Cidade do Vaticano - Comemora-se no próximo dia 6 o “Dia de Reis”, isto é, a festa dos Reis Magos. Dentro de nossa liturgia, essa comemoração está intrinsecamente unida à Epifania, ou seja à manifestação de Deus, já que o mistério renovado é a manifestação de Jesus Cristo a todos os povos. Contudo, para facilitar a celebração de mistério tão importante, passou-se sua liturgia para o domingo logo após à solenidade de Maria, Mãe de Deus. Todavia, nosso calendário popular continua assinalando o dia 6 de janeiro como o Dia de Reis.
Mas, quem são os Reis Magos? Vamos procurar responder a essa pergunta estudando os Evangelhos e pesquisando em inúmeros documentos.
Em primeiro lugar, o relato de São Mateus não é uma reconstituição histórica do que de fato aconteceu, pelo menos não foi essa sua intenção. O Evangelista e sua comunidade original quiseram mostrar que o Messias não veio para salvar uma pátria, mas todo o mundo. Mateus escreve para os judeus cristianizados, quer mostrar que Jesus é o descendente de Davi e que sua missão é oferecida aos pagãos.
Não parece verdadeiro que toda Jerusalém tenha ficado alarmada e nem que Herodes tenha convocado todos os sumo sacerdotes e nem que tenha permitido aos magos prosseguirem em seu caminho. Também não deve ser verdadeiro que a estrela tenha seguido um curso contrário às leis naturais. Não se deve buscar uma explicação segundo as leis da astronomia.
Quanto aos “Reis Magos”, o texto evangélico não fala em três, mas em “magos do Oriente”.
No século III, Orígenes fala em três, provavelmente por causa dos três presentes: “ouro, incenso e mirra”. Já São João Crisóstomo, no século IV, fala em 12. Em algumas catacumbas encontramos o números 2 e 4.
Os nomes usuais Melchior, Gaspar e Baltasar aparecem em um manuscrito do século V.
Segundo Heródoto, os “magos” eram uma tribo dos medos, que se transformou numa casta de sacerdotes entre os persas e que praticavam a adivinhação, a medicina e a astrologia.
Provavelmente Mateus pensa em astrólogos oriundos da Babilônia. Para os judeus, “Oriente” era toda a terra que se estendia além do Jordão. Devido aos presentes oferecidos ao Menino, a tradição cristã considerou os magos oriundos da Arábia, o país do incenso. Já em Is 60,6 vemos
que a estrela-guia, na época de Mateus essa idéia não causaria estranheza alguma. Flávio Josefo, um grande historiador judeu, relata histórias semelhantes de estrelas que surgiam quando nascia pessoa destinada a uma grande missão. Por isso, a reação de Herodes, e muito provável.
Mas essa história da estrela já surgiu em Nm 24, 17.19, mil e duzentos anos antes do nascimento de Jesus: “Eu o vejo, mas não é um acontecimento que acontecerá dentro de pouco tempo; sinto-o, mas não está perto: uma estrela desponta da estirpe de Jacó, um reino, surgido de Israel, se levanta... Um rebento de Jacó dominará sobre seus inimigos”.
E agora, em que vamos acreditar?
O relato de Mateus deve ser compreendido à luz da intenção teológica do evangelista, o qual não pretendeu escrever um relato histórico, mas mostrar o significado salvífico do nascimento de Jesus: ele veio para todos os homens, como a luz. Ao ser acendida, ilumina a todos, indistintamente.
Fonte: Rádio Vaticano
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