Desde o começo do cristianismo, Jesus chamou vários irmãos para se dedicarem a ele. Tal como os apóstolos Pedro e André, ou Tiago e João, os filhos de Zebedeu.
No século XX e XXI o senhor continua escolhendo irmãos para ambos viverem a vocação sacerdotal. Também este é o caso do Papa Bento XVI e seu irmão Pe. Georg.
Da mesma maneira, os gêmeos poloneses Robert e Leszek Kruczed sentiram o chamado para se consagrarem como sacerdotes na ordem salesiana. ZENIT falou com eles.
Em maio completarão 38 anos, nasceram na localidade de Bielsko - Biala, uma cidade aos pés dos Montes Cárpatos, muito próximo da fronteira com a República Checa e com a Eslováquia.
Escutar o chamado
Desde muito pequenos a vocação de ambos se despertou quando serviam a Igreja como coroinhas e descobriram sua sensibilidade para a liturgia.
Cresceram em um lugar onde sempre cultivaram os valores religiosos, “quer dizer, a participação na Missa dominical, a oração em comum, o grande respeito pelos dons de Deus, especialmente pelo pão”, disse padre Leszek.
Todavia, esse discernimento não foi fácil. Para a mentalidade do ambiente da Polônia dos anos 70 e início dos anos 80, o sacerdócio estava reservado para pessoas eleitas de modo particular, “por isso não valia a pena se preocupar ou pensar na vocação” testemunhou o padre Robert.
“Servimos como coroinhas somente durante duas semanas, devido à atmosfera pouco propícia no momento para aqueles que serviam no altar”, recorda o padre Leszek.
Contudo, ambos admitem que apesar de qualquer dificuldade “se alguém tem vocação e quer obeceder à vontade de Deus, cedo ou tarde chegará o momento de decidir sem levar em conta os projetos ou medos, mas a resposta ao Senhor, sim ou não”.
Assim, durante alguns exercícios espirituais de Quaresma, cada irmão confessou ao outro o chamado que descobria dentro de si.
Vocação aos salesianos
E foi em uma escola da Congregação Salesiana no pequeno povoado de Oświęcim, ao sul da Polônia, onde ambos tomaram a decisão definitiva de seguir a vida sacerdotal.
“Conhecemos o carisma de Dom Bosco e isso influiu sinceramente em nossa vocação”, disse Robert.
E se referem ao fundador dos salesianos como “um homem prático e dotado de intelectualidade”.
“Utilizou suas capacidades para ensinar aos jovens um ofício necessário”, disse Leszek.
“Para poder instruí-los, ele mesmo devia possuir as habilidades de sapateiro, de alfaiate, carpinteiro ou encadernador”, afirma Robert.
Assim os irmãos concluem que São João Bosco é para eles um modelo “de dedicar totalmente todas nossas aptidões e forças a favor dos jovens”.
Pintar e esculpir para Deus
Hoje, ambos vivem na Cracóvia. O padre Leszek trabalha na paróquia de São Estanislau de Kostka e é o tesoureiro da comunidade e administrador da casa.
O Padre Robert por sua vez é o capelão de uma comunidade religiosa e também o tesoureiro - administrador da casa de inspeção.
Esses gêmeos não só compartilham a vocação ao sacerdócio, mas o talento artístico para a pintura e a escultura. Ambos coordenam um ateliê de artes plásticas chamado SalArt.
Eles possuem também um ateliê semelhante para jovens e adultos onde ensinam a fazer ícones, pintura de cavalete e pequenas esculturas.
Para ambos o melhor modelo de sacerdote e artista é o beato Fra Angelico, “cujas obras são um exemplo significativo da contemplação estética, que te leva às alturas da fé”, disse o padre Leszek.
“A vida e as obras do Fra Angelico demonstram que não somente se pode conciliar esses dois trabalhos - arte e sacerdócio - mas que pode também santificar tomando o mesmo caminho. Aqui a graça do sacerdócio pode ser muito frutífera”, disse Robert.
E como bons poloneses, o testemunho do João Paulo II é fundamental para sua vocação: “A primeira vez que vimos o cardeal Karol Wojtyla tínhamos 5 anos, quando ele abençoou a primeira pedra da nova igreja do povoado onde nascemos”, recorda o padre Leszek.
Os gêmeos tinham seis anos quando Wojtyla foi eleito Papa. “Foi assim, o Papa de nossa infância, da juventude, dos anos de seminário e de quatro anos de nossa vida sacerdotal”, conclui o padre Robert.
Leszek e Robert são dois irmãos apaixonados por sua vocação, a qual veem como “uma belíssima aventura, exigente, mas é uma imensa satisfação”.
Como irmãos ambos se apoiam e acompanham esse caminho. “O sacerdote é só um homem que deve combater contra os próprios defeitos e as próprias imperfeições, mas que, na colaboração com a Divina Providência, é capaz de cumprir com as obrigações que o Senhor lhes confiou”, dizem os irmãos.
Fonte: Zenit.
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