Novos episódios violentos atingem nestes dias a província de Abyei, a região petrolífera disputada pelo governo do Sudão do Sul e o de Cartum.
No domingo passado, o governo de Cartum enviou o exército para ocupar a cidade de Abyei, situada no limite entre o norte e o sul do Sudão, e já fugiram da província cerca de 40 mil pessoas, informa o L'Osservatore Romano.
De Abyei estão chegando “informes horríveis de incêndios e saques”, advertiu a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Susan Rice.
A ocupação da cidade pelas forças armadas do norte viola o acordo de paz de 2005, razão pela qual foi condenada pelo Conselho de Segurança da ONU.
Secours Catholique-Cáritas França recolheu algumas declarações que mostram os temores e esperanças dos católicos das dioceses de Cartum e Torit.
“Os problemas da cidadania, da dívida internacional e da gestão do petróleo devem ser resolvidos antes da independência oficial do Sudão do Sul, em julho”, declarou o secretário diocesano de Educação de Cartum, Pe. Jangara Modi.
O administrador da diocese de Torit, no Sudão do Sul, Pe. Hakim Dario, considera que “o conflito em Abyei não deveria comprometer o processo de independência do Sudão do Sul, já que existe uma vontade forte de que este se desenvolva em boas condições”.
Neste sentido, o Pe. Jangara Modi destacou que “os sudaneses se tornaram mais sábios” e “sabem que, se tomarem as armas, isso marcará o fim do processo de independência”.
A independência do Sudão do Sul “não mudará nada” nas atividades de ambas as dioceses. No entanto, o Pe. Dario reconheceu que lhes preocupa o futuro da Igreja no norte do Sudão, de maioria muçulmana.
“A Igreja se tornará muito minoritária e temo que as perseguições que já sofre aumentarão e que os cristãos serão expulsos”, acrescentou.
O International Crisis Group advertiu que “as ofensas largamente reprimidas ressurgiram e ameaçam a estabilidade, às vésperas da independência do sul do Sudão”.
A ONU confirmou confrontos entre grupos rebeldes e o exército, mas também diversos grupos étnicos disputam terras e gado, sem esquecer dos ataques de rebeldes ugandenses do Exército de Resistência do Senhor”.
Baseando-se em imagens de satélite, a ONG norte-americana Enough Project denunciou que em Abyei há registros de crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
“A concentração de carros de combate e helicópteros, a ampliação das infraestruturas militares, a consistência das tropas e seu deslocamentos, revelados pelos satélites, demonstram que a invasão da região foi premeditada e bem planejada”, indica o jornal vaticano.
A ONU enviou a Abyei um contingente dos capacetes azuis da missão no Sudão, com o objetivo de acabar com os incêndios e saques e acompanhar a ocupação.
Fonte: Zenit.
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