Tanto na Itália quanto na Bulgária, centenas de fiéis e amigos recordaram nesses dias a rainha Giovanna da Bulgária (Joana de Saboia), nas celebrações da primeira década de sua morte, dia 26 de fevereiro.
Com uma missa solene na basílica Santa Maria ad Marthyres (Panteon de Roma), celebrada no dia 28 de fevereiro e organizada pela associação “Giovanna e Mafalda de Saboia”, centenas de fiéis recordaram a rainha. Entre os presentes estava o príncipe Maurizio d’Assia, sobrinho de Giovanna.
Após uma década de sua morte, a figura dessa rainha da dinastia dos Saboya “continua sendo muito querida no coração de muitos pelo testemunho de uma vida autenticamente cristã até o heroísmo, e rica das maiores virtudes”, segundo indicou a ZENIT o hagiógrafo, padre Riccardo Petroni. Ao celebrar a missa pela memória de Giovanna no Panteon, ele garantiu que são muitos os fiéis que pediram para iniciar o processo de beatificação.
A capacidade de perdoar os que se exilaram de seu país após queda da monarquia e a diligência com que agiu para impedir que os judeus da Bulgária fossem conduzidos ao campo de concentração são alguns dos atos que mostraram a grandeza do coração da rainha Giovanna.
Tanto ela como seu marido, Rei Boris III, arriscaram suas vidas e sua segurança pessoal para proteger os judeus da deportação, e para dar passagem segura até lugares que não estavam ocupados pelos nazistas. “Graças a isso, nenhum judeu na Bungária foi deportado”, recorda o padre Petroni.
A princesa Giovanna nasceu em 13 de novembro de 1907 em Roma, filha de Vittorio Emanuele III da Itália e de Elena Petrovich Nigeos, princesa de Montenegro. Ela cultivava um amor pela literatura, cultura, e se preocupava pela formação humana e cristã.
A educação que sua mãe lhe deu a levou a nunca se separar de sua formação intelectual da caridade, entendida como um sentimento de amor e partilha com o próximo. Viver o amor de Deus e envolver outras pessoas.
“A liberdade deriva da moral cristã, vive de generosidade e perdão”, dizia a rainha.
Da mão de São Francisco
A rainha Giovanna tinha uma profunda devoção para São Francisco de Assis, tanto que se fez terciária franciscana, quis que seu casamento fosse realizado na terra natal do santo, e seu corpo está enterrado lá.
Por que a devoção de uma rainha ao simples santo de Assis? Porque quando tinha 16 anos, tanto ela como sua irmã Mafalda (que posteriormente foi assassinada no campo de concentração de Buchenwald), contraíram um grave tipo de tifo.
Dois monges da Ordem de Santa Clara as assistiram, e ao ver sua reverência e cuidado, elas ficaram muito impressionadas com a espiritualidade franciscana. Os médicos disseram que não havia nada para fazer, e ela prometeu que se fosse curada seria devota de São Francisco e seu casamento seria celebrado em Assis.
Tanto ela como sua irmã se recuperaram. No ano seguinte ambas peregrinaram até Assis para agradecer ao santo pela sua intercessão.
Amiga do “Papa bom”
Giovanna e seu marido, Rei Boris III da Bulgária, com quem se casou em 1930, tiveram uma grande amizade com Dom Angelo Giuseppe Roncalli, quando este era núncio apostólico na Bulgária, entre 1925 e 1934, e que logo passou a ser o Papa João XXIII.
A rainha da Bulgária lhe disse: “meu marido e eu vamos ao Vaticano para prestar homenagem quando o senhor for Papa”. E o Dom Roncalli respondeu: “pobres mulheres quando se enganam”.
Dez dias depois da eleição do Papa João XXIII, Giovanna lhe visitou no Vaticano. “Aqui o meu desejo se torna realidade, dia 3 de janeiro de 1935”, disse. “Desde então, junto com meu marido, como havia prometido, aqui estou, lamentavelmente sem meu Boris (que já havia morrido), mas com todos meus votos e de meus filhos Maria Luisa e Simeão”.
Reconhecimento na vida
Além do amor do povo por rainha Giovanna, tanto ela como seu marido receberam alguns reconhecimentos importantes em âmbito mundial. A Câmara de Representantes dos Estados Unidos lhes outorgou o título de “salvadores dos júdeus búlgaros”.
O prêmio foi recebido no dia 12 de maio de 1994, pelo seu filho Simeão II, ex-primeiro-ministro da Bulgária. O judaísmo mundial e a fundação nacional judia ainda lhes concederam a Legião de Honra, também recebida por Simeão II.
Em 1993, completaram 50 anos da morte do rei Boris, que faleceu em plena Segunda Guerra Mundial. Alguns historiadores afirmam que foi envenenado pelas forças soviéticas. Na celebração do cinquentenário da morte do marido, Giovanna visitou a Bulgária pela primeira vez desde o exílio. Sua filha Maria Luisa narrou depois dessa viagem: “Temos uma cadeira de rodas mas não a utilizamos porque minha mãe encontrou uma incrível força. O povo foi tão acolhedor que nem mesmo ela poderia imaginar”.
“A nova ideologia imposta às novas gerações”, continua Maria Luisa, “falhou ao remover a antiga cultura, as aspirações nacionais sadias, os velhos sentimentos que despertaram os poetas e escritores da Bulgária livre. E para o povo, ela continuava sendo a mãe da Bulgária”.
Fonte: Zenit.
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