Ao receber em audiência, nesse sábado, os diretores, docentes e estudantes da Universidade Católica do Sagrado Coração, por ocasião do seu 90º aniversário de fundação, Bento XVI os exortou a não privar a esfera cultural da contribuição da fé, porque “fé e cultura estão intrinsecamente unidas”.
O Pontífice reconheceu que a nossa época é caracterizada por “grandes e rápidas transformações, que se refletem também na vida universitária”.
“A cultura humanista parece afetada por uma progressiva deterioração, enquanto se acentuam as disciplinas chamadas ‘produtivas’, de cunho tecnológico e econômico”, observou.
“A cultura contemporânea, então, tende a confinar a religião fora dos espaços da racionalidade: na medida em que as ciências empíricas monopolizam os territórios da razão, não parece haver espaço para a razão do crer e, por isso, a dimensão religiosa é relegada à esfera do opinável e do privado.”
Neste “ponto de inflexão histórico”, é importante consolidar e incrementar as razões pelas quais nasceu a Universidade Católica do Sagrado Coração: “a busca da verdade, de toda a verdade, de toda a verdade do nosso ser”.
“Fé e cultura estão intrinsecamente unidas, manifestações daquele desiderium naturale videndi Deum que está presente em todos os homens”, observou o Pontífice, indicando que, “quando este casamento acaba, a humanidade tende a retroceder e fechar-se em suas próprias capacidades criativas”.
Paixão pelo homem
“O horizonte que anima o trabalho universitário pode e deve ser a paixão autêntica pelo homem. Somente no serviço ao homem, a ciência se desenvolve como um cultivo verdadeiro e protege o universo”; e “servir o homem é fazer a verdade na caridade, é amar a vida, respeitá-la sempre, começando pelas situações nas quais é mais frágil e indefesa”.
A fé cristã, revelou o Bispo de Roma, “não faz da caridade um sentimento vago e piedoso, mas uma força capaz de iluminar os caminhos da vida em todas as suas expressões. Sem esta visão, sem esta dimensão teologal original e profunda, a caridade se contenta com a ajuda ocasional e renuncia ao dever profético, que lhe é próprio, de transformar a vida da pessoa e as próprias estruturas da sociedade”.
“Este é um compromisso específico que a missão da universidade vos chama a realizar como protagonistas apaixonados, convencidos de que a força do Evangelho é capaz de renovar as relações humanas e penetrar o coração da realidade”, disse aos presentes.
A partir desta perspectiva, concluiu, “a capela é o coração que pulsa e o alimento constante da vida universitária”; é, como dizia João Paulo, “lugar do espírito, onde se detêm em oração e encontram alimento e orientação os que creem em Cristo, que vivem com modalidades diversas a experiência do estudo acadêmico; é lugar onde se exercitam as virtudes cristãs, onde cresce e se desenvolve com coerência a vida batismal; é casa acolhedora e aberta, para todos aqueles que, escutando o Mestre interior, se fazem pesquisadores da verdade e servem o homem na dedicação diuturna a um saber, não satisfeito de horizontes estreitos e pragmáticos”.
Fonte: Zenit.
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