segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Homenagem de um candidato ao Nobel da Paz, judeu, a João XXIII



Entre os primeiros candidatos ao prêmio Nobel da Paz, atribuído este ano ao presidente Barak Obama, encontrava-se Baruj Tenembaum, criador da Fundação Internacional Raoul Wallenberg.
ZENIT perguntou a Tenembaum, judeu de origem argentina, pioneiro do diálogo inter-religioso deste os tempos de Paulo VI, por que, segundo ele, tanto interesse por sua figura e obra.
“Quem sou eu?”, pergunta-se com simplicidade Tenembaum. “Não me referirei concretamente ao sucedido pois não me considero tão importante”.
“Concretamente, sou descendente de escravos, daqueles judeus que trabalharam no Egito sob o jugo dos faraós, e que foram libertados por Moisés.”
“Sou tão judeu como os que foram expulsos de Jerusalém quando se destruiu o Primeiro Templo, e logo o Segundo”, segue explicando.
“Tão judeu como meus irmãos que foram expulsos de Portugal e da Espanha”, “como os que foram perseguidos na Europa”, “como aqueles seis milhões aniquilados pelos Hitlers, no plural”.
“Sou um simples filho de colonos que dedica sua vida a agradecer aqueles seres humanos que salvaram vidas, que se arriscaram. Os Wallenberg, Souza Dantas, Sousa Mendes, mais de 20.000 gentios, não judeus, a quem devemos gratidão, recordação, a educação a nossos descendentes.”
Deste modo, confessa, pôde descobrir nos arquivos o alcance da figura de Angelo Roncalli (João XXIII), que durante a Segunda Guerra Mundial, sendo representante diplomático de Pio XII em vários países, realizou uma corajosa obra de ajuda a judeus perseguidos.
“Não podemos deixar de nos emocionar com lágrimas que escapam dos olhos quando nos inteiramos das ações que esse filho do povo italiano, simples, humilde, grande, executou em circunstâncias totalmente adversas para salvar, por exemplo, crianças expostas à sombra do inferno; rompendo, destruindo preconceitos, indo além do que supõem ou indicam as regras.”
“A cada momento imaginamos Roncalli rezando, também na presença de terceiros, pedindo a seu chofer que se detenha em frente à sinagoga de Roma para rezar ‘por meus irmãos judeus’”, explica Tenembaum.
“Ou quando recebeu no Vaticano um delegação de judeus, levantou seus braços e exclamou desde a cadeira papal, citando a Bíblia: ‘Sou José, vosso irmão’”.
“Então, novamente: quem sou eu? O que sobrevive, o que fica; o importante, o nobre é destacar o que ‘sobre-vive’, por exemplo: Angelo Roncalli”.


Fonte: Zenit.

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