A compaixão de Abby Johnson pelas mulheres em crise, devido a uma gravidez não desejada, levou-a a trabalhar em Planned Parenthood, mas sua promoção do aborto e da contracepção logo a deixou em dúvida sobre as necessidades reais de tais mulheres.
A ex-diretora da clínica de Planned Parenthood, que deixou o emprego depois de ter assistido a um aborto, falou com ZENIT sobre as necessidades reais das mulheres em situação de crise e sobre como ser pró-vida significa verdadeiramente educar as pessoas na liberdade que determinará suas vidas.
Johnson publicou o livro "Unplanned" no mês passado, no qual explica o programa de Planned Parenthood: ganhar dinheiro incentivando as mulheres a abortar.
Ela está trabalhando atualmente com a organização pró-vida 40 Days For Life, que começará outra campanha de oração, em 9 de março, para chegar de forma pacífica às mulheres em necessidade.
Nesta entrevista com ZENIT, Johnson conta por que sua aproximação de 40 Days For Life foi um sucesso sem precedentes, tanto em sua própria conversão como na da vida de outros.
ZENIT: Em seu livro, uma constante é a sua compaixão e seu desejo sincero de ajudar as mulheres em crise, já que foi justamente isso que a motivou a trabalhar na clínica de Planned Parenthood. Você parece ter notado, entretanto, que sua atitude de caridade evangélica tem mais consonância com a verdade ao unir-se à causa pró-vida. Como aconteceu essa mudança na sua compreensão sobre o que as mulheres em crise realmente precisam?
Abby Johnson: As mulheres em crise não precisam de uma "solução rápida". Esta solução rápida normalmente vem acompanhada de uma dor emocional que dura a vida inteira; entrar em uma clínica sendo mãe e sair dela sem sê-lo mais causa nas mulheres e em suas famílias uma dor que nunca sequer imaginaram.
Eu não estava ciente desta realidade até que eu mesma fui testemunha de um aborto guiado por ecografia. Ver um corpo perfeitamente formado que foge dos instrumentos do aborto e ver como é cortado em pedacinhos me "despertou", em todos os sentidos. Percebi que eu não estava ajudando as mulheres com problemas: estava adicionando um novo problema a todos os que elas já enfrentavam!
Estas mulheres precisam ser respeitadas e ter tempo para ponderar todas as "escolhas" disponíveis, com seus prós e contras.
Elas precisam de compaixão, de um ombro amigo para chorar, de uma pessoa que as escute e, sobretudo, de alguém que as anime, porque elas merecem algo melhor que o aborto.
As clínicas de aborto continuarão acumulando nelas crise atrás de crise; nós, como pró-vida, continuaremos oferecendo-lhes esperança e um futuro melhor, apesar de seus problemas.
ZENIT: Você já fez muita coisa para explicar como o objetivo de Planned Parenthood é incentivar a abortar por razões econômicas. O que você pensa sobre a difusão de métodos anticoncepcionais? Você mudou sua opinião sobre a eficácia desses meios para "evitar uma gravidez indesejada"?
Abby Johnson: Enquanto eu trabalhava na Planned Parenthood, descobriu que 60% das gravidezes não desejadas eram de mulheres que haviam usado algum método anticoncepcional; uma das razões é que a Planned Parenthood não deseja ter o trabalho e dedicar tempo a educar as mulheres em suas escolhas sobre o método anticoncepcional, mas, ao contrário, sai por aí distribuindo métodos contraceptivos como se fossem balas.
O fato de não dedicarem tempo para explicar os riscos, complicações e componentes necessários para o controle da natalidade faz com que muitas mulheres abusem do método que estão usando, o que as leva a uma gravidez não planejada.
Planned Parenthood, então, usa o aborto como sistema de segurança no controle da natalidade.
Sempre defendi o controle da natalidade, porque, mesmo quando trabalhava na Planned Parenthood, meu objetivo era reduzir os abortos através de meios gratuitos ou a preços acessíveis de controle de natalidade para os casais sexualmente ativos que não estavam dispostos a formar uma família.
Embora eu, pessoalmente, prefira não utilizar métodos contraceptivos hormonais, devido aos riscos médicos envolvidos e às minhas crenças espirituais, compreendo aqueles que o fazem, e nós sabemos que, como associação, precisamos informar as mulheres que há opções melhores do que os contraceptivos hormonais. Minha recomendação para aqueles que tentam usar um método contraceptivo é o planejamento familiar natural, que é um caminho natural para evitar uma gravidez indesejada ou inesperada, sem o uso de medicamentos ou procedimentos médicos. É também uma maneira de se conectar com o próprio parceiro em um nível muito pessoal, no qual ambos têm o mesmo grau de responsabilidade no processo de fertilidade.
ZENIT: De acordo com a sua história, foi o foco único da campanha 40 Days for Life que tocou seu coração e provocou sua conversão. Em que consiste esta campanha e por que é tão eficaz na promoção da causa pró-vida?
Abby Johnson: A 40 Days For Life é uma campanha que consiste em 40 dias de vigílias de oração pacíficas no exterior das clínicas de aborto. Sua finalidade é diferente dos "pelotões" que havia fora das clínicas de aborto há alguns anos. Seu objetivo não é condenar ou odiar, mas chegar a uma aproximação amorosa, de paz e de oração.
Os 40 dias de vigilância constante não são só pela dedicação, mas por uma causa que vai além dos esforços da indústria do aborto para ajudar essas mulheres. Não se preocupam somente com a saúde ou com o bem-estar físico das mulheres que podem ou não estar grávidas, mas também pelo seu bem-estar espiritual.
ZENIT: O que você gostaria que as pessoas pró-vida aprendessem com a sua história, sobre como falar com amigos, familiares ou colegas que são pró-aborto?
Abby Johnson: A única maneira de conversar com amigos, familiares ou colegas pró-aborto é a partir da serenidade, da oração e do amor. No meu livro, relato como as pessoas se reuniam na frente da Planned Parenthood para condenar; isso nos fazia - a mim e aos meus colegas de trabalho - querer "proteger" mais ainda essas mulheres.
Sempre foram a presença e as palavras de pessoas de paz, de oração e de amor que me fizeram pensar mais e até mesmo refletir realmente com elas.
Eu sabia que queriam o mesmo que eu; queriam desesperadamente ajudar essas mulheres (embora eu pensasse que queriam ajudar de forma errada). Apesar da minha mentalidade pró-aborto, essas pessoas me impressionaram, e acabei absorvendo suas palavras e ações, até o dia em que deixei Planned Parenthood.
Minhas palavras a todos os pró-vida são: "Não desistam! Mas vocês devem se apresentar de uma forma que os trabalhadores ou advogados da causa abortista se sintam atraídos por vocês e que não se esqueçam de vocês, porque isso é o que transforma os corações".
Fonte: Zenit.
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