segunda-feira, 13 de junho de 2011

Possível martírio de jovem que defendeu sua castidade

O processo diocesano da causa de beatificação da jovem Marta Obregón, assassinada em Burgos em 1992 por resistir-se a ser estuprada, começará no próximo dia 14 de junho, na capela da faculdade de teologia da cidade.

Um tribunal eclesiástico tentará provar sua santidade por via do martírio, por defender a virtude da castidade, segundo informou a ZENIT o postulador diocesano da causa, Saturnino López.

Marta Obregón nasceu em La Coruña, em 1º de março de 1969. Espontânea, de temperamento aberto e aparência atraente, estudou com boas notas no Colégio de Jesus Maria, desenvolvendo habilidades esportivas e destacando-se por sua boa voz e sentido musical. Em sua infância, frequentou, junto à sua irmã, o Club Arlanza de Burgos, da prelazia do Opus Dei.

Em 1988, iniciou seu primeiro relacionamento com um jovem, “diante de quem experimentou a fraqueza da paixão e, em uma ocasião, chegou o perigo no mesmo lugar em que mais tarde ofereceria sua vida antes de ofender Deus e consentir com degradar sua dignidade”, explica López em uma breve biografia publicada no boletim do arcebispado de Burgos em 2007, quando começou a causa de beatificação.

Marta começou seus estudos em Madri, com o desejo de ser uma jornalista famosa. Mais tarde, mudou seus planos e confessou abertamente que só pensava em Deus e em agradá-lo.

Durante as férias de 1990, participou de uma viagem a Taizé, organizada por um grupo neocatecumenal. Lá, ocorreu uma prodigiosa reconversão de Marta. A partir de então, começou a defender os valores cristãos com coragem, em privado e em público, com os amigos, na universidade e na mídia.

“Faça-se”

Para o postulador, é muito importante o fato de que Marta repetisse frequentemente: “Senhor, faça-se”. “Esta era sua busca da vocação e ela o repetia muito emocionada”, explica.

Em um dos seus cadernos, Marta anotou uma vez: “Ajuda-me a encontrar-me logo. Abre bem meus olhos e meu coração, porque parece que tudo o que nos cerca és Tu mesmo e isso, meu Deus, é muito difícil de entender”.

No último ano da sua vida, ela ia todos os dias estudar no centro do Opus Dei, que havia deixado por alguns anos. Sempre terminava o dia com meia hora de oração de joelhos, diante do Santíssimo.

No dia da sua entrega definitiva, pediu que deixassem os livros sobre a mesa de estudo, com a intenção de voltar pela manhã para participar da Missa, comungar e continuar se preparando para as provas de fevereiro.

Mas ela já não pôde voltar. Às 22h, aproximadamente, uma vizinha sua ouviu um grito desgarrador, mas ao não se repetir, não saiu para comprovar o que acontecia. Cinco dias depois, o cadáver da Serva de Deus Marta Obregón foi encontrado, coberto de neve, a aproximadamente 5km de Burgos. Ela tinha 22 anos.

O informe forense indica que Marta morreu nas primeiras horas do dia 22 de janeiro, festa da mártir Santa Inês, por tentar evitar a agressão. Seu corpo apareceu com numerosos golpes e 14 feridas de arma branca, como um bisturi, uma das quais penetrou o centro do seu coração.

Também o condenado pelo crime, que continua na prisão, deu a entender que, se ela tivesse cedido à agressão, como várias vítimas anteriores, ele não a teria matado.

Serenidade e perdão

A despedida de Marta foi multitudinária e muito emotiva. A dor se misturava com a alegria e a paz. Algumas testemunhas que viram o rosto da falecida afirmam, impressionadas, que seu aspecto era sereno e doce, como se não tivesse sofrido o terror dos golpes e pressões que apareceram em seu corpo.

Muitas outras pessoas ficaram profundamente impressionadas pela serenidade da família da jovem e pelas palavras de perdão da sua mãe. “Essa é a força de espírito”, explica o postulador, e acrescenta: “Quem nunca sentiu humanamente a morte de um ente querido e, ao mesmo tempo, se sentiu mais perto que antes dessa pessoa?”.

López considera que é preciso “continuar rezando pelo agressor, porque ele é quem mais precisa”.

Com relação ao testemunho da família da jovem, destaca que “tiraram Marta da sua família por um tempo determinado, mas, pela fé, os seus têm a certeza de que ela já passou pelo mistério pascal”. “Se ela morreu por ser fiel a Cristo e defender uma virtude – afirma -, isso dá fortaleza aos seus pais.”

Fonte: Zenit - (Patricia Navas)

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