Um editorial do jornal vaticano, L'Osservatore Romano, questiona o motivo pelo qual a imprensa laica ignorou o dossiê da Agência Fides, que documentou, nos dias passados, o assassinato de 37 missionários em 2009.
"Um número assim tão alto jamais foi alcançado nos últimos dez anos, e a cifra não é definitiva, porque provavelmente outras mortes não tiveram repercussão" – escreve hoje L'Osservatore Romano, para o qual esta notícia não foi dada com relevo porque contradiz a imagem da Igreja dominante na mídia, ou seja, "de uma estrutura rica e potente, que quer impor suas leis também a quem não se sente parte do mundo católico, uma oligarquia que é incapaz de entender como o mundo mudou".
Uma instituição, portanto, antiga e rígida, e não composta por mulheres e homens seriamente engajados em uma missão difícil e muitas vezes perigosa, "tanto é verdade que perdem a vida por causa desta escolha de caridade corajosa" – lê-se no editorial assinado pela professora Lucetta Scaraffia, docente de História Contemporânea da Universidade La Sapienza, de Roma.
''Sem armas, e frequentemente com pouquíssimos meios, os missionários mártires testemunham que outro mundo é possível, um mundo de solidariedade e verdade, de amor gratuito. E isso já é suficiente para torná-los um alvo mortal" – destaca L'Osservatore, citando as histórias dos sacerdotes mortos durante assaltos, porque moram e atuam em regiões violentas, sem proteção. "Locais – conclui – pouco visitados e que poderiam ser definidos abandonados por Deus, mas que os missionários estão presentes para provar que Deus jamais abandona alguém. Esta é a verdadeira Igreja, aquela que não faz notícia."
Fonte: Rádio9 Vaticano
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