Na sede da CNBB em Brasília, às 14h desta quarta feira, ocorreu a abertura da Campanha da Fraternidade 2012. Participaram do evento Dom Leonardo Ulrich Steiner, secretário geral da CNBB e Bispo Auxiliar de Brasília; Maria Cristina dos Anjos, diretora executiva Nacional da Cáritas Brasileira; Dr. Nelson Rodrigues, Presidente do Instituto de Direito Sanitário Aplicado (IDISA); Dr. André Luiz de Oliveira, Ex-coordenador Nacional da Pastoral da Saúde e o Ministro da Saúde Alexandre Rocha Santos Padilha e toda a imprensa católica e laica. Zenit, também, também marcou presença no evento.
Depois da saudação aos presentes, veio a prestação de contas da campanha da Fraternidade 2011, realizada por Maria Cristina dos Anjos, a qual destacou que o gesto concreto da CF é a coleta realizada no Domingo de Ramos, que é destinada ao Fundo Nacional de Solidariedade, que fomenta projetos, forma e capacita agentes. Só no ano passado, arrecadou-se pouco mais de 5 milhões de reais.
Em seguida, o padre Luis Carlos Dias – secretário executivo da Campanha da Fraternidade – procedeu à leitura da carta enviada pelo Papa Bento XVI, por ocasião da Campanha da Fraternidade, datada de 11 de Fevereiro de 2012, na qual, entre outros aspectos, o Papa destacou que a Saúde Pública é um dever do Estado, do indivíduo, da família e da sociedade como um todo.
Dom Leonardo Steiner destacou a necessidade de uma maior atenção por parte do Estado, em relação à saúde dos indígenas e dos quilombolas, como também a preocupação com “a decisão governamental de cortar cerca de 5 bilhões de reais da área da saúde” para o exercício orçamentário desse ano, frustrando, assim, um dos objetivos da Emenda Constitucional nº 29, que é uma maior destinação de recursos à saúde, agravando, dessa forma, mais ainda, o problema do subfinanciamento da Saúde Pública. Pontuou, por fim, que os problemas na área da saúde são reflexos da nossa economia de mercado que muitas vezes não conta com valores éticos, morais e sociais, ressaltando que um dos ideais da Campanha da Fraternidade são os Conselhos Municipais de Saúde, que possibilitarão a participação decisiva da sociedade no controle da saúde pública.
O Ministro da Saúde, Alexandre Rocha Santos Padilha, destacou que o desafio da saúde no Brasil é a extensão do nosso país. Nenhum dos países, que figuram como modelo de sistema de saúde, apresenta uma população como a do Brasil e não vemos países com mais de 100 milhões de habitantes que tenham assumido o compromisso constitucional que o Brasil assumiu. A nossa Constituição prevê que: “a saúde é direito de todos e dever do Estado”. A Igreja católica – afirmou o ministro – sempre esteve presente na democratização do país e possibilitará, por meio das discussões nas diversas comunidades, uma reflexão séria e profunda sobre o SUS “real” da sociedade. Diversos são os desafios a serem vencidos na saúde: redução da mortalidade materna, diminuição dos acidentes de moto e carro, que ocupam de 35% a 40% dos leitos de pronto-socorros e UTIs, a epidemia do craque, bem como o envelhecimento da população em razão da urbanização. O ministro ressaltou, ainda, que algumas iniciativas legais podem ajudar a solucionar a problemática da saúde, como a criação de uma Lei de Responsabilidade Sanitária, na qual sejam previstas metas a serem alcançadas e punição aos gestores caso não as cumpram. Por fim, pontuou que o tema do subfinanciamento da saúde não se encerra na EC nº 29.
Colocando em números a participação da Igreja na saúde brasileira, o Dr. André Luiz de Oliveira informou que nossa Igreja conta com meio milhão de agentes voluntários nas diversas pastorais: 230 mil na Pastoral da Criança, 100 mil na Pastoral da Saúde, 30 mil na Pastoral do Idoso, entre15 a20 mil na Pastoral da Aids, sem falar na Pastoral Familiar e, sem contar, também, toda a estrutura da Igreja Brasileira: 274 circunscrições eclesiásticas, 10 mil paróquias, 450 bispos, 17 mil padres, 33 mil religiosos e religiosas, 700 mil catequistas - todos esses números indicam que o tema da Campanha da Fraternidade será suscitado em muitos locais e rincões da nossa sociedade, provocando verdadeiras transformações.
No final das exposições, Dom Leonardo – fazendo votos de que a Campanha atinja seu objetivo – convidou a todos a rezarem, pela primeira vez, a oração oficial da Campanha da Fraternidade: Senhor Deus de amor, Pai de bondade, nós vos louvamos e agradecemos pelo dom da vida, pelo amor com que cuidais de toda a criação. Vosso Filhos Jesus Cristo, em sua misericórdia, assumiu a cruz dos enfermos e de todos os sofredores, sobre eles derramou a esperança de vida em plenitude. Enviai-nos, Senhor, o Vosso Espírito. Guia a vossa Igreja, para que ela, pela conversão se faça sempre mais, solidária às dores e enfermidades do povo, e que a saúde se difunda sobre a terra. Amém.
Fonte: CNBB.
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