Os protestos das últimas semanas, no Egito, têm manifestado a união dos cidadãos, independentemente de suas diferenças, até mesmo religiosas.
Quem o comenta é o cardeal Antonios Naguib, patriarca católico de Alexandria dos Coptas (Egito), em um comunicado enviado à edição de ZENIT em árabe, no qual reflete sobre a nova situação política no país após a renúncia do presidente Hosni Mubarak.
No texto, o patriarca afirma que "a Igreja Católica egípcia se une a todos os cidadãos leais do Egito para dar graças ao Deus Todo-Poderoso pelo maravilhoso êxito que concedeu aos valentes jovens a partir do movimento ‘25 de janeiro', do qual participaram todos os cidadãos leais, com a presença pessoal, o envolvimento emocional ou a oração ao Todo-Poderoso pelo bem do amado Egito, assim como com o acompanhamento das notícias com grande expectativa, temor e esperança".
O prelado sublinha que se esperava "uma mudança gradual, baseada em normas constitucionais", mas que "a vontade dos jovens tem determinado o rumo dos acontecimentos".
"Estamos certos de que todas as expectativas serão cumpridas, se Deus quiser - acrescenta. O Egito escreve sua história há 7.000 anos, com letras de luz e de fogo, e agora está brilhando com um novo esplendor."
A experiência destes últimos dias, explica, "produziu uma realidade que esteve ausente por um longo tempo, ou seja, a unidade dos cidadãos, velhos e jovens, cristãos e muçulmanos, sem distinção ou discriminação" na ação "pelo bem do Egito e pela segurança do país".
"Temos certeza de que esses sentimentos que reinaram nos corações durarão para o futuro próximo e distante", acrescenta.
Reconhecimento
O patriarca Naguib diz que é necessário agradecer "as multidões de jovens patriotas, que proporcionaram a faísca da qual saiu este movimento, que se tornou um vulcão e uma erupção que não pode deter-se e que reuniu todas as forças que rejeitam a situação negativa que controlou o país durante tanto tempo, ansiando por um futuro melhor e mais otimista para os egípcios, unindo-se em torno de uma única causa, que é o amor pelo Egito e pela dignidade dos seus cidadãos".
Depois, presta homenagem às "almas dos mártires que deram suas vidas pelo amanhecer deste dia histórico", desejando que Deus "tenha misericórdia deles, unindo-os aos justos e dando consolo e paz às suas famílias".
"Nós também oramos para que os feridos possam se recuperar e para que as vítimas de violência e do vandalismo possam reconstruir o que foi perdido ou destruído", acrescenta.
Da mesma forma, agradece a "todos aqueles que contribuíram para a defesa das pessoas e dos bens públicos e privados neste momento crítico: os comitês populares, as forças armadas e forças de segurança".
Perspectivas futuras
Para o patriarca, "chegou a hora de uma ação séria, comprometida e decisiva, para que o Egito esteja na vanguarda do âmbito social, econômico e político, e que brilhe novamente sua civilização profundamente arraigada, que iluminou o mundo durante séculos".
"Com todos os egípcios, desejamos que realizem rapidamente o que foi declarado pelo Conselho Supremo das forças armadas, ou seja, a reconstrução da nação sobre bases constitucionais justas."
"Queremos que o Egito encontre seu lugar entre as nações modernas", sublinha, pedindo "um país democrático, baseado nas leis, na igualdade e na justiça, que respeite a liberdade e a dignidade fundamentadas na cidadania e permita a participação de todos."
O patriarca também deseja que o país "consiga o que os analistas, políticos e intelectuais pediram para evitar divisões".
"Os egípcios leais estão dispostos a realizar qualquer esforço pelo bem da nação amada. A Igreja Católica, com todas as suas instituições, trabalhará com eles na reconstrução e prosseguirá neste caminho rumo a um futuro melhor."
"Que Deus defenda o Egito e seus governantes, e possa inspirá-los para o bem do país, para o presente e para o futuro", conclui.
Fonte: Zenit.
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