Promover o diálogo intercultural, não a dominação
A Santa Sé insta as Nações Unidas a que enfrentem as violações aos direitos humanos nas populações indígenas, ensinando as pessoas sobre sua inerente dignidade.
Assim confirmou ontem Dom Celestino Migliore, observador permanente da Santa Sé nas Nações Unidas, em um discurso antes da 64ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas.
Para a Santa Sé, afirmou o prelado, falar sobre este problema é "mais que fazer um exercício intelectual, pois ela se deve ao seu prolongado compromisso de enfrentar as necessidades sociais, pessoais e espirituais dos mais de 370 milhões de indígenas que existem no mundo inteiro".
O prelado sublinhou a necessidade de respeitar "a identidade e cultura das populações indígenas".
"A compreensão e respeito às suas tradições culturais, suas consciências religiosas e sua capacidade de decidir e controlar seus programas de desenvolvimento melhorarão a interação e a cooperação entre os povos e os governos", acrescentou.
O arcebispo observou que, contudo, "continuam ocorrendo as violações aos direitos humanos" entre os povos indígenas.
Agregou que a delegação da Santa Sé "gostaria de recalcar a convicção - que com frequência ressoa nesta sala - de que o reconhecimento da dignidade fundamental de toda pessoa e a promoção dos direitos humanos continuam sendo a estratégia mais eficaz para o seu desenvolvimento integral".
"Temos de trabalhar mais duro para fazer que os povos indígenas sejam conscientes de sua própria dignidade e oferecer autonomia às suas comunidades, para dar forma à sua vida de acordo com suas próprias tradições."
Acesso aos recursos
Dom Migliore afirmou que "em meio às transformações sociais e econômicas, as redes tradicionais de solidariedade têm mais importância; portanto, a promoção de iniciativas indígenas para defender seus direitos deve ser respeitada".
"A interação entre as culturas tem um valor positivo, mas deve ser levada a cabo através do diálogo intercultural e não através da dominação ou da submissão", acrescentou.
O prelado pediu um maior acesso à tecnologia agrícola para esses povos, assim como uma atenção especial à educação sanitária em relação a epidemias como a AIDS.
Também sublinhou a necessidade de "cultivar uma consciência pública que reconheça a alimentação e o acesso à água como direitos universais de todos os seres humanos, sem distinção ou discriminação".
"As comunidades indígenas estão profundamente enraizadas em suas culturas, suas tradições e suas práticas no respeito pela terra, pela criação e pela vida humana", admitiu Dom Migliore.
"A abertura à vida esteve, durante muito tempo, no centro da espiritualidade dos povos indígenas", acrescentou.
"Se for perdida a sensibilidade social e pessoal com relação à aceitação de uma nova vida, também se perderão outras formas de aceitação que são valiosas para a sociedade", advertiu.
Fonte: Zenit.
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