Segundo o cardeal Marc Ouellet, prefeito da Congregação para os Bispos e presidente da Comissão Pontifícia para a América Latina, o papa vai ao México e a Cuba para fortalecer a fé de um povo ameaçado hoje pelo secularismo.
Em entrevista concedida ao periódico vaticano L'Osservatore Romano, publicada nesta terça-feira (14), o cardeal Ouellet afirma que “a presença do papa em Cuba e no México terá um significado que vai além de qualquer avaliação cultural ou política, porque a sua finalidade principal é confirmar e fortalecer a fé da imensa maioria dos povos da América Latina”.
“É claro que não devemos perder de vista os contextos e as circunstâncias desta visita pastoral. A peregrinação do papa quer acima de tudo levar o anúncio de Cristo, esperança do continente. Neste sentido, a presença dele vai antecipar de alguma forma o Ano da Fé na América Latina”.
O papa exortou os povos latino-americanos a renovarem a sua vocação à esperança nesta época em que o protagonismo emergente da América Latina se consolida no mundo. O cardeal complementa que esse protagonismo faz com que “se espere da região uma contribuição importante para a superação da grave crise atual, concentrada principalmente nos Estados Unidos e em alguns países europeus. Mas a principal contribuição da América Latina ao mundo é a sua originalidade histórico-cultural, de uma fé inculturada na vida dos povos, simbolizada por excelência no rosto mestiço de Nossa Senhora de Guadalupe. Sem ela, não se falaria da América Latina como continente da esperança”.
O caminho a percorrer até uma integração aceitável entre os vários povos do continente, no entanto, ainda é longo.
O cardeal Ouellet destaca que “a América Latina traz na própria história uma vocação de unidade, fundamentada na proximidade geográfica dos seus países, com línguas e cultura em comum, com acontecimentos históricos em comum e, principalmente, com a fé católica, que caracteriza toda a sua vida. Isto se manifesta no profundo senso de irmandade que é vivido entre os latino-americanos. A integração econômica e política vem dando passos muito importantes nas últimas décadas na América Latina, mas continua insuficiente e ainda enfrenta muitos obstáculos e resistências. Ela corre o perigo de fracassar se permanecer no nível dos intercâmbios comerciais ou das retóricas políticas. São necessárias bases mais sólidas, além de um espírito continental que só pode se manifestar se houver um senso de identidade renovado, uma unidade dos povos animada pela vitalidade da fé católica”.
Como a Igreja pode encarar os desafios da pobreza, do analfabetismo, da insegurança social, das ameaças contra a vida ainda não nascida, além da corrupção, da violência e do tráfico de drogas?
O cardeal reconhece que estes problemas sociais são, “sem dúvida, muito graves e urgentes”. “A missão da Igreja abrange todas as necessidades dos indivíduos, das famílias e dos povos. Não pode faltar um compromisso dela em todos os âmbitos, principalmente na responsabilidade dos leigos, que são os protagonistas dos movimentos de solidariedade, de paz e de justiça, incentivados pelo testemunho evangélico dos religiosos e pelos ensinamentos e orientação dos seus pastores. Nós temos que fazer mais e melhor, dentro das diretrizes traçadas pela encíclica Caritas in veritate, e com a convicção de que a solução para os problemas sociais não vem das ideologias do mundo, que são sempre parciais e decepcionantes, mas da caridade criativa, perseverante e concreta, que ajuda as pessoas e muda as estruturas injustas”.
Fonte: Zenit.
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