O jesuíta holandês Pedro Canísio é o segundo Doutor da Igreja apresentado por Bento XVI neste novo ciclo de catequeses de quarta-feira no Vaticano.
Na Sala Paulo VI, junto aos peregrinos, o Papa narrou a vida deste santo que dedicou sua vida a revitalizar a fé católica na Alemanha da Reforma, até o ponto de ser proclamado segundo apóstolo da Alemanha, por Leão XIII em 1897.
O pontífice destacou como sua “firmeza na fé” foi sempre acompanhada pelo “respeito à pessoa”, assim como pela evangelização “mediante a coerência da fé com a vida”, em um tempo de fortes lutas e ódio religioso.
Nascido em Nijmegen (Holanda), em 1521, Pedro Canísio entrou ainda jovem na Companhia de Jesus, depois de uma experiência na Cartuxa, cuja espiritualidade o marcou profundamente.
De fato, explicou o Papa, este santo “tinha se formado nessa amizade com Jesus dentro da atmosfera espiritual da Cartuxa de Colônia”, com uma “espiritualidade cristocêntrica” que dava grande valor à oração mental pessoal.
Recém-ordenado sacerdote, participou do Concílio de Trento com outros dois grande jesuítas, Diego Laínez e Alfonso Salmerón.
Santo Inácio de Loyola o enviou a Roma para completar seus estudos e depois lhe encomendou a difícil tarefa do apostolado na Alemanha.
“Devemos lembrar que estamos na época da Reforma luterana, no momento em que a fé católica nos países de fala germânica, diante do fascínio da Reforma, parecia estar se apagando”, disse o Papa.
“Era um dever quase impossível o de Canísio, responsável pela revitalização e pela renovação da fé católica nos países germânicos. Isso só seria possível com a força da oração. Seria possível apenas a partir da base, ou seja, a partir de uma profunda amizade com Jesus Cristo; amizade com Cristo no seu Corpo, a Igreja, que é alimentada na Eucaristia, sua presença real”, acrescentou.
Canísio evangelizou a Alemanha até sua morte, a partir da vida acadêmica, da pregação, das obras de caridade e da reforma religiosa e moral do povo. Ademais, realizou importantes traduções de escritos de São Cirilo, São Jerônimo e São Leão Magno.
Sua obra mais importante foram seus Catecismos, destinados aos estudantes, às crianças e aos jovens, textos que foram reeditados centenas de vezes, até o século XX.
“Na Alemanha, ainda na geração do meu pai, as pessoas chamavam o Catecismo simplesmente de ‘Canísio’: ele foi realmente o catequista dos séculos; formou a fé das pessoas durante séculos”, comentou o Papa.
Mas Bento XVI quis ressaltar sobretudo como característica de São Pedro Canísio “saber apresentar harmonicamente a fidelidade aos princípios dogmáticos com o respeito devido a cada pessoa”.
“São Canísio distinguiu a apostasia consciente e culpada da fé, da perda da fé inocente devido às circunstâncias. E declarou, diante de Roma, que a maioria dos alemães passou ao protestantismo sem ter culpa.”
“Em um momento histórico de fortes contrastes confessionais, evitou as asperezas e a retórica da ira - uma raridade naquela época de discussões entre os cristãos -, centrando-se na apresentação das raízes espirituais e na revitalização da fé na Igreja.”
Em seu diário, tinha anotado que Jesus Cristo lhe dera “uma veste com três partes, que se chamam paz, amor e perseverança. E com essa vestimenta feita de paz, amor e perseverança, Canísio realizou o seu trabalho de renovação do catolicismo”.
O ensinamento deste santo, mais que com suas obras, é “sobretudo com sua vida”, concluiu Bento XVI. “Ele nos ensina claramente que o ministério apostólico é incisivo e produz frutos de salvação no coração somente se o pregador for uma testemunha pessoal de Jesus e souber ser um instrumento à sua disposição, intimamente unido a Ele pela fé no seu Evangelho e na sua Igreja, por uma vida moralmente coerente e por uma oração incessante como o amor”.
“E isso se aplica a todo cristão que quer viver com esforço e fidelidade sua adesão a Cristo”, disse o Papa.
Fonte: Zenit.
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