O Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-Religioso convida os muçulmanos a vencerem juntos a violência entre pessoas de confissões diferentes, na tradicional mensagem por ocasião do final do Ramadã, divulgada hoje.
O tema da mensagem deste ano, "Cristãos e muçulmanos: juntos para vencer a violência interconfessional", é, infelizmente, atual, pelo menos em algumas regiões do mundo, segundo destaca a Santa Sé.
Este é o mesmo tema de estudo e reflexão escolhido pelo Comitê Misto para o Diálogo do Conselho Pontifício e do Comitê Permanente de al-Azhar para o Diálogo entre as Religiões Monoteístas, por ocasião da sua última reunião anual, realizada no Cairo nos dias 23 e 24 de fevereiro.
E precisamente o presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-Religioso, cardeal Jean-Louis Tauran, que assina a mensagem, destaca algumas das conclusões deste encontro ao felicitar os muçulmanos a Id al-Fitr, a festa com a que concluem o mês de jejum.
"Entre as causas da violência entre fiéis de diferentes religiões, podemos destacar a manipulação da religião para fins políticos ou de outro tipo, a discriminação baseada na etnia ou na identidade religiosa, as divisões e as tensões sociais", indica a mensagem, recordando as conclusões.
E adverte, recolhendo o conteúdo do mesmo documento: "A ignorância, a pobreza, o subdesenvolvimento, a injustiça também são fontes diretas ou indiretas de violência, não somente entre comunidades religiosas, mas também em seu interior".
Tornando-se eco do desejo do comitê misto, deseja "que as autoridades civis e religiosas deem sua contribuição para remediar tais situações em vista do bem comum de toda a sociedade" e que "as autoridades civis possam fazer valer a superioridade do direito, assegurando uma verdadeira justiça para deter os autores e os promotores da violência".
A seguir, a mensagem recorda algumas "importantes recomendações" que figuram nesse texto de conclusões daquela histórica reunião.
Em primeiro lugar, destaca a conveniência de "abrir os nossos corações ao perdão recíproco e à reconciliação para uma convivência pacífica e frutífera".
Também aconselha "reconhecer o que temos em comum e o que nos diferencia, como base de uma cultura de diálogo" e "reconhecer e respeitar a dignidade e os direitos de todo o ser humano, sem nenhuma distinção baseada em seu pertencimento étnico ou religioso".
Indica a necessidade de "promulgar leis que garantam a igualdade fundamental entre todos", assim como a "importância da formação no respeito, no diálogo e na fraternidade, nos diversos espaços educativos: casa, escola, igrejas e mesquitas".
"Assim, poderemos combater a violência entre fiéis de diferentes religiões e promover a paz e a harmonia entre as diferentes comunidades religiosas", afirma.
"O ensino dos líderes religiosos, mas também os manuais escolares que têm a preocupação de apresentar as religiões de maneira objetiva, revestem, como o ensino em geral, uma importância decisiva na educação e na formação das jovens gerações", constata.
O presidente do dicastério para o diálogo inter-religioso aproveita o final do Ramadã para transmitir aos muçulmanos seus "desejos amistosos de serenidade e de alegria" e confia que sua mensagem seja "uma contribuição positiva para as vossas reflexões".
O cardeal Tauran conclui desejando "que estas considerações, assim como as reações que suscitem entre vós e com vossos amigos cristãos, possam contribuir para a continuação de um diálogo cada vez mais respeitoso e sereno, sobre o qual invoco as bênçãos de Deus".
Fonte: Zenit.
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