“O presidente Obama, ao anunciar a morte de Bin Laden, procurou deixar claro que a guerra não é contra o islã, mas contra o terrorismo”.
Isso é o que reafirma, em Roma, Dom Domenico Pompili, porta-voz da Conferência Episcopal Italiana (CEI), em entrevista a ZENIT durante o seminário “Palavra e palavras”, da Ação Católica Italiana.
“O que se combate é a violência, e não a experiência de milhões de pessoas que têm uma dignidade, que acreditam no mesmo Deus que nós, cristãos, como foi indicado pelo Vaticano II”, continuou o bispo.
“Eu acho importante acabar com esse curto-circuito do choque de civilizações, que é uma leitura superficial. As religiões não são portadoras de violência, mas às vezes acabam sendo instrumentalizadas ou se deixam instrumentalizar pelos poderes econômicos e políticos”.
O ponto de equilíbrio foi sugerido ontem pelo “cardeal Bagnasco, ao recordar que rezou por Bin Laden e ao mesmo tempo pelas vítimas do terrorismo”. O presidente da CEI enfatizou como deve ser “o comportamento cristão, que não é de se alegrar pela morte de ninguém, mas de refletir nesta oportunidade sobre o contexto em que vivemos”.
“Quanto à tragédia do terrorismo, a reflexão é que a religião nunca pode ser usada como instrumento de guerra, porque uma experiência religiosa verdadeira leva aos elementos da proximidade e da continuidade. Uma verdadeira religião possibilita o encontro entre os povos”.
Dom Pompili lembrou ainda o que Bento XVI afirmou várias vezes e reforçou o seu pedido para que “a fé nunca fique contra a razão”, mas que a união entre as duas dimensões preste “um serviço digno do homem e capaz de superar tantas injustiças do mundo atual”.
“O Evangelho é uma profecia da paz”, acrescentou. “Hoje, com a potencialidade destrutiva enorme do homem, a paz é uma emergência”.
Quanto ao perigo de generalizações ou simplificações sobre o islã e a violência, Dom Pompili também observou: “Pelo que eu conheço da nossa religião, a questão não é a religião em si, mas as interpretações da religião o que suscita os problemas”.
Frequentemente, “a pressão de interesses políticos e econômicos induz mais a uma leitura do que a outra”, e por isso “o senhor dos exércitos pode ser entendido como um atestado da sua grandeza ou interpretado instrumentalmente em sentido político militar. Obviamente, cabe à inteligência e à responsabilidade de cada um fazer uma leitura apropriada”.
Fonte: Zenit.
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