre a Comercialização e Sexualização da Infância) e identifica quatro temas de especial preocupação para os pais e para o público em geral.
O tema 1, Contexto, aponta a cada vez mais sexualizada cultura em que vivem as crianças.
O tema 2 se dedica à roupa e aos produtos e serviços para crianças.
O tema 3 fala das crianças como consumidoras.
O tema 4 tenta dar voz aos pais, que sentem que as empresas não prestam atenção às suas preocupações.
A resposta
O informe aborda dois possíveis enfoques a ser adotados.
O primeiro sugere manter as crianças completamente inocentes até virarem adultas, isolando-as de qualquer influência negativa ou eliminando as pressões.
A segunda reação propõe aceitar o mundo e ajudar as crianças a seguir o seu próprio caminho nele.
O informe conclui que nenhuma das posturas é realista. É preferível uma combinação de ambas: adotar medidas para limitar a tendência cada vez maior à comercialização e à sexualização, e ajudar as crianças a compreender e encarar os perigos potenciais a que estão expostas.
O informe ressalta também que a responsabilidade principal é dos pais. “Para que as crianças sejam crianças, é necessário que os pais sejam pais”. Ao mesmo tempo, os negócios e os meios de comunicação devem se mostrar mais a favor da família.
O estudo aponta que parte do mundo dos negócios e da mídia parece ter perdido a conexão com os pais. Um exemplo é a preocupação dos pais com os programas de televisão considerados tradicionalmente familiares, como os concursos de talentos, que começam a incluir cada vez mais conteúdo sexual.
Problema especial são os novos meios de comunicação, em que há pouca regulação. O material para adultos é de fácil acesso na internet, por exemplo.
Entre as recomendações do estudo, as seguintes:
- Restringir por idade os vídeos musicais, evitando que as crianças comprem vídeos de conteúdo sexual. A preocupação se concentra no teor sexual das letras e das danças, altamente sexualizadas.
- Cobrir as imagens sexuais nas capas de revistas e jornais nas bancas, para evitar sua exposição às crianças.
- Deixar aos clientes a decisão de comprar ou não conteúdo adulto na internet em vez de recebê-lo automaticamente.
- As lojas deveriam oferecer roupa mais adequada à idade das crianças, assinando um código de conduta sobre o design, a compra, a exibição e a comercialização de roupas, produtos e serviços para crianças.
- Restringir a publicidade exterior que usa imagens sexuais, principalmente perto de colégios, creches e parques. As mesmas restrições já se aplicam à publicidade do álcool.
- Dar maior peso às opiniões dos pais que às do público em geral na hora de regular os horários televisivos. O horário infantil, que vai até as 21h, uma faixa em que certos programas adultos não deveriam ser transmitidos, foi introduzido para proteger as crianças. Por isso, a programação para esta faixa dever-se-ia desenvolver e regular dando maior peso às posturas e opiniões dos pais.
- Oferecer aos pais um site onde seja fácil apresentar queixas sobre programas, anúncios, produtos ou serviços.
- Proibir o uso de menores de 16 anos como patrocinadores de uma marca e em sua comercialização, e melhorar a sensibilização dos pais quanto às técnicas de publicidade.
Reações
As reações ao relatório foram em geral positivas. O primeiro-ministro David Cameron, se mostrou em favor do site de reclamações. Ele também apoia o maior rigor quanto ao bloqueio de pornografia na internet e nos celulares.
Nem todos estão convencidos de que o relatório seja o suficiente. De fato, a organização para que trabalha Bailey, Mother's Union, se mostrou crítica.
“Não podemos estar de acordo com um estudo que considera que uma postura meramente consensual será a mais eficaz e que uma maior regulação ou legislação debilitará necessariamente os pais”, afirma Rosemary Kempsell, presidente da organização.
Ela pediu um maior grau de intervenção do governo, afirmando que não deveríamos ter medo de desafiar a indústria quando estiver em jugo o bem-estar das crianças. O tempo dirá se as restrições voluntárias, junto com a pressão pública, serão suficientes para solucionar os problemas assinalados no relatório.
Fonte: Zenit.
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