O início de ano não foi nem um pouco pacífico para os cristãos coptas ortodoxos do Egito. Seis adolescentes foram assassinados na saída da Missa do Galo de 7 de janeiro, dia do Natal segundo o calendário copta.
Um guarda muçulmano também foi assassinado e nove pessoas feridas por atiradores que dispararam de um carro que estava em frente à igreja da Virgem Maria, na cidade de Naq Hamadi, informou a Associated Press no dia 7 de janeiro.
Após os assassinatos houve confronto entre a polícia e a multidão de manifestantes coptas. Em 13 de janeiro houve mais protestos, quando cerca de dois mil cristãos coptas se reuniram fora da Catedral de Abbasiya, a maior igreja do Egito, informava no mesmo dia a Reuters.
Segundo a reportagem, três suspeitos foram detidos depois do tiroteio. As forças de segurança detiveram 16 outros muçulmanos e 13 cristãos após os protestos de Naq Hamadi.
Em uma informação de 9 de janeiro, o arcebispo Youhannes Zakaria, bispo católico copta de Luxor, declarou à agência de notícias Fides que a situação de segurança havia melhorado, mas pedia orações dos cristãos de todo mundo.
“Houve também um encontro positivo entre líderes religiosos cristãos e muçulmanos que reafirmaram seu compromisso universal pela paz e pela reconciliação”, contava à Fides.
O arcebispo Zakaria explicou que normalmente, nas aldeias, os cristãos e os muçulmanos vivem juntos pacificamente, mas existe uma minoria extremista que está tentando prejudicar a coexistência.
Restrições
Os cristãos somam 10% da população de 78 milhões predominantemente muçulmana do Egito. Eles enfrentam dificuldades para poder praticar livremente sua fé.
Uma questão espinhosa são as conversões. Em 10 de dezembro, a Reuters publicava o caso de Ayman Raafa, um egípcio que nasceu cristão, mas quando tinha nove meses automaticamente se fez muçulmano quando seu pai se converteu ao Islã.
Agora, com 23 anos, Raafa apresentou uma batalha legal para obter reconhecimento do Estado como cristão. Ele faz parte do grupo de 40 homens que criaram uma ação judicial para que seu documento de identidade possa mostrar que eles são cristãos.
Reuters citou seu advogado, Peter El-Naggar, que declarava que os filhos dos convertidos do Islamismo normalmente não conseguem um novo documento de identidade que conste que são cristãos. Pelo contrário, afirmou, se alguém se converte ao Islã, sua identidade é alterada no prazo de 24 horas.
A liberdade de expressão é outro problema. No último 8 de novembro, Compass Direct News informava da situação de um blogueiro cristão copta do Egito que estava preso sem acusações, por mais de um ano.
Hani Nazeer, um assistente social de um institulo de Qena, Egito, é autor do blog “Karz El Hob”. Teve problemas com as autoridades quando alguns adolescentes visitaram seu blog e colocaram um link que que conduz a uma cópia de “A Cabra de Azazil em Meca”, um romance escrito sob o pseudônimo de Padre Utah. Segundo Compass News Direct, o livro é uma resposta a “Azazil” um romance de Yusuf Zidane, crítico com o cristianismo.
Em nome de Alá
Outro país onde os cristãos sofrem pressões por parte do Islã é a Malásia. Pouco depois do Natal, surgiram tensões pela utilização da palavra “Alá” nos textos cristãos para se referir a Deus.
Esse tema é ponto de conflito há muito tempo, como explicava em 17 de dezembro uma reportagem de Austrália Network News.
Em 2007, a Igreja Católica levantou um processo jurídico em nome de Catholic Herald, uma publicação semanal distribuída entre os 850 mil católicos da Malásia. Isso ocorreu pela postura do governo da Malásia, de que a palavra que usavam era exclusiva da parte dos muçulmanos.
O caso chegou às manchetes quando, com o ano novo, o Supremo Tribunal da Malásia decidiu que deveria permitir aos católicos usar o termo Alá. O veredito mantém o direito constitucional do semanário Herald da Igreja a se referir a Jesus Cristo como filho de Alá, informava o Wall Street Journal em 4 de janeiro.
O artigo também comentava que a palavra Alá é usada pelos cristãos da Malásia por séculos. Isso é comum para os cristãos nos países de idioma árabe.
O Pe. Lawrence Andrew, redator de Herald, afirmava, segundo o Wall Street Journal, que na Malásia não tem outro termo para Deus.
A matéria dizia que o Pe. Andrew havia sido advertido de uma campanha de intimidação que incluía ataques de hackers contra a página da web do semanário.
“Acreditamos que estas ações são pensadas para criar um clima de medo e que se apresente como uma ameaça à segurança nacional de maneira que se pressione o Tribunal, para que altere a sentença”, afirmava em uma declaração.
Igrejas atacadas
Nos dias sucessivos à decisão do Tribunal houve os ataques contra as igrejas cristãs na Malásia. Em 7 de janeiro a Associated Press informava que uma igreja protestante em um subúrbio da capital Kuala Lumpur fora destruída pelo fogo.
Uma matéria do mesmo dia da Reuters informava que outras duas igrejas foram atacadas. Foram lançadas bombas no complexo da igreja católica de Asunção e na igreja protestante Capela da Vida, no distrito da periferia de Petaling Jay.
Esses ataques continuaram, só que dessa vez em um colégio de monjas e uma igreja anglicana na cidade de Taiping, informava Washington Post em 9 de janeiro.
“Estamos alarmados com o aumento da violência e pedimos às autoridades que tomem providências”, dizia para Reuters o reverendo Hermen Shastri, secretário geral do Conselho das Igrejas da Malásia.
Pouco depois foram lançadas mais bombas em três igrejas, segundo uma reportagem de Associated Press de 10 de janeiro.
“Os cristãos rezam e não estão respondendo às provocações”, declarava para a Fides o arcebispo de Kuala Lumpur, a 9 de janeiro. O acerbispo Murphy Pakiam dizia: “Queremos ser uma comunidade que vive em diálogo e estender a paz pela nação”.
A 11 de janeiro, Fides informava sobre as declarações da Conferência Episcopal da Malásia: “devemos atuar em harmonia e buscar a cooperação necessária do governo e das altas autoridades religiosas para restaurar um ambiente pacífico para a sociedade da Malásia”.
Apesar de tudo, os ataques continuaram. Em 14 de janeiro, Associated Press informava que um grupo de vândalos havia pintado de vermelho a Igreja de Santa Isabel, no sul do Estado de Johor. Era a décima igreja atacada ou danificada na onda de violência depois da decisão do Tribunal. Além disso, alguns ladrões atacaram os escritórios de advogados que defendem os cristãos em sua luta pelo uso do termo Alá.
Não à violência
Em sua mensagem do Angelus de 10 de janeiro, Bento XVI condenava o uso da violência. Não mencionou nenhum país, mas demonstrou estar preocupado pela violência contra os imigrantes em outros países.
Alguns dias antes se registraram violentas manifestações entre os habitantes locais e os imigrantes africanos na cidade italiana de Rosamo, Calábria, ao sul da Itália.
“A violência não deve ser nunca, para nada, a maneira de resolver as dificuldades”, insistia o pontífice.
"O problema é essencialmente humano. Convido a contemplar o rosto do outro e descobrir que tem uma alma, uma história e uma vida: é uma pessoa e Deus o ama como me ama", concluiu o Papa. Palavras que passam despercebidas em muitos países.
Um guarda muçulmano também foi assassinado e nove pessoas feridas por atiradores que dispararam de um carro que estava em frente à igreja da Virgem Maria, na cidade de Naq Hamadi, informou a Associated Press no dia 7 de janeiro.
Após os assassinatos houve confronto entre a polícia e a multidão de manifestantes coptas. Em 13 de janeiro houve mais protestos, quando cerca de dois mil cristãos coptas se reuniram fora da Catedral de Abbasiya, a maior igreja do Egito, informava no mesmo dia a Reuters.
Segundo a reportagem, três suspeitos foram detidos depois do tiroteio. As forças de segurança detiveram 16 outros muçulmanos e 13 cristãos após os protestos de Naq Hamadi.
Em uma informação de 9 de janeiro, o arcebispo Youhannes Zakaria, bispo católico copta de Luxor, declarou à agência de notícias Fides que a situação de segurança havia melhorado, mas pedia orações dos cristãos de todo mundo.
“Houve também um encontro positivo entre líderes religiosos cristãos e muçulmanos que reafirmaram seu compromisso universal pela paz e pela reconciliação”, contava à Fides.
O arcebispo Zakaria explicou que normalmente, nas aldeias, os cristãos e os muçulmanos vivem juntos pacificamente, mas existe uma minoria extremista que está tentando prejudicar a coexistência.
Restrições
Os cristãos somam 10% da população de 78 milhões predominantemente muçulmana do Egito. Eles enfrentam dificuldades para poder praticar livremente sua fé.
Uma questão espinhosa são as conversões. Em 10 de dezembro, a Reuters publicava o caso de Ayman Raafa, um egípcio que nasceu cristão, mas quando tinha nove meses automaticamente se fez muçulmano quando seu pai se converteu ao Islã.
Agora, com 23 anos, Raafa apresentou uma batalha legal para obter reconhecimento do Estado como cristão. Ele faz parte do grupo de 40 homens que criaram uma ação judicial para que seu documento de identidade possa mostrar que eles são cristãos.
Reuters citou seu advogado, Peter El-Naggar, que declarava que os filhos dos convertidos do Islamismo normalmente não conseguem um novo documento de identidade que conste que são cristãos. Pelo contrário, afirmou, se alguém se converte ao Islã, sua identidade é alterada no prazo de 24 horas.
A liberdade de expressão é outro problema. No último 8 de novembro, Compass Direct News informava da situação de um blogueiro cristão copta do Egito que estava preso sem acusações, por mais de um ano.
Hani Nazeer, um assistente social de um institulo de Qena, Egito, é autor do blog “Karz El Hob”. Teve problemas com as autoridades quando alguns adolescentes visitaram seu blog e colocaram um link que que conduz a uma cópia de “A Cabra de Azazil em Meca”, um romance escrito sob o pseudônimo de Padre Utah. Segundo Compass News Direct, o livro é uma resposta a “Azazil” um romance de Yusuf Zidane, crítico com o cristianismo.
Em nome de Alá
Outro país onde os cristãos sofrem pressões por parte do Islã é a Malásia. Pouco depois do Natal, surgiram tensões pela utilização da palavra “Alá” nos textos cristãos para se referir a Deus.
Esse tema é ponto de conflito há muito tempo, como explicava em 17 de dezembro uma reportagem de Austrália Network News.
Em 2007, a Igreja Católica levantou um processo jurídico em nome de Catholic Herald, uma publicação semanal distribuída entre os 850 mil católicos da Malásia. Isso ocorreu pela postura do governo da Malásia, de que a palavra que usavam era exclusiva da parte dos muçulmanos.
O caso chegou às manchetes quando, com o ano novo, o Supremo Tribunal da Malásia decidiu que deveria permitir aos católicos usar o termo Alá. O veredito mantém o direito constitucional do semanário Herald da Igreja a se referir a Jesus Cristo como filho de Alá, informava o Wall Street Journal em 4 de janeiro.
O artigo também comentava que a palavra Alá é usada pelos cristãos da Malásia por séculos. Isso é comum para os cristãos nos países de idioma árabe.
O Pe. Lawrence Andrew, redator de Herald, afirmava, segundo o Wall Street Journal, que na Malásia não tem outro termo para Deus.
A matéria dizia que o Pe. Andrew havia sido advertido de uma campanha de intimidação que incluía ataques de hackers contra a página da web do semanário.
“Acreditamos que estas ações são pensadas para criar um clima de medo e que se apresente como uma ameaça à segurança nacional de maneira que se pressione o Tribunal, para que altere a sentença”, afirmava em uma declaração.
Igrejas atacadas
Nos dias sucessivos à decisão do Tribunal houve os ataques contra as igrejas cristãs na Malásia. Em 7 de janeiro a Associated Press informava que uma igreja protestante em um subúrbio da capital Kuala Lumpur fora destruída pelo fogo.
Uma matéria do mesmo dia da Reuters informava que outras duas igrejas foram atacadas. Foram lançadas bombas no complexo da igreja católica de Asunção e na igreja protestante Capela da Vida, no distrito da periferia de Petaling Jay.
Esses ataques continuaram, só que dessa vez em um colégio de monjas e uma igreja anglicana na cidade de Taiping, informava Washington Post em 9 de janeiro.
“Estamos alarmados com o aumento da violência e pedimos às autoridades que tomem providências”, dizia para Reuters o reverendo Hermen Shastri, secretário geral do Conselho das Igrejas da Malásia.
Pouco depois foram lançadas mais bombas em três igrejas, segundo uma reportagem de Associated Press de 10 de janeiro.
“Os cristãos rezam e não estão respondendo às provocações”, declarava para a Fides o arcebispo de Kuala Lumpur, a 9 de janeiro. O acerbispo Murphy Pakiam dizia: “Queremos ser uma comunidade que vive em diálogo e estender a paz pela nação”.
A 11 de janeiro, Fides informava sobre as declarações da Conferência Episcopal da Malásia: “devemos atuar em harmonia e buscar a cooperação necessária do governo e das altas autoridades religiosas para restaurar um ambiente pacífico para a sociedade da Malásia”.
Apesar de tudo, os ataques continuaram. Em 14 de janeiro, Associated Press informava que um grupo de vândalos havia pintado de vermelho a Igreja de Santa Isabel, no sul do Estado de Johor. Era a décima igreja atacada ou danificada na onda de violência depois da decisão do Tribunal. Além disso, alguns ladrões atacaram os escritórios de advogados que defendem os cristãos em sua luta pelo uso do termo Alá.
Não à violência
Em sua mensagem do Angelus de 10 de janeiro, Bento XVI condenava o uso da violência. Não mencionou nenhum país, mas demonstrou estar preocupado pela violência contra os imigrantes em outros países.
Alguns dias antes se registraram violentas manifestações entre os habitantes locais e os imigrantes africanos na cidade italiana de Rosamo, Calábria, ao sul da Itália.
“A violência não deve ser nunca, para nada, a maneira de resolver as dificuldades”, insistia o pontífice.
"O problema é essencialmente humano. Convido a contemplar o rosto do outro e descobrir que tem uma alma, uma história e uma vida: é uma pessoa e Deus o ama como me ama", concluiu o Papa. Palavras que passam despercebidas em muitos países.
Fonte: Zenit.
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