A preparação do Sínodo dos Bispos do Oriente Médio, que acontecerá de 10 a 24 de outubro em Roma, está permitindo que a Igreja realize a maior sondagem de caráter sócio-religioso nesta região.
A secretaria geral do Sínodo dos Bispos enviou a todas as dioceses desta área as Lineamenta (Orientações), redigidas pelos membros do Conselho Pré-Sinodal (8 patriarcas, 4 membros da Cúria Romana, assim como os presidentes das conferências episcopais da Turquia e do Irã) para especificar os temas de constituirão esta cúpula episcopal presidida por Bento XVI.
Junto aos temas, que giram em torno de “A Igreja Católica no Oriente Médio: comunhão e testemunho. ‘A multidão dos que haviam acreditado era um só coração e uma só alma’ (Atos 4, 32)”, apresentam-se, como em toda sondagem, perguntas concretas, cujas respostas servirão para redigir o Instrumentum laboris (Documento de trabalho) que marcará a agenda do sínodo.
Ao contrário de uma sondagem clássica, as perguntas enviadas – em 4 idiomas (árabe, francês, inglês e italiano) – pelo organismo que prepara o sínodo, não sugere as respostas.
Por exemplo, o capítulo dedicado à “Igreja Católica no Oriente Médio”, que acontece em um ambiente de maioria muçulmana, apresenta, entre outras, estas perguntas: “Como fazer crescer o respeito pela liberdade de religião e a liberdade de consciência?”.
O documento apresenta um dos desafios mais graves que os católicos têm através desta pergunta: “O que pode ser feito para deter ou diminuir a emigração dos cristãos do Oriente Médio?”.
Após a análise da difícil realidade política do Oriente Médio, o documento pergunta: “Nossas igrejas se preocupam por formar responsáveis cristãos, para que possam contribuir na vida social e política dos nossos países? O que eles poderiam fazer?”.
O capítulo “A comunhão eclesial” também apresenta perguntas precisas, como, por exemplo: “A atitude dos homens de Igreja diante do dinheiro apresenta problemas?”.
A parte dedicada ao “Testemunho cristão” faz perguntas básicas, mas decisivas para o futuro da Igreja no Oriente Médio, como: “A catequese prepara nossos jovens para compreender e viver a fé?”, “Você acha que a liturgia deveria ser reformulada?”.
Em um sínodo sobre o Oriente Médio, não poderiam ficar de fora as perguntas sobre a relação com o Islã e com o judaísmo, que as Lineamenta apresentam desta forma: “Como interpretar a relação com o judaísmo como religião e como promover a paz e o final do conflito político?”, “Quais são os âmbitos nos quais pode acontecer a colaboração com os muçulmanos?”.
A conclusão do documento se faz porta-voz dos temores de muitos católicos nesta região do planeta: “Por que temos medo do futuro?”. O documento, de fato, reconhece que, entre a minoria cristã, “nossas atitudes vão do medo ao desânimo, inclusive entre alguns pastores”.
Mas o sínodo procura dar uma esperança aos discípulos de Cristo em sua terra, motivo pelo qual lhes pergunta: “Como encarnamos nossa fé na política, na sociedade?”, “Cremos que temos uma vocação específica no Oriente Médio?”.
Ainda que os primeiros e autorizados destinatários dos Lineamenta sejam, obviamente, os bispos e suas conferências episcopais, no entanto, estes têm plena liberdade para ampliar sua base de consulta.Depois de terem reunido e resumido sugestões, reações e respostas aos vários aspectos dos Lineamenta, os bispos prepararão um informe que será enviado à Secretaria Geral do Sínodo, para que possa ser redigido o Documento de Trabalho.
Fonte: Zenit.
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