Os jornais, as televisões, as rádios são os confessionários dos dias de hoje. Antigamente, quem tinha um problema, sobretudo de foro mais íntimo, ia aconselhar-se com o padre, numa conversa que ficava só entre a pessoa, o padre…e Deus. Se tivesse algo de escabroso para contar, ia ao confessionário e procurava livrar-se dessa culpa, contando o seu pecado. Ou o pecado de outros.
Hoje, quem tem um problema íntimo ou algo de escabroso para contar, telefona para um jornal ou para uma televisão e tenta vender a sua história. Este recurso também é agravado pela lentidão do funcionamento dos tribunais e pela impotência que as pessoas sentem quando vêm que a sua questão nunca mais tem solução. Por isso, se a Justiça falha ou tarda (o que vem a dar no mesmo), recorre-se aos meios de comunicação social.Aqui no «barlavento», quase todas as semanas recebemos um telefonema de alguém que nos quer contar o seu caso. São histórias de maus tratos familiares, de zangas entre vizinhos, de dívidas nunca pagas, de falcatruas de que foram vítimas, de rancores que custam a passar.Na maior parte das vezes, mal as pessoas começam a contar as suas histórias, vemos logo que, dali, nunca poderemos fazer uma notícia. Ou porque de facto o que nos contam não é material noticioso – por mais importante que o caso seja para aquela pessoa – ou porque, se fizéssemos um artigo, estaríamos a invadir campos de privacidade, trilhando um caminho que não é costume no «barlavento».Há até as pessoas que nos telefonam e que dizem logo, à cabeça: «já falei com a TVI e com o Correio da Manhã e eles não estão interessados»... Muito menos estará o «barlavento», pensamos nós. Mas, quando há tempo, lá ouvimos as pessoas, às vezes durante muito e muito tempo. A nós não nos adianta nada, só nos faz perder tempo, mas a quem se queixa é como se um peso lhe saísse de cima…
Fonte: Barlavento Online.
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