quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Economia cubana está "à beira do colapso"



A revista “Palabra Nueva”, da arquidiocese de Havana, publicou um artigo em sua última edição no qual aborda a situação econômica atual do país, constatando que esta estaria “à beira do colapso”.
O artigo, assinado pelo padre Boris Moreno, especialista em Ciências Econômicas, atribui grande parte dos problemas conjunturais à visão ideologizada da equipe responsável pela política econômica do governo de Raul Castro.
Para o sacerdote, a política econômica do governo “é caracterizada pela ausência tanto de fins claramente definidos quanto de meios para implementá-los".
“Apesar de alguns sucessos, e da capacidade de adiar os impactos provocados pelas graves deficiências do sistema, a economia cubana enfrenta neste momento um contexto muito preocupante, cujas causas se devem a desequilíbrios internos, agravados pela recente crise mundial”.
Padre Moreno lembra que o crescimento de 1,4% registrado em 2009 é muito distante dos 6% previstos – e anunciados – pelo governo cubano, que admitiu uma grave crise de liquidez, projetando para 2010 um modesto crescimento de 1,9%.
Referindo-se à atual equipe econômica de Raul Castro, o presbítero, disse que "não se conhecem nem as intenções, nem as propostas, nem os planos, talvez devido à primazia da ideologia sobre a racionalidade econômica”.
Cuba tem como principais fontes de divisas a exportação de níquel, o turismo, a exportação de serviços e as remessas de dinheiro enviadas por cubanos residentes em outros países.
O artigo destaca “a quase improdutividade da atividade de exploração de níquel", que sofreu uma queda de preço de 80%, o desaquecimento do setor de turismo com a crise financeira mundial, e a diminuição no envio de dinheiro por parte de imigrantes cubanos que trabalham nos EUA, também atribuída à crise mundial.
Para o padre, portanto, Cuba enfrenta uma situação financeira “delicada e explosiva”, que vem causando um rápido aumento de sua dívida externa, num momento em que “várias linhas de crédito encontram-se indisponíveis”, agravando assim o problema de liquidez e gerando um grave risco de insolvência.
Outro item duramente criticado pelo padre Moreno são os baixíssimos níveis de eficiência do agricultura e da indústria cubana, assim como a “indisponibilidade do governo” para “alavancar o potencial empreendedor do país com reformas sustentáveis”.
Ainda que o governo busque promover a eficiência do setor produtivo por meio de uma série de mecanismos, a produtividade decresceu em 1,1% em 2009. Permanecem como entraves ao crescimento econômico de Cuba a burocratização excessiva e a ausência de estímulos - o salário médio no país é de cerca de 20 dólares mensais - e uma cultura habituada ao paternalismo estatal.
“Os apelos do governo para trabalhar duro e com eficiência não são suficientes para mudar a situação”. “A situação sócio-econômica de um país não muda com discursos ou decretos”, acrescentou.
Transcorridos dois anos desde a posse de Raul Castro, “não se vislumbra nenhum sinal das reformas prometidas, e a insegurança está se disseminando”, concluiu.


Fonte: Zenit.

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