quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Refugiados: Santa Sé exige novas estratégias

O observador permanente da Santa Sé junto às Nações Unidas em Genebra, Dom Silvano Tomasi, pediu “novas estratégias” e “novas políticas” para a defesa dos refugiados.

Em uma intervenção pronunciada em 4 de outubro, em Genebra, por ocasião da 62ª sessão do Comitê Executivo da Agência das Nações Unidas para o Refugiado (ACNUR), lamentou as condições com as que se acolhem alguns refugiados.

De maneira particular, referiu-se ao problema do acolhimento dos menores, que convidou a tratar “como crianças”.

Avaliou o “efeito civilizador” da Convenção sobre o Estatuto dos Refugiados, que entrou em vigor em 1951, com o objetivo de “garantir aos refugiados o exercício mais amplo possível dos seus direitos e liberdades fundamentais”.

Dom Tomasi lamentou que, “em muitas regiões do mundo, milhões de refugiados ainda não estejam em condições de desfrutar destes direitos”.

Em sua intervenção, Dom Tomasi denunciou firmemente as condições de acolhimento, que comparou com as do sistema penitenciário.

“Estas pessoas que buscam a proteção ou maneiras para tentar sobreviver são literalmente fechadas e vigiladas como se fossem presos criminais e inclusive as crianças são submetidas às mesmas condições”, disse.

“O ambiente parecido ao das prisões, que existe em muitos destes centros, o isolamento do 'mundo exterior', o fluxo incompreensível de informações e a destruição de um projeto de vida afetam a saúde mental e física dos que pedem asilo e causam estresse psicológico, depressão, insegurança, diminuição do apetite e insônia em diversos graus”, explicou.

“É, portanto, urgente desenvolver e promover alternativas”, afirmou. Entre as propostas da Santa Sé, encontram-se “programas comunitários, introduzir mecanismos de controle e de informação, formar grupos de apoio e acrescentar centros de visitas aos projetos de casas abertas para que pelo menos as famílias com filhos possam residir em um ambiente de vida seguro”.

Dom Tomasi também se referiu ao problema dos menores não acompanhados que, em milhares, “viajam à Europa, desafiando o sistema de proteção dos países que atravessam”.

Eles “devem sobretudo ser tratados como crianças e a principal preocupação deve ser defender seu maior interesse, independentemente do motivo da sua fuga”.

“As investigações demonstraram que, como fonte de motivação e de apoio, a religião é considerada importante por estes menores que desejam a disponibilidade de conselheiros espirituais”, afirmou.

O observador permanente desejou, finalmente, “novas estratégias e novas políticas”, que permitam “compreender as causas primeiras” e “definir a gestão das fronteiras e da integração”.

“A compaixão criativa se torna possível quando tem um autêntico sentido de solidariedade e de responsabilidade com relação aos membros mais necessitados da nossa família humana”, indicou.

E concluiu: “Os refugiados não são números anônimos, mas pessoas, homens, mulheres, crianças, com suas histórias individuais, com dons a ser colocados à disposição e aspirações a satisfazer”.


Fonte: Zenit.

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