segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Queda de braço

Com razão nos dizem as Escrituras que um “atleta não será coroado se não tiver lutado” (2 Tim 2,5). A vida do homem sobre a terra envolve constante tensão, permanentes opções, escolhas dolorosas. Os ideais da vida não estão prontos. As idéias que servem de coluna vertebral para construir nossa história precisam ser selecionadas. Nos últimos dois milênios a humanidade se agrupou – falando de maneira simplificada – ao redor de duas maneiras de organizar a vida.

Uma é a maneira de ver do paganismo. A outra é o ideal proposto pelo cristianismo. As idéias-força dos pagãos são estas: O mundo está cheio de forças misteriosas, que devem ser domadas pela magia. É preciso dominar o azar. Não podemos tocar em “água santa”; as classes (as castas) são intransponíveis; a vida tem um horizonte só para este mundo; as mulheres existem para gerar a vida, mas dependem da vontade masculina; a guerra é o instrumento para impor a paz; o prazer sexual é sempre lícito para os varões; a vida sexual não se expressa só entre um homem e uma mulher; a virtude só é obrigatória de dia; a monogamia é só uma possibilidade.

É claro que os pagãos produziram coisas boas, como o empenho em cumprir a palavra, o reconhecimento de que as pessoas tem direitos, o estímulo ao amor à pátria, a crença e a invocação das divindades, o folguedo nas festas...

O cristianismo deu outra visão da existência: existe vida após a morte; a família exige fidelidade conjugal perpétua; o prazer sexual se justifica só entre um casal legítimo; existirão festas para celebrar os heróis do cristianismo; o repouso dominical é obrigatório; todos os homens são filhos diletos de Deus; a guerra é só um recurso extremo; o roubo deve ser punido; os bens materiais tem um valor relativo...

O mundo impôs, mas sob influência cristã, os direitos humanos, as leis trabalhistas, a justiça social, a igualdade democrática, os direitos da mulher e das minorias. Mas também replantou do paganismo a total liberdade sexual (carnaval), as guerras como meio de paz, a família sem moralidade fixa, a semana sem dia de descanso religioso, o feminismo que olha só a mulher e não a mãe. Mas o que lhe causa ódio é a nossa visão de eternidade após a morte. Somos alvo permanente de perseguições. Mais de 80% de todas as perseguições físicas e morais existentes são contra os cristãos. Não olharemos isso sem reagir.

Autor:Dom Aloísio Roque Oppermann scj – Arcebispo de Uberaba, MG.

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