terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Por que cresce o ateísmo?



Apesar de já ter lido muito, e de ter vasculhado inúmeras obras escritas por ateus militantes, em suas fileiras não me lembro de ter encontrado um autor humilde, desconfiado de suas luzes. Vi muita convicção, às vezes beirando à arrogância, e uma disposição leniente para se abrir à verdade. Tais pessoas abertas à verdade certamente existem, mas até o momento estão fora do meu horizonte de conhecimento. Com certeza, não será o Saramago... Certa feita me doaram – com a maior boa fé – um livro sobre Jesus Cristo. Quando me dei ao trabalho de ler o calhamaço (eram mais de 700 páginas), descobri que se tratava de escritor (?) francês, em aberta diatribe contra a pessoa de Jesus. Confesso que os argumentos que o tal filho de Deus apresentou contra o Salvador, eram fraquíssimos. Verdadeira construção sem armação. O argumento mais forte que ele sacou contra Jesus, foi o de afirmar que a obra de Cristo era bonita demais para ser verdadeira. Como se perdoar aos inimigos e fazer o bem ao semelhante fosse assim tão fácil.
Quero relatar aos meus amigos, um fato simples, mas sintomático. Mostra a militância pouco inteligente, e ao mesmo tempo devastadora, que se levanta contra a fé do nosso povo, sobre a existência de um Ser Supremo. Origem dessa pertinaz campanha? O homem moderno considera a Deus como um rival, e não como um amigo, um estimulador de grandes iniciativas. A descoberta da subjetividade nos tempos modernos, coloca um falso dilema: ou eu, ou Deus. Se dou espaço à divindade, a minha autoestima está destruída. É o equívoco máximo.
Um adolescente de rua, ao passar em frente à catedral de Uberaba, reconhecendo-me, veio correndo ao meu encontro, e com ar de grande esperteza perguntou-me: “sr. Bispo, quem é que criou a Deus”? Respondi-lhe que Deus não pode ser criado por ninguém. Se fosse, esse outro que o tivesse feito, seria o verdadeiro Deus. O jovem ficou surpreso com a minha resposta. Na verdade, repugna à mente humana, repetir o mesmo esquema ao infinito: um Deus que tivesse sido criado por outro, e este por sua vez teria sido criado por mais um outro, e assim sucessivamente até o infinito. Precisamos reconhecer que algo não teve começo, mas sempre existiu, porque um ser só pode agir depois de já ter existência. A matéria é impossível de ser eterna, porque o universo só pode ter começado de 14 bilhões de anos para cá. O Ser Supremo é o único que pode ter existido sempre, porque Ele vive (é) fora do tempo. Ele é um perpétuo agora. É o único Ser necessário. Os outros podem existir ou não. O tempo só começou com a criação. Hoje se apresenta como tese do aparecimento do universo a “grande explosão” (big bang), da qual se teriam originado todas as realidades do cosmos. Nós podemos aceitar essa explicação evolucionista, contanto que deixemos espaço para a iniciativa poderosa do Criador. A nossa fé aceita a Escritura quando diz: “O Senhor é o formador de todas as coisas” (Jer 10, 16).


Fonte: Dom Aloísio Roque Oppermann.

2 comentários:

  1. Nunca viu um ateu humilde? E quem é humilde? O Papa, que se cobre de ouro e aparece na sacada de um palácio feito de mármore pedindo ao mundo que ajude a África?

    Olhe para as suas roupas e seu anel, meu caro padre, você é um péssimo exemplo de humildade para o ser humano.

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  2. Eu acho engraçado a idéia que os crentes tem sobre humildade. O ateu não é humilde porque não aceita que deus pode existir, mas o crente é humilde, mesmo não aceitando que deus pode não existir.

    Não conheço nenhum crente, seja da religião que for, que 'desconfie de suas luzes'. Porque o julgamente deve ser feito somente de um lado?

    Não julgue alguem, principalmente quando o julgamento pode virar contra você.

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