“São 11 milhões os muçulmanos na Europa: a presença deles é um fato na vida dos países e das paróquias, assim como são um fato as muitas experiências de diálogo compartilhadas para encontrar uma linha comum de orientação”. Dom Duarte da Cunha, secretário do Conselho das Conferências Episcopais da Europa, apresentou assim os motivos do II Encontro dos Delegados das Conferências Episcopais para as Relações com os Muçulmanos no velho continente, que aconteceu em Turim neste 31 de maio.
“O CCEE optou por dois temas, o das relações entre a Igreja, o Estado e o Islã na Europa e o da Islamofobia, ou seja, o perigo da difusão de uma sensação de medo e de intolerância com o Islã”.
O encontro “tem um caráter puramente pastoral. O diálogo teológico foi conduzido pelo Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-Religioso, com o objetivo de uma reflexão intraeclesial, diferenciando-se de muitos outros encontros organizados no passado junto a representantes de outras confissões cristãs e comunidades muçulmanas”.
“É necessário acolher este processo em desenvolvimento”, prosseguiu o secretário da Comissão para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-Religioso da Conferência Episcopal do Piemonte-Valle d’Aosta, Dom Andrea Pacini, “que é o da inserção madura das comunidades muçulmanas no contexto europeu”.
A Europa representa “uma grande oportunidade para o Islã se enriquecer e voltar a expressar a sua identidade puramente religiosa, mais que política, jurídica e social”.
Isto “constitui um desafio para o Islã, mas interessa muito também aos vários componentes da sociedade civil europeia e às igrejas, porque, dentro dos estados europeus em que a liberdade religiosa é garantida, é importante tecer relações entre as comunidades religiosas para contribuir o mais possível a uma convivência pacífica e harmoniosa dentro de todas as sociedades”.
Também há “consequências muito práticas, como compartilhar as capelanias hospitalares, militares, penitenciárias e universitárias, que oferecem oportunidades de diálogo concreto e não só ocasional”.
“O Islã”, afirmou o arcebispo de Túnis, Dom Maroun Lahham, “não é um bloco monolítico. As diferenças são muitas conforme os contextos. É mais fácil que eu me entenda com o mufti de Hebron do que com o bispo de Estocolmo, já que os palestinos e os cristãos árabes têm 15 séculos de história com os muçulmanos do Oriente Médio, o que nos torna conscientes de pertencer à mesma cultura e mentalidade. Este é um fator forte de coexistência. Para um cristão árabe, por exemplo, a Europa se negar ao acolhimento é uma coisa contrária à sua cultura”.
A consequência negativa desta convivência secular é “o mal-entendido que equipara o cristão com o ocidente e com as suas escolhas políticas e econômicas”. Neste âmbito, “a família, a mesquita e a escola, as três principais instituições do mundo islâmico, não fazem muito para definir os cristãos. Nem sequer se fala de cristãos, mas de não- muçulmanos”.
A propósito de preconceitos, “o Oriente Médio não é um foco de terrorismo e os movimentos não foram criados contra os cristãos, mas por causa da situação política”. Foi acolhida muito positivamente, segundo Lahham, “a unidade do povo palestino, porque assim o interlocutor do processo de paz será um só”, mas “é necessário que por parte de Israel exista vontade política neste sentido” e que Israel “não tenha medo da paz”.
O bispo tunisiano também expressou sua confiança quanto aos movimentos revolucionários do norte de África, “protagonizados por jovens cultos, hábeis no uso da internet e que não suportavam mais os regimes que os dominavam”. “É preciso olhar sempre com otimismo para esses movimentos pró-democracia e confiar nestas situações que se aplicarão também aos cristãos, com certeza na Tunísia, mas também no Egito. Eu tenho certeza de que não devemos ter medo”.
Fonte: Zenit - Chiara Santomiero
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