Para combater a crise econômica, é necessário enfrentar o desemprego, para devolver a esperança aos jovens e a credibilidade aos governos dos Estados. Esta foi a mensagem do arcebispo Silvano Tomasi, observador permanente da Santa Sé nas Nações Unidas em Genebra, intervindo na 100ª Conferência da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Ainda que os países desenvolvidos estejam se recuperando lentamente da crise econômica global – disse Dom Tomasi, segundo informa a Rádio Vaticano -, “as antigas fórmulas para a recuperação e o crescimento econômico estão se mostrando menos certas num ambiente econômico integrado em nível global”, no qual os governos, majoritariamente, não foram capazes de encontrar uma receita “que restituísse o trabalho e incluísse novas oportunidades de emprego” para milhões de pessoas que estão procurando trabalho.
“Portanto – acrescentou -, ainda que a máxima parte dos indicadores macroeconômicos pareça ter recuperado os níveis anteriores à crise, o mercado do trabalho ainda sofre: a taxa de desemprego permanece alta e não dá sinais de retomada a curto prazo, e a longo prazo as previsões são variáveis.”
“A economia mundial – observou o delegado da Santa Sé -, mesmo crescendo num nível estável, não é capaz de criar um suficiente número de postos de trabalho." E "isso é verdade não somente para as economias avançadas, mas também para os mercados emergentes, como a China e a Índia, onde a flexibilidade do trabalho é extremamente baixa", apesar da sua taxa de crescimento superar 10%.
Daqui a necessidade de “fazer o que pudermos para evitar esta possibilidade” de crescimento sem emprego. Entre os mais afetados de cada país estão os jovens, mais de 78 milhões dos desempregados, entre os 15 e os 24 anos, em 2010, uma taxa 2,6% mais alta com relação aos adultos.
Outra categoria fraca do mercado de trabalho – prosseguiu o prelado – são as mulheres. Nos países mais industrializados da OCSE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), a taxa de emprego feminino é 20% inferior à dos homens, com pontas de 30% na Itália e no Japão; igualmente, os salários das mulheres são inferiores em 20/30%.
Ainda pior se encontram os trabalhadores domésticos, comumente trabalhadores migrantes, em grande aumento por causa das novas exigências de organização social, mas que em muitos países vivem em condições miseráveis de exclusão, desprovidos de toda proteção sindical e de previdência social.
Daí a esperança – empressada por Dom Tomasi – de que, nesta 100ª conferência da OIT, se aprove uma Convenção ad hoc sobre o trabalho doméstico. Finalmente, o representante vaticano fez votos de que seja reafirmada a importância de uma governance baseada no princípio de subsidiariedade e de representação tripartite (trabalhadores, empreendedores e governos), que seja “uma vantagem no conhecimento integrado 'do mundo real' com relação à ocupação e ao trabalho”.
Fonte: Zenit.
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