segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Clássicos dos Pais da Igreja para a Nova Evangelização

Existem muitas semelhanças entre o nosso tempo e o período histórico que viu o declínio do Império Romano.

Em seu discurso à Cúria em 2010, o Papa Bento XVI disse: "Vivemos a crise que passou o Império Romano".

Este foi o contexto da escolha da Editora Studio Dominicano (http://www.esd-domenicani.it/sito/home.asp) e das Edições San Clemente (http://www.istitutosanclemente.it/) para a publicação dos textos dos Padres da Igreja, segundo análise das edições Sources Chrétiennes, foi providencial.

A nova evangelização, de fato, tem necessidade de repropor as razões originárias do cristianismo, a mesma que levou à conversão do mundo pagão.

"A Doutrina dos Doze Apóstolos" (Didache), por exemplo, é um dos textos mais evocativos da Antiguidade cristã.

Um manual catequético, litúrgico e disciplinar, que remonta à Igreja primitiva, e ocupa um espaço intermediário entre o Novo Testamento e os Padres Apostólicos.

O Stúdio Domenicano reeditou em uma edição incluindo o texto em grego, com introdução e texto analítico de Willy Rordorf, professor honorário da Faculdade de Teologia da Universidade de Neuchatel.

A versão italiana é uma tradução do livro publicado por Sources Chretiennes (Les Editions du Cerf: La doctrine dês douze apotres”

"A Doutrina dos doze apóstolos" (mais conhecida como Didache), por exemplo, é um texto muito antigo, escrito antes dos Evangelhos redigidos talvez na Síria entre 50-60 d.C.

O texto fornece informações valiosas sobre as comunidades cristãs primitivas. Trata-se da formação dos catecúmenos e dos missionários; da escolha dos bispos e diáconos; das relações internas das jovens e pequenas Igrejas; da importância do trabalho realizado com seriedade e compromisso; da responsabilidade dada e solicitada a assembléia de fiéis.
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Importantíssimas são as passagens relativas ao batismo, a eucaristia - que tinha uma forma muito diferente da atual - e o ágape fraterno, que na época antecedia a Eucaristia.

O autor é desconhecido. O texto completo só foi descoberto no final de 1800, um manuscrito encontrado em Jerusalém. Mas a ópera já era conhecida por causa das citações que fizeram os Padres da Igreja; um sinal de que esta, desde os primeiros séculos, já era muito popular pela sua autoridade.

O bispo egípcio Santo Atanásio de Alexandria (295 AC - 373) é, de maneira particular, um testemunho da veneração que a Igreja antiga tinha pela Didaché.

A versão original é atualmente representada exclusivamente por uma única testemunha, Hierosolymitanus 54, da Biblioteca do Patriarcado Ortodoxo de Jerusalém.

O livro da ESD conta que "tinha sido perdido até a memória deste precioso manuscrito quando, em 1873, o Metropolitan Filoteo Bryennios teve a sorte de encontra-lo na Biblioteca do hospital do Santo Sepulcro, em Constantinopla, onde estava antes de ser levado para Jerusalém”.

Aproveitando a sua descoberta, a Filoteo Bryennios publicou em 1883 a edição princeps da Didache. Desde então, as críticas não perderam mais o interesse neste texto, que anteriormente era conhecido apenas pela tradição indireta e por citações patrística.

Sem resolver todos os problemas colocados pela vida da Igreja primitiva, a Didache explica como as primeiras comunidades de cristãos celebravam o mistério de Cristo.

O trabalho consiste de quatro partes de tamanhos diferentes: uma parte catequética e moral do ensinamento judaico-cristã das Duas vias, a Via da Vida e a Via da Morte (cap. 1-6); uma parte litúrgica que se refere especificamente ao batismo, ao jejum, a oração e a Eucaristia (cap.7-10); uma parte que fornece informações valiosas sobre a estrutura das primeiras comunidades cristãs (cap.11-15) e uma parte sobre a escatologia que é a conclusão do livro em sua redação atual (cap. 16).

Assim como aparece no manuscrito de Jerusalém, a Didache parece desprovida de uma unidade literária. Esta na verdade compreende várias partes de tamanhos desiguais, que pertencem a diferentes gêneros.

Cada parte do livro tem uma estrutura especial que pressupõe diversas origens. Não parece haver um único autor, embora pareça que um editor colocou as mãos na obra por último, antes que tivesse a forma que tem no Hierosolymitanus 54.

Embora vários estudos não tenham identificado os vários autores da Didache; é certo que eles desfrutaram de grande autoridade nas comunidades cristãs às quais se dirigiam, e que esperavam ser ouvidos e seguidos em seus ensinamentos.

No que diz respeito à importância do texto o editor escreveu: “A Didache contém antigas orações eucarísticas que são para nós um tesouro inestimável.

Embora inspiradas pela tradição judaica, e mantendo-se muito próximo a esta, as orações expressam de modo característico a realização da salvação na pessoa de Jesus e a expectativa da parusia de Cristo ressuscitado.

Estes proclamam que a parusia não é característica apenas do fim dos tempos, mas é realizada na sinaxe eucarística.

As perspectivas desta concepção escatológica, são destacadas com vigor e revelam a amplitude da riqueza teológica da instituição da Eucaristia”.


Por Antonio Gaspari

Fonte: Zenit.

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